Já estamos no terceiro episódio de Ahsoka e um fator recorrente sobre a Força tem deixado muita gente incomodada.
A série vem se mostrando uma continuação direta da animação Star Wars Rebels, mostrando o futuro de alguns personagens e pegando o gancho da quarta temporada como o pontapé inicial. Mas além disso, está expandido a história.
Os fãs adoraram ver Sabine Wren, Hera Syndulla, Chopper e até mesmo Jacen Syndulla retornando para as telas, mas um detalhe sobre Sabine não foi unânime.
Ahsoka mostra uma versão fiel de seus personagens já estabelecidos anteriormente e os apresenta para os espectadores que não conhecem as animações. O trabalho é realmente bem feito, quem não os conhecia sente como se estivesse sendo apresentado pela primeira vez (como estão) sem perder nada. Então Hera é a figura responsável, uma líder e excelente piloto, Chooper continua um maníaco e Sabine uma força rebelde e volátil, mas agora sendo treinada como Jedi.
Até então Sabine era apenas uma mandaloriana, exilada de seu povo por ter criado uma arma tão poderosa que era capaz de esquentar o beskar das armaduras até destruir qualquer um que estivesse por dentro. Essa criação não tinha esse objetivo, mas foi usada pelo Império para tal finalidade. Porém, ela conseguiu se redimir retornando para seu clã e ajudando a retomar o poder de Mandalore, entregando o recém-encontrado Sabre Negro para Bo-Katan Kryze (como mostrado em The Mandalorian, isso não deu muito certo).
Agora, em Ahsoka, descobrimos que Sabine passou parte dos anos entre o início da Guerra Civil Galáctica e o estabelecimento da Nova República treinando com Ahsoka Tano como sua padawan. O que pegou todos de surpresa, pois na época da série ela já tem cerca de 30 anos e nunca demonstrou qualquer aptidão para a Força. Noção reforçada por Huyang, o droide vindo de The Clone Wars que agora acompanha Ahsoka, ele comenta que em centenas de anos auxiliando younglings ele nunca viu alguém com uma aptidão tão fraca.
É possível aprender a usar a Força?
A Força é tida como um misterioso campo de energia que nos rodeia e está presente em todos os seres vivos, unindo a galáxia. Sendo assim, ela está dentro de todos, mas até então o que sabíamos era que apenas alguns seres eram fortes o bastante para sentir seu poder.
Em 1983, George Lucas disse no livro “The Making of Star Wars: Return of the Jedi” que qualