Será que nós estamos sozinhos no universo? Uma nova parceria entre o SETI e o VLA irá permitir que o programa possa realizar um escaneamento de quase todo o céu, e talvez, pela primeira vez, determinar se nós estamos ou não sozinhos no universo.
Apesar do que nós assistimos no filme Contato, o Very Large Array, o VLA, e o Search for Extraterrestrial Intelligence, o SETI, nunca trabalharam juntos antes. O novo sistema irá permitir que o SETI possa escanear 75% do céu, tudo que é visível do local onde as antenas do VLA estão instaladas, no decorrer de 5 anos.
A parte espetacular das observações é que nenhuma observação adicional, ou nenhum tempo extra de observação será gasto pelo SETI. O SETI irá usar as mesmas observações feitas pelos astrônomos rodando apenas uma rotina de processamento diferente para buscar tecnoassinaturas, ou seja, sinais de civilizações avançadas em outras estrelas.
Quando os astrônomos buscam por vidas em outras estrelas, existem muitas técnicas que eles podem usar para isso. Na busca de uma vida como conhecemos, a água líquida é quase que obrigatória existir em um determinado mundo. A água líquida, sendo uma molécula polar, permite que várias substâncias se dissolvam e se recombinem de diferentes maneiras, formando assim os blocos fundamentais para a vida. Isso significa que o planeta não pode estar muito perto da sua estrela, pois isso significaria que a água seria evaporada, e não tão longe, pois assim a água ficaria congelada. Essa zona perfeita é chamada de Zona Habitável, ou Zona dos Cachinhos Dourados.
Mas só o fato do planeta estar na Zona Habitável não significa que ele abriga vida. Depois disso, os astrônomos usam a mais poderosa ferramenta que eles têm a disposição, a luz.
Se você dividir a luz em seus vários comprimentos de onda, você verá um arco-íris de cores. Você pode também ver assinaturas de vários elementos químicos, que irão emitir ou absorver a luz em comprimentos de onda específicos. Obsevando esses comprimentos de onda, os astrônomos podem determinar quais os elementos químicos que estão presentes na atmosfera do planeta. O planeta, propriamente dito é muito apagado para ser observado diretamente, então os astrônomos olham o planeta quando ele passa na frente da estrela. Quando isso acontece, a luz da estrela é filtrada pela atmosfera do planeta, sofrendo uma pequena variação. Essa variação pode revelar do que a atmosfera do planeta é feita. Fazendo isso, os astrônomos podem encontrara vapor d’água, e outros elementos químicos, que agem como bioassinturas, ou seja, evidências da vida. Por exemplo, se eles detectam oxigênio e metano, isso pode ser um subproduto da vida.
Mas o SETI, junto com o VLA, querem ir além, eles vão procurar por tecnoassinaturas, ou seja, não só a vida existe, mas o que existe é uma civilização avançada tecnologicamente.
O que seria uma tecnoassinatura? Na Terra, os programas de rádio e TV que são transmitidos, continuam pelo espaço, igual mostra o início do filme Contato. Cada episódio da sua série favorita, flutua pelo vazio, se tornando cada vez mais fraco à medida que avança no espaço. De modo similar, qualquer transmissão feita por uma civilização extraterrestre, seja um programa de entreteneminento alienígena, ou até mesmo uma mensagem direta para nós se propaga pelo universo. E como na Terra, a poluição teria uma assinatura distinta na atmosfera planetária. Outras tecnoassinaturas, poderiam mudar as emissões térmicas ou até mesmo uma megaestrutura como a Esfera de Dyson.
Essa parceria entre o VLA e o SETI, contudo, irá procurar em ondas de rádio, qualquer coisa que seja peculiar e inesperada.
Um tipo peculiar de sinal encontrado são as chamadas Fast Radio Bursts, ou FRBs. Muitas FRBs representam uma pequena variação das ondas de rádio no espaço. Essa variação é muito poderosa, mas é muito curta, indicando que a fonte é pequena, muito menor que uma estrela. E desde que muitas FRBs só acontecem uma vez, é difícil seguir e ver qual a origem e até mesmo o que é esse sinal misterioso. No momento, esse é um dos grandes mistérios da astronomia, entender o que são as FRBs. Algumas pessoas propõem que seriam nada mais, nada menos do que sinais de uma tecnoassinatura.
Mas muitos são céticos. Se elas são tecnoassinaturas, por que elas são tão parecidas, mesmo quando acontecem em lados opostos do céu? Eles não podem estar se comunicando, esse tipo de conversa duraria milhares, ou até mesmo milhões de anos. Talvez os alienígenas sejam bem pacientes, será que não? O mais provável mesmo, com relação as FRBs é que são fenômenos naturais.
Recentemente, algumas FRBs repetidas foram encontradas. Isso significa que os astrônomos sabem onde procurar, e podem finalmente tentar determinar o que seriam esses objetos misteriosos.
No passar dos anos, muitos não têm levado o trabalho do SETI a sério. E talvez, procurar por tecnoassinaturas possa ser mais algo ligado a ficção científica do que a ciência mesmo.
Mas descobrir vida, e ainda mais descobrir uma vida que tenha alcançado um estágio avançado, poderia ser a mais importante descoberta da ciência na história da humanidade.
Mesmo que possamos encontrar uma civilização tecnológica, as chances de nos comunicarmos seriam quase que nulas. Qualquer conversação levaria séculos, milênios. Mas, o pior mesmo, será que nós entenderíamos o que eles estão dizendo? A linguagem é um produto da biologia e da cultura. Pode ser que nunca sejamos capazes de entender o que eles estão dizendo.
Mas mesmo assim, saber que não estamos sozinhos já seria algo impressionante. Nós poderíamos ter uma ideia de como outra cultura planetária, completamente diferente da nossa, se desenvolveu. Será que as suas assinaturas tecnológicas seriam similares às nossas aqui da Terra?
Nós estaríamos um passo mais perto de entender de onde a vida veio. Quais as condições são necessárias para que o primeiro raio de vida se forme? A vida é rara, ou ela pode acontecer em qualquer lugar que tenha as condições corretas?
Se nós encontrarmos outra civilização tecnológica, nós saberíamos que não somente a vida pode se formar em outros locais do universo, mas que ela foi capaz de se desenvolver para construir um transmissor de rádio. Se nós encontrarmos muitas civilizações tecnológicas por aí, isso indicaria que as civilizações tecnológicas vivem muito, elas podem sobreviver sem se destruírem. Tudo isso faria com que pudéssemos pensar muito, não só no passado e em como a vida se desenvolveu, mas também no nosso futuro, e como a vida pode perdurar, mesmo em face com a tecnologia.
Fonte:
Artigo original:
spacetoday.com.br