É sempre legal ler as matérias da Vanity Fair sobre a Saga. Como é uma revista que acompanha a saga há muito tempo, eles parecem ser carinhosos em trazer detalhes de bastidores, sejam em fotos, making of, textos e outras maneiras de compartilhar conosco sua intimidade. O texto começa nos lembrando de uma foto que Favreau compartilhou em seu Instagram pessoal, um George Lucas levando Grogu (agora temos um nome, embora poucos vão adotar) em uma imagem borrada de movimento, e diz no texto que esse dia era visita do velho George ao set porque era uma ocasião especial: Rosário Dawnson estava no set para interpretar Ahsoka Tano, o mestre quis visitar seu pupilo num momento importante onde Dave Filoni iria dirigir o episódio que ele mesmo escreveu. Em épocas como essa que vivemos, se torna difícil segurar um segredo a sete chaves como foi o caso dessa atuação, a atriz que o fandon havia pedido lá trás, e ao vê-la com suas características mais marcantes, os lekkus azuis e brancos, os dois sabres na cor branca era a porta de entrada para um combo de revelações sobre o passado da criança, o paradeiro do Grande Almirante Thrawn e a existência de Tython com um templo e provavelmente um jedi vivo. Num bate papo descontraído com a revista Vanity Fair, Filoni conta como que ele criou e desenvolveu Ahsoka junto a George Lucas desde as animações, também a idéia do nome e do Background de Grogu e o porque começar a história em um planeta que foi devastado pelo fogo. A ocasião ajudou a atriz Rosário Dawson em um fato ocorrido de desavença com os fãs. Sigam o fio da entrevista.
A muito tempo atrás
Como foi que tudo começou junto à Rosario interpretando Ahsoka? Quando esse conceito surgiu pela primeira vez para vocês dois?
Rosario Dawson: Na verdade, veio primeiro de fãs na internet. Alguém me tweetou e gostou de mim. Eu dei RT e pensei, “Com certeza, sim , por favor” e “#AhsokaLives” (Na época, a temporada de Rebels nos trouxe uma situação incógnita para a personagem na qual muitos achavam que ela havia morrido). E, aparentemente, isso chamou a atenção de alguém que faz parte da equipe da assessoria de imprensa de Star Wars há anos. Ela encaminhou para Dave Filoni. Isso meio que começou até então. Eu estava tipo, “Oh meu Deus, eu acabei de me interessar por algo novo?” E então nada aconteceu.
Dave Filoni: Essa foi a primeira vez e eu olhei para Rosario e pensei, “Huh. Sim, acho que talvez ela daria uma boa Ahsoka.” Eu apenas me mantive vagamente ciente do que ela estava fazendo, e ela estava fazendo algumas coisas da Marvel (aos desavisados, Dawson interpretou a enfermeira que cuidou dos heróis nova iorquinos da Marvel/Netflix Demolidor, Luke Cage e Punhos de Ferro). Mas eu tinha visto entrevistas com ela onde ela falava sobre o desejo de interpretar a personagem da Ahsoka e sua empolgação, então foi interessante.
As pessoas podem presumir que, quando ela foi questionada, isso já estava em andamento.
Dave Filoni: Oh, não. De modo nenhum. Eu ainda estava tentando descobrir como sair de Tatooine sozinho naquele ponto. Mas quando comecei a trabalhar com Jon [Favreau], eu mencionava o personagem e ele dizia: “Bem, quem você está pensando em interpretá-la?” Eu disse: “Bem, Rosario Dawson está no topo da minha lista,” e ele tipo, “Eu a conheço!” (John conhece todo mundo) Então imediatamente isso começa a se encaixar muito bem numa realidade de produção.
Rosario Dawson: As pessoas têm gostado de mim em todos os tipos de coisas, como Mulher-Hulk e outras coisas. E eu sempre acho que é muito divertido, porque eu consigo me ver em diferentes tipos de arte. Mas então recebi uma ligação no Facetime de Jon Favreau e Dave. Eles estavam construindo The Mandalorian , e eu tive que dar uma olhada nos bastidores do visual e do conceito [de] o que eles planejavam fazer nesta segunda temporada.
