The Mandalorian: com a mão no coldre

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c3po ao seu dispor

Em meio a pandemia, um gigantesco alívio chega para acalmar nossos corações aflitos: a segunda temporada de The Mandalorian, poucos momentos antes da estreia do serviço de streaming da Disney+ no país que aposta nessa série como carro chefe. Aos que se apaixonaram pela série no final do ano passado, não foi fácil esperar pouco menos de um ano pra acompanhar a jornada do “Mando” e a criança. Nós da Sociedade Jedi esperamos junto de vocês dando as mais diversas notícias de produção e elenco. E cá estamos para a análise COM SPOILERS do primeiro episódio da série. O primeiro ponto interessante a discorrer é sua numeração corrida. Embora tenhamos o costume de chamar o retorno das séries de S02E01, oficialmente o showrunner optou por continuar a numeração, tornando então como Episódio 9. Há quem diga que chegou o episódio que tanto merecíamos, mas essa é pauta pra uma outra história ou lamento. A série começa com a chegada de nosso caçador de recompensas e a criança em um planeta não revelado (ainda) e sua chegada desperta curiosidade nas criaturas escondidas nas sombras em meio a um ambiente urbano escuro e com paredes repletas de pixações que nos faz lembrar as que Sabine Wren pixava e grafitava na série Rebels. Sua entrada num clube clandestino de lutas de ringue já se revela com uma luta entre dois guardas gamorreanos e seus vibroAxes colidindo sob olhos de um público alvoroçado. Mando se senta ao lado de Gor Goresh, um alien da raça absyn que já tivemos a chance de conhecer na cantina do Episódio IV (1977)

Mestre Jedi The Mandalorian: com a mão no coldre

Goresh é interpretado pelo ator John Leguizamo, muito próximo do showrunner Jon Favreau e que nesta pequena sequência se revela um caçador de mandalorianos por conta do raro beskar contido em abundância na armadura de nosso protagonista. Não demora muito para que depois de algumas tentativas falhas de ferí-lo com todo aquele beskar, sobrasse apenas Goresh pendurado a um poste e nossa dupla de protagonistas que ouve o testemunho de um moribundo que revela ter um mandaloriano em Tattooine. Começo aqui a análise em blocos, muito mais baseado em referencial cinematográfico e construção de esfera do que querer saber sua proximidade com o Universo Expandido. Sendo assim, se atenham apenas ao referencial cinematográfico, logo mais chega por nossos outros membros da Sociedade Jedi, um olhar abrangente da série e sua relação com material de outras mídias.

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Abandonado para as criaturas de olhos vermelhos que saem das sombras, a sequência segue com a chegada da Razor Crest no Hangar Peli Motto, aquela personagem com fortes traços de Ripley (seu cabelo e sua vestimenta) que logo nota que o Mando chegou de bom humor e sem se irritar com os pequenos droids de manutenção. Auxiliado pelo clássico R5 que tivemos a chance de vê-lo sendo rejeitado pelo Tio Owen, aqui com seu motivador em perfeito funcionamento do que naquele passado.

Com a chance de expandirmos nosso já conhecido planeta de areia, o local onde foi visto o tal mandaloriano é a cidadela de Mos Pelgo (cidade que já existia no jogo MMO The Old Republic) que inclusive estava apagada do mapa. Na base da speedbiker com direito à criança dentro do alforge parecendo um cão com a cabeça pra fora da janela do carro, a viagem se passa pelo vilarejo Tusken e finalmente, como qualquer filme western, a chegada de Mando no vilarejo é observado pelo povo local. Emulando as clássicas chegadas de forasteiros em saloom e com poucas palavras, Mando pergunta pelo cara com armadura parecida com a dele, o barman de raça Weequay (ou seria baralien?) aponta pela porta e logo surge à contraluz uma figura magra com uma armadura velha conhecida de nossos gostos. A armadura de Boba Fett. O xerife se apresenta como Cobb Vanth fazendo o link direto ao xerife citado nos três livros da trilogia Marcas da Guerra (primeiro Livro na página 325, Segundo livro na página 227 e terceiro livro na página 159, garimpo esse feito pelo Marcelo do Jedicenter, um brinde de Spotchka à você, meu caro). Todos nós sabemos o quanto uma armadura de mandaloriano é importante para seu credo e assim, Mando decide confiscá-la a qualquer preço. A tensão entre os pistoleiros (mãos perto do coldre) é interrompida com uma presença nada amistosa na cidade: um gigantesco dragão de Krayt surge na cidade, tornando o Xerife maleável em propor a devolução da armadura pelo extermínio do animal.

