Uma das grandes controvérsias da geopolítica nos últimos meses é a suposta ação de hackers russos durante as últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos. E os indícios de que a revelação de mensagens trocadas pelo e-mail pessoal de Hillary Clinton tem ligação com hackers do país europeu ganharam ainda mais força hoje, quando um especialista em computação russo foi preso na Espanha.
Piotr Levashov foi detido no aeroporto de Barcelona e, segundo revela a agência AFP, os Estados Unidos já teriam emitido um pedido de extradição para poder acusar e julgar os supostos crimes cometidos pelo hacker.
A esposa de Levashov, Maria, afirmou a uma emissora de televisão russa de que a prisão de seu marido foi feita a pedido de autoridades estadunidenses. Ainda de acordo com ela, o especialista em computação russo foi detido por um vírus “que parece ter sido criado pelo meu marido e estar ligado à vitória de Trump.”
Peso nas eleições
Esta detenção vem na esteira de uma série de alegações feita por órgãos de inteligência dos Estados Unidos de que agentes russos estariam envolvidos no hack que influenciou diretamente no resultado das eleições do país norte-americano. Em dezembro de 2016, FBI e CIA apresentaram um relatório afirmando a autoria da ação a fim de beneficiar Donald Trump.
O mais curioso é que um dos pontos em que Trump e Vladimir Putin, o polêmico presidente russo, convergeriam é a questão da política internacional. Enquanto o novo presidente dos EUA se elegeu sob um discurso de menos intervenção em questões como a guerra civil da Síria, país aliado de Moscou, um recente ataque autorizado por ele minou o discurso de “aproximação” entre os dois antigos rivais da Guerra Fria.
Em suma, se a vitória do rival de Hillary Clinton, candidata notadamente pró-intervenção na questão Síria, acenaria para uma vida mais tranquila de Putin no Oriente Médio, as ações tomadas por Trump criam um novo elemento no cenário geopolítico — novo, mas não surpreendente. E esta trágica novela ainda está longe de ter um final feliz.
Fonte: AFP