A Uber anunciou nesta segunda-feira (08) a abertura de um centro de desenvolvimento para a tecnologia de carros autônomos, que vai funcionar na cidade de Toronto, no Canadá. O local servirá como um dos principais hubs da empresa para pesquisas relacionadas à inteligência artificial, uma das ambições do CEO Travis Kalanick não apenas para o futuro do seu serviço, mas também para o setor de transportes como um todo.
Liderando a empreitada está Raquel Urtsun, uma professora da Universidade de Toronto e especialista em percepção e inteligência artificial voltadas para veículos. Ela vai comandar um time de pesquisadores que já trabalhavam em conjunto no Vector Institute for Artificial Intelligence, também fundado por ela, e que receberá um investimento de US$ 5 milhões da Uber.
Urtsun é uma das pioneiras no campo de machine perception e deve trabalhar, especificamente, em maneiras de os veículos “enxergarem” melhor o que está adiante deles. Ela leva consigo um time de oito pesquisadores que trabalhavam no Vector, além de contratar pelo menos “algumas dúzias” de especialistas. A equipe também vai trabalhar lado a lado com as equipes dos Estados Unidos, recebendo, inclusive, alguns dos veículos que já rodam pelo Vale do Silício.
A Uber já conta com autorizações para conduzir testes com carros autônomos no estado norte-americano da Califórnia, e, enquanto aguarda permissões semelhantes em Toronto, já está mapeando a cidade. Ter uma noção exata de como funciona a estrutura urbana da capital canadense é essencial para o início dos trabalhos, algo em que, para Urtsun, a experiência da Uber como serviço de transporte de passageiros será essencial.
A notícia, entretanto, vem em um momento complicado para a divisão de carros autônomos da companhia. Desde fevereiro ela enfrenta um processo de roubo de propriedade intelectual pelas mãos da Waymo, braço de desenvolvimento dessa tecnologia para a Alphabet, da qual faz parte o Google. No centro da questão estava Anthony Lewandowski, que renunciou ao cargo de diretor do programa de veículos automatizados da Uber justamente por esse motivo.
Urtsun falou brevemente sobre a questão, afirmando acreditar que a Uber não fez nada de errado, caso contrário não se uniria à empresa. Além disso, disse que sua pesquisa não se relaciona ao processo, pois lidará com a parte de câmeras e percepção, enquanto a ação judicial se relaciona especificamente a hardware e tecnologia. A empresa também afirmou que a contratação da pesquisadora aconteceu antes da saída de Lewandowski e que as situações não estão conectadas.
Além disso, enalteceu o suporte que tem recebido do governo canadense, com quem vem trabalhando para transformar o país – e, principalmente, Toronto – em um centro de renome no campo da inteligência artificial para o mercado automotivo. Para Kalanick, como já disse inúmeras vezes antes, a tecnologia representa o futuro da indústria de transportes. Ele vê a Uber como uma das pioneiras e principais nomes do segmento.
Fonte: BuzzFeed