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Com o trato feito, seguem ambos pelo deserto rumo à toca do animal. No caminho, Cobb tem a oportunidade de contar como a armadura veio parar em sua mão. O flashback mostra que o vilarejo mal se livrou das amarras imperiais com a explosão da segunda estrela da morte e já chegaram os mineradores de cristais de silicate. Na fuga destrambelhada, Cobb consegue levar um Camtono (recipiente que já conhecemos quando Mando ganha os beskars do cliente e do Willrow Hood na cidade de Bespim no Império Contra-Ataca), e ao ser resgatado em meio ao deserto pelos Jawas em seu Sandcrawler, os pequenos mercantes descobrem o que existe dentro do Camtono e propõe inúmeras trocas que Cobb nega até olhar pro canto do depósito e ver a armadura de Boba Fett.

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Trajado apenas com as partes de armadura, Venth retorna ao saloom e expulsa os mineradores, ganhando o cargo de xerife da cidade. Quando vejo o reflexo de homenagens, recriações e emulações feitas pelos produtores Dave Filoni e Jon Favreau é um deleite tremendo. Ambos são cinéfilos e têm já o costume de fazer pequenas homenagens. Filoni jogou todo seu repertório em The Clone Wars: era a Zilo Beast que lembrava King Kong que foi levado pra cidade. Era Boba Fett tentando matar Windu com direito à gaita de Chino de Era uma vez no Oeste (1968), enfim, as referências saltam aos olhos continuando o legado de George Lucas que fazia isso com maestria em todos filmes da saga. Quem dera se todo fandom que encontramos nos perfis de redes sociais fossem atrás dessas referências, não é mesmo? A chegada na cidade de Mando, entrada no saloom, Venth sentando pra beber e até a “cavalgada” no deserto relembrando algo do passado em meio às planícies são formas de lembrarem como o faroeste fez parte de suas vidas antes de serem produtores e diretores de cinema. A escolha de Timothy Olyphant me faz pensar o quanto Filoni e Favreau que são autênticos cowboys (Filoni nunca tira o chapéu e Favreau já dirigiu até Cowboy & Aliens, 2011), a ponto de chamarem o ator da série Justified e Deadwood.

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O apelo ao faroeste do ator é tanto que além se seu camisão vermelho por baixo da armadura que nos lembra John Wayne em Rastros de Ódio (1956), lá em Era uma vez em HollyWood (2019), seu papel dado pelo Tarantino é justamente em um dos momentos mais faroestes do filme e num diálogo encenado com Leonardo Dicaprio. Brilhante sequência, diga-se de passagem. The Mandalorian carrega uma maturidade em termos criativos que ele nos dá o gostinho de um quase duelo no saloon com as mãos no coldre, mas interrompido pela chegada de um dragão de Krayt, criatura submersa na areia de Tattooine e que já o conhecíamos na alçada atrás de 3PO no primeiro filme feito e também no jogo Knights of the Old Republic que ganha inclusive, easter egg lá no final. A chegada do Mando e Venth no desfiladeiro dos tusken e a relação amigável que nosso caçador demonstra com os massiffs já nos deixa a atmosfera leve no diálogo, algo muito próximo dos cowboys que tinham livre diálogo com índios nos filmes norte americanos. A conversa ao redor da fogueira e a tentativa de conciliar um debate entre o povo livre e selvagem com o homem civilizado da cidade é apenas os elementos somatórios de um dos momentos mais brilhantes do episódio. O retorno de ambos para Mos Pelgo para insistir ao povo local em enfrentarem a besta juntos e que deixem as diferenças de lado nos remete muito à chegada de elfos no Abismo de Helm de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002), pois não é o homem civilizado que dá o braço a torcer, são justamente os povos selvagens e livres que tomam a iniciativa libertadora. Há quem diga que Star Wars não tem política em sua história, deixar de compreender o peso da narração desta história é no mínimo padecer na negação.  Tuskens chegam na cidade, carregam seus Banthas e vão pra entrada da caverna do mesmo jeito que o velho Ben descreveu ao jovem e inocente Luke: andam em fila e nunca sabemos a quantidade.

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É chegado o momento da série mudar a sua forma de nos mostrar o ato conclusivo. A “janela” do capítulo que estava quase em CinemaScope (em retângulo no formato da tela) agora abre suas extremidades superior e inferior transformando o velho faroeste em um filme de monstro e que assim tenhamos ações que ocupem os quatro cantos da tela.

Povo da areia e humanos civilizados. Todos juntos na boca da caverna em prol de um bem maior. Os estrategistas olham de longe o seu plano de atrair a criatura para fora da caverna cair literalmente por terra ou areia, mesmo na base de arpões, o dragão resiste e começa a nos saborear o episódio com enquadramentos de câmera que mais parecia uma homenagem à Tubarão (1975). Câmeras de dentro da mandíbula, investidas de baixo com a boca aberta e nada do plano parecia funcionar obrigando ambos acionarem seus jetpacks, gerando uma das cenas de beleza estética marcante do episódio: ambas armaduras mandalorianas voando em meio ao monstro. 

Quando nada parecia resolver, o mando olha o bantha com a armadilha perfeita, salva Venth num estilo Han Solo de disparar o jetpack e se oferece como sacrifício junto ao Bantha para que o dragão explodisse de dentro. Alegria do final é o povo dilacerando o dragão que vai render carne por um bom tempo, tanto para humanos quanto para os Tusken que comemoram o reencontro de uma pérola, um artefato que o jogo KOTOR criou em uma de suas provas de amizade com o povo Tusken.

Mestre Jedi The Mandalorian: com a mão no coldre

Mando pode voltar ao hangar com a criança, um belo pedaço de carne e a armadura mandaloriana recuperada depois de tanto tempo. É nesse momento que a janela do capítulo volta a ficar no formato scope para que as planícies fiquem melhor retratadas nesse ambiente árido que aprendemos a observar o velho oeste, mas nesse caso, a velha Tattooine. Só que ele mal imagina estar sendo observado pelas colinas por um personagem velho conhecido nosso: Boba Fett!

Se levarmos em consideração que a criança aparece no final do primeiro episódio na season 1, podemos estar preparados se o Boba não será uma figura recorrente distribuída em toda segunda temporada, uma teoria muito bem lembrada pelo Felipe Freire da Radio Imperial

Satisfeitos com um primeiro episódio tão cinematográfico, agora é estar com expectativas boas, já que o que vimos do trailer teve pelo menos 80% já visto na série.

Mestre Jedi The Mandalorian: com a mão no coldre

Estaremos aqui a postos e alguns, já poderão conferir na Disney +, o serviço chega para nós no começo da segunda quinzena.

Por: Prof.º Me. Vebis Jr
Mestre em Cinema
Especialista em Comunicação
Graduado em Audiovisual e Multimídia

Revisado por: Alexandre Agassi
Estudante de jornalismo
Em um relacionamento sério por Star Wars

Artigo original:
sociedadejedi.com.br