Quando foi isso?
Rosario Dawson: Eles estavam prestes a terminar as produções do open season, e eles tinham toda essa arte conceitual que me tinha como Ahsoka. Eles já estavam se preparando, sabendo que queriam que ela fizesse parte de uma história na segunda temporada. Eles tinham acabado de me visualizar neste papel o tempo todo, e era estonteante.
Como foi se ver na arte conceitual como uma guerreira alienígena?
Rosario Dawson: Na verdade, fiquei muito feliz porque tive uma recepção muito ruim, então acabei indo bater o texto do roteiro junto a eles (é comum a primeira leitura interpretada junto aos diretores para encontrar a nuance certa de tom de interpretação) então eu estava andando e pulando para cima e para baixo, tentando manter minha voz bem calma, mas estava pirando. Quer dizer, isso é Star Wars da maneira mais real possível como a gente conhece a saga – a fonte, o visual, a arte, tudo e meu rosto ali. Eu simplesmente, achava que não daria conta . Eu estava fora de mim e eles perguntaram: “Você quer fazer isso mesmo? Quer dizer, Se não estiver a vontade, agradecemos se não for algo que você queira fazer. “E eu disse,” Oh não, não, isso seria legal, na verdade. Acho que talvez possamos resolver isso. ” Tentando parecer legal, mas estava suando.
Então você já era fã?
Rosario Dawson : Eu tinha visto alguns capítulos de The Clone Wars e, assim que consegui o papel, comecei a assistir a tudo em sua ordem. Comecei a ver muito mais do tecido conjuntivo. Sempre havia aquela conversa sobre Ahsoka deixando a Ordem, e isso sendo o principal gatilho para Anakin ir em direção ao Lado Negro. Foi realmente incrível que o personagem tenha começado como um adolescente, sabe?
Ahsoka se destaca como a primeira Jedi feminina principal na narrativa de Star Wars. Com o que você se conectou pessoalmente?
Rosario Dawson: Achei tão fascinante que existisse todo um outro mundo na série animada, e essa jovem era o coração daquele espaço. Eu tinha um tipo de interesse particular por ela e por aquele personagem, pois quando comecei a atuar aos 15 anos, fiz Kids – Um Alerta para o Mundo de Larry Clarck (1999), e recebi cerca de mil dólares para atuar. Quando o filme foi lançado, decidi aos 16 que queria continuar persistindo no campo da atuação. A mãe do meu pai disse: “Bem, se você vai fazer isso e tem 16 anos, precisa estudar atuação” e me colocou em Strasberg. E aconteceu de ser naquele verão em que Hayden Christensen estava na mesma sala de aula que eu.
E depois vocês trabalharam juntos, certo?
Rosario Dawson: Acabamos fazendo um filme juntos, anos depois, chamado O Preço de uma Verdade de Billy Ray (Shattered Glass 2003), e eu sempre achei muito legal conhecer alguém que não estava apenas ligado no mundo de Star Wars como mas que esse alguém além de tudo estava interpretando Anakin Skywalker. Ahsoka era a sua Padawan, então quando o fancasting saiu, eu apenas pensei que era bem incrível de se pensar que eu visualmente me conectei a esse personagem por ser uma adolescente que conheceu um ator que acabou sendo um grande personagem. Não sei, parecia que a Força estava em jogo.
Criando o visual de Ahsoka
Você pode descrever o processo de adaptação do Ahsoka de desenhos e animação para a vida real? O que precisa mudar?
Dave Filoni: Foi uma coisa incrível enquanto desenhamos o figurino e trabalhamos em todos os detalhes. Tudo foi considerado de uma forma inacreditável – os Lekkus (cabeça com caudas), os chifres, nem sei dizer. É difícil. É tão raro uma pessoa na minha posição desde a animação criar e guiar o salto do personagem para a ação do live action.
Rosario Dawson: O que adoro nos Togrutas é que eles têm essas marcas faciais, mas são todos diferentes em todas as mulheres que vimos. No desenho animado, quase parece uma pintura facial, mas o que [Filoni] realmente queria, era que saísse muito natural.
Dave Filoni: Muitos testes foram feitos, testes de tela, porque dentro do Volume [Aquele estúdio citado em Disney Gallery em que The Mandalorian se que cria fundos em uma tela digital gigante] ele tenderá a diminuir o magenta (a cor alaranjada). Você tem que se preocupar com a aparência de um personagem como Ahsoka, porque a temperatura em que temos seu tom de pele laranja pode ser dramaticamente diferente no Volume do que em cenas de set normal de produção. Portanto, havia pequenas considerações que precisavam ser feitas e ajustadas.
Rosario Dawson: Eles definitivamente queriam que [a maquiagem] fosse muito em tom quente e natural. Na animação é muito diferente e ousado, e a iluminação é muito diferente (mesmo na lógica da animação). Mas no mundo real eles queriam ter um tipo diferente de energia. Foi divertido poder ver como isso mudou quando ela colocou os sabres de luz mais perto do seu rosto, como você vê e sente de forma diferente na iluminação e nos momento que temos muito nevoeiro.
Como você se certifica de que a maquiagem e a proteção da cabeça não atrapalham a performance?
Dave Filoni: Sim, é complicado. Essa foi uma das grandes considerações. Em termos de desempenho, não quero que ela se perca em todo essa prótese quase capacete e maquiagem, mas ela definitivamente deu conta. Eu mantive as coisas sutis de algumas maneiras com as marcações. Quer dizer, o engraçado é que as marcas brancas sobre a sobrancelha são sempre feitas em animação (Cgi) para dar uma performance de sobrancelha … Eu não queria um personagem brilhantemente saturando a tela. Novamente, na animação até funciona, mas no live action eu acho que funciona de outra maneira, então você só tem que brincar com os valores e ver.
Há muita luta com sabres de luz neste episódio também. Isso foi uma consideração com as próteses de Lekku (caudas da cabeça)?
Rosario Dawson: Tudo estava bem firme. Tudo foi construído especificamente para o meu crânio e corpo, e a bandana quase tiara que ela usa com as caudas na verdade prende nas costas e a mantém no lugar. Estávamos fazendo acrobacias nele e tudo mais, e não se mexia de forma alguma. Ficou bem firme.
O que mais tinha que acontecer como parte da transformação em Ahsoka?
Dave Filoni: Eu disse: “Bem, os olhos da Ahsoka são azuis e os seus não, mas não quero que se preocupe com isso. Se você não quiser usar, podemos apenas dizer que nesta versão eles “não são azuis” E Rosario insistiu. Ela ficava “Não, não, não. Deixe-me tentar. “
Rosario Dawson: Lembro-me de quando coloquei as lentes de contato, foi quando realmente se solidificou – a peça da cabeça, a cauda, a forma, a coloração, tudo. Fazendo a marcação do rosto, fazendo minha pele, vestindo a fantasia, tudo isso foi absolutamente incrível. Mas eu ainda meio que sentia que estava fazendo um cosplay. No segundo momento em que coloquei as lentes de contato, foi o suficiente pra poder se transformar em Ahsoka. Eu senti como se tivesse desaparecido como Rosário Dawson.
Encontrando com George Lucas
Ouvimos muitas histórias sobre o diretor e que aqui na primeira season atuou, Werner Herzog (interpretou o Cliente) ficou obcecado pelo Baby Yoda. Eu me perguntei, Rosario, como é estar por perto … Acho que depois desse episódio podemos chamá-lo de Grogu agora? Talvez eu devesse chamá-lo de O Artista Anteriormente conhecido como Baby Yoda?
Rosario Dawson: [risos] Construiu tudo para mim. Tipo, como vai ser quando eu entrar no set? E na verdade alguns dos caras que trabalharam com Grogu eram pessoas que eu conhecia antes, porque eles trabalharam em Homens de Preto 2 (2002 de Barry Sonnenfeld) com os caras malandrões que eram vermes. É como se essas pessoas estivessem fazendo isso por muito, muito tempo, e há vários caras diferentes, e um controla as orelhas e o outro os olhos e os braços estão se movendo. Você está segurando esta criaturinha adorável, incrivelmente fofa e minúscula, e ela está piscando, está olhando para você, e sua boca está se movendo, e suas orelhas estão se movendo, e é tão macio, os pelinhos em sua cabeça. [Suspiros.] Quer dizer, é inacreditável. Eu estava completamente concordando com a doideira do Werner. Eu entendi e senti na pele o que ele estava falando.
Você também teve que se encontrar com George Lucas no set.
Na verdade, eu tinha que estar lá no dia que foi tirada aquela famosa foto. Alguém tirou uma foto de George Lucas segurando Baby Yoda. Ainda o chamo de Baby Yoda – Grogu! Eu estava lá naquele dia. Eu estava toda arrumada, eu estava ao lado daquela foto, toda arrumada como Ahsoka. E eu lembro que quebrou a internet quando aquela foto saiu no instagram do John Favreau. Foi um momento incrível, incrível, e estávamos todos fora de nós. Foi definitivamente muito geek.
Qual foi sua experiência com George?
Rosario Dawson: Eu definitivamente estava com os nervos à flor da pele e foi ótimo estar lá com ele e Dave. Quer dizer, é muita pressão. Mas também foi muito divertido. Os dois estavam olhando para mim, mas não estavam, entende o que quero dizer? Eles estavam vendo sua imaginação ganhar vida.
Espírito de Ahsoka
Os fãs viram Ahsoka crescer em The Clone Wars , eles a viram sair sozinha, a viram lutando como uma loba solitária em Rebels. O que você queria revelar sobre ela neste momento, muito mais tarde em sua vida?
Dave Filoni: Ela é, por falta de um termo, uma mestra, porque ela é bastante independente neste ponto. Eu a interpreto muito mais como um cavaleiro experiente. Um personagem samurai errante é o que ela realmente é neste momento. Sempre fiz comparações com ela caminhando para o estágio de Gandalf, onde ela é quem tem o conhecimento do mundo e pode ajudar os outros através dele. Acho que ela chegou a esse ponto.
Como você descreveria sua jornada geral?
Dave Filoni: Nós a vimos basicamente entrar em cena como uma Padawan, jovem e ingênua, ousada e agressiva. Então, em Rebels , ela é mais um cavaleiro tradicional, tentando descobrir como lutar uma guerra. Há muita hesitação em relação ao que ela quer ser, quem ela pode ser e como sua vida tem sido guiada. Acho que agora dei um passo adiante. Quando você vê essa versão da personagem, ela está cansada do mundo de tudo que ela experimentou e viveu. Ela viu tantas coisas acontecerem em seu tempo.
O episódio se chama ‘O Jedi’, mas toda a identidade de Ahsoka é baseada em deixar a ordem.
Dave Filoni: Sim, acho que algo que os fãs gostam sobre a personagem é que ela é bastante complexa. Todos eles se concentram muito na frase, ‘Eu não sou um Jedi,’ de Star Wars: Rebels , mas é inegável que ela foi treinada pelos Jedi. Acho que para a maioria dos observadores ela é sim muito Jedi para eles. Eu argumentaria de algumas maneiras – por ser tão altruísta e rejeitar muitos caminhos que teriam dado a ela poder – ela é mais Jedi do que até mesmo alguns personagens que afirmam ser Jedi.
Rosario Dawson: Eu amo que ela seja essa personagem errante que vai apenas fazer o bem no universo. A Ordem Jedi desapareceu de várias maneiras, está tão fragmentada e muitas pessoas são o alvo. Ela perdeu muito. Ela havia deixado a Ordem sob coação e estava apenas encontrando seu caminho. E desde o início, o caminho que a tem puxado é ser vigilante, e ser corajosa, e ser sábia, e estar sempre de olho na erradicação do mal. E acho que essa é uma das razões pelas quais tantos a amam. É por isso que a amo. Ela representa realmente o melhor dos Jedi, sabe?
Ashley Eckstein deu voz ao personagem por tantos anos. Que impacto ela teve na versão live-action?
Rosario Dawson: Ashley fez um trabalho notável. Você viu esse personagem primeiro entrar em nossos corações e mentes como um adolescente e depois evoluir, e Ashley esteve lá o tempo todo. Ver como sua voz mudou, como sua energia mudou e ouvir a maturidade se desenvolver nela foi tão poderoso e lindo. Eu estudei como uma louca e tentei o meu melhor para honrar isso. E foi simplesmente incrível poder ter uma performance tão profunda como fonte.
Dave Filoni: Ashley é fantástica e acho que a personagem que ela interpretou, Ahsoka como o jovem aprendiz e Padawan e depois se tornou rebelde, obviamente deixou sua marca – além da equipe de animação que fez desta Padawan um nome tão familiar entre os fãs de Star Wars. É uma coisa muito mágica e mostra como a personagem é bem trabalhada por aquele grupo. Eu escrevi quase toda a personagem dela desde quando ela tinha 14 anos até o que vimos na série, e normalmente alguém na minha posição não conseguiria fazer isso. Teria mudado de mãos várias vezes.
Uma controvérsia na vida real
Ahsoka significa muito para as pessoas, e elas estão profundamente envolvidas em quem ela é. Então, Rosario, quero te perguntar sobre algo que está fora desta história de The Mandalorian , e essa é a preocupação no fandom sobre um processo que foi movido contra você no ano passado por um amigo de longa data da família. A ação acusou você e outros membros da família de preconceito anti-trans, e você classificou o processo como falso e sem fundamento. Mas o que você diria para aqueles fãs de Star Wars que ouvem isso e acreditam no pior – que você é transfóbica?
Rosario Dawson: Bem, em primeiro lugar, só quero dizer que entendo isso e por que as pessoas se preocupam e estão preocupadas. Eu também ficaria se ouvisse algumas dessas afirmações. Mas quero dizer, como estamos vendo agora nos últimos meses, e apenas recentemente, na verdade, a verdade está surgindo. Cada reclamação de discriminação foi rejeitada pela pessoa que as fez e, como você disse, o fato de que isso vem de alguém que conheço desde que era adolescente, a melhor parte da minha vida, e que minha família estava tentando ajudar essa pessoa, como já fizemos muitas vezes no passado, isso realmente me deixa triste. Mas ainda tenho uma grande empatia por ele.
Os registros do tribunal mostram que 18 das 20 reivindicações foram retiradas voluntariamente sem um acordo, e seu advogado abandonou o caso. Duas acusações permanecem alegando uma alteração física, e um juiz decidirá se isso pode avançar no próximo mês. Há pessoas que diriam: “Bem, este é apenas mais um exemplo de uma pessoa rica e famosa dominando o sistema”. Então, o que você diria às pessoas que não estão convencidas, tanto sobre este caso quanto sobre o que você realmente acredita sobre trans pessoas?
Rosario Dawson: O motivo pelo qual todas as denúncias de discriminação foram retiradas é porque elas não aconteceram. Fui criada de uma forma muito inclusiva e amorosa e foi assim que vivi toda a minha vida. Sempre usei minha voz para lutar, levantar e capacitar a comunidade LGBT, e usar minha plataforma para canalizar vozes trans, em obras de ficção e não ficção que produzi e dirigi. Então eu sinto que o registro é muito claro.
Os Elementos Pessoais
Para os papéis que significam mais para os atores, eles costumam falar sobre levar um papel com eles além da performance. Você se coloca em um personagem, e então leva um pouco com você. O que você diria que leva para casa atuando como Ahsoka?
Dawson: Que a jornada nem sempre é fácil, que nem sempre fica claro, que não se trata de mágica, sabe? Para fazer as coisas como você deseja, é preciso trabalho, diligência e amor para realmente fazer a diferença. E eu acredito que todo mundo tem esses poderes, e todo mundo tem que continuar tentando. Não é como se você se tornasse um Jedi e pronto, você é bom. Eles têm que continuar fazendo vivendo na ética dessa escolha.
Dave, ao escrever o episódio, você o coloca em um mundo de floresta que foi transformado em uma terra devastada. Eu esperava encontrar Ahsoka em algum lugar exuberante, como a primeira lua de Endor ou o mundo pântanoso de Yoda em Dagobah, mas em vez disso você nos trouxe às cinzas.
Filoni: Com toda a honestidade, [isso] surge da minha experiência pessoal morando em uma área [no norte da Califórnia] onde há incêndios, as famosas queimadas. Minha esposa e eu fomos evacuados três dos últimos quatro anos, todo outono. Então acho que estou apenas contando uma história e posso de alguma forma controlá-la por mim mesmo. Mas sim, eu conheci muitas pessoas que foram terrivelmente afetadas por isso, e é uma coisa poderosa, poderosa.
É lindo à sua maneira, mas também assustador.
Filoni: Eu apenas pensei que seria realmente assustador. Há um sentimento de mau presságio, eu acho, durante o episódio e o que transparece nele, então ele tem seus momentos mágicos. Onde você vê a vida nos cenários no decorrer da narrativa e onde você não vê faz parte da história. A maioria dos sets de cenário virtual está morta e queimada, mas quando você encontra Ahsoka, há um pouco de verde e vida ao redor dela. Isso tudo é apenas emblemático, pequenas dicas visuais que você pode contar para reforçar os pontos da história.
É uma bênção ou uma maldição para Ahsoka ter esses poderes?
Dawson: É um presente, mas requer disciplina. E todos nós temos dons, mas nem todos somos muito disciplinados. E eu acho que ela é um forte lembrete do que parece ser tão firme, ser tão claro, e não fazer isso porque ela tem todo o apoio, amor e companhia, mas porque ela sabe bem no fundo dela isso é quem ela é, e o que ela deve fazer, e esse é o seu propósito, e ela vai honrar isso todos os dias e escolher isso todos os dias, mesmo quando for difícil.
Ou não. Ela aconselha se afastar completamente da Força neste episódio, quando se trata do bebê.
Dawson: Você viu isso com a história de Anakin e também com Ahsoka. Ela reconhece isso. É por isso que ela também menciona o assunto com a Criança. Grogu tem essas habilidades incríveis, e você o viu ser capaz de manipular a Força. Ele foi treinado no Templo Jedi. Mas, como ela diz, por causa do apego dele, isso o torna vulnerável ao medo, o que o torna vulnerável à raiva, o que significa que ele pode ser perigoso. Isso significa que talvez devêssemos deixar sua sensibilidade à Força diminuir, sabe?
Qual é a história por trás de Grogu – o nome de nosso amiguinho verde?
Filoni: O nome já existe há algum tempo. Jon me disse no início da primeira temporada o que seria, o que me fez começar a pensar sobre como as pessoas poderiam aprender o nome. Isso me deu a ideia de que Ahsoka, que é muito compassiva, seria capaz de se conectar com a Criança e que, sem palavras, eles provavelmente poderiam se comunicar por meio de memórias e experiências. Por meio dessa conexão, ela aprende o nome e depois conta para Mando e para o público.
Como Rey em O Despertar da Força , o Mandalorian realmente não conhece a história completa de Star Wars. Ele não tem ideia de quem é Yoda. É por isso que você recorreu a Ahsoka para isso, para que ela pudesse dizer: “Oh, sim. Eu sei o que é essa coisa … É um filhote de Yaddle!
Filoni: Não, aquele teria sido o melhor momento de todos. É assim que eu deveria ter feito isso. [Risos]. Novamente, eu pensei que uma das coisas mais convincentes sobre apresentar Ahsoka é que ela é uma das poucas pessoas que poderíamos encontrar em uma história e ela diria: “Tudo bem. Eu conheci alguém como ele. Eu só vi outro ser assim. ” Eu tive que me impedir de fazer algo ridículo como ela dizer: “Isso é um bebê Yoda?” Quase que pela força da expressão criada até então.
Ela invoca o nome dele, mas há outra alusão …
Filoni: Ela vê essa criança e chama o nome de “Yoda” pela primeira vez em nosso programa. [Compositor] Ludwig Göransson faz uma coisa realmente magistral onde a música, apenas por um momento, se torna o “Tema de Yoda” de John Williams . Esses são aqueles pequenos momentos sobrepostos que eu adoro, e é por isso que sempre insisti em usar música de Star Wars tão fugazmente, porque você não quer isso a menos que esteja falando sobre aquele personagem. É a música deles. Tivemos a oportunidade de apenas dar um pequeno momento de graça.
É o espírito deles, certo, quando a música toca?
Filoni: Sim, é a sensação disso. É apenas um reconhecimento ao ótimo desempenho de Frank Oz e ao ótimo design de personagens. Não tem como o nome de Baby Yoda não acontecer apenas devido à estatura do próprio Yoda, então eu acho que é um bom aceno para a história. Podemos homenagear as pessoas que realmente colocaram isso no mapa.
Por que agora era o momento certo para revelar a história de fundo e origem do bebê?
Filoni: Eu senti que se alguém conhecesse ou entendesse a história da Criança, seria Ahsoka. Ela também tem uma longa história. Fazê-la relatar a história também ajuda o espectador a entender um pouco de sua própria história. Isso é semelhante a quando Obi-Wan conta a Luke sobre a história de seu pai. Através da história sobre Anakin, você está vendo Obi-Wan e sua história de fundo também. Muito da cena da fogueira (sequência do papo de mando e Ahsoka), como eu a chamo, é moldada em torno daquela cena entre Obi-Wan e Luke em Uma Nova Esperança .
Ahsoka teme o pior, que é como ela conta ao mandaloriano do que viveu e que sugere ao fato ocorrido da transformação de Anakin em Darth Vader.
Dawson: Ela sabe o que poderia acontecer se você fosse até mesmo remotamente para o Lado Negro. Eu amo que ela fale sobre Anakin. Ela sabe o que pode acontecer até mesmo com “o melhor de nós” quando o medo e a raiva criam raízes, e ela está muito vigilante a respeito disso. Ela é uma personagem solitária, eu acho. Mas a Força a está obrigando a continuar a fazer o bem.
Filoni : Ela quer fazer o bem e ajudar as pessoas, mas ao invés de fazer como os Jedi fizeram, que estava tudo envolvido na política da República, ela está fazendo isso individualmente na galáxia. Além disso, ela tem uma missão maior, que é sempre mais divertida quando eles têm uma missão maior.
Essa procura de nossa jedi a gente acaba sabendo que é pelo vilão Grande Almirante Thrawn. A última vez que os fãs viram Ahsoka foi no final de The Clone Wars na sétima temporada que saiu neste ano , mas na verdadeira cronologia de Star Wars, a última vez que a vimos foi no final de Rebels , aventurando-se com Sabine Wren para encontrar Ezra Bridger, que desapareceu junto com Thrawn. Onde essa cena se encaixa com onde a encontramos em The Mandalorian ?
Filoni: Exato, mas tem algo mais interessante … Isso não é necessariamente cronológico. Eu acho que a coisa que as pessoas mais não vão entender é que elas querem seguir de forma linear, mas como eu aprendi quando criança, nada em Star Wars realmente funciona de forma linear. Você faz [Episódios] Quatro, Cinco e Seis e então Um, Dois e Três. Então, na linha dessa história, quando você olha para o epílogo de Star Wars Rebels, você realmente não sabe quanto tempo se passou. Então, é possível que a história que estou contando em The Mandalorian realmente se passe antes disso. Possível. Estou dizendo que é possível.
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Atenciosamente,
Prof.º Me. Vebis Jr
Mestre em Cinema
Especialista em Comunicação
Graduado em Audiovisual e Multimídia”O Cinema é um campo de batalha” – Samuel Fuller
Artigo original:
sociedadejedi.com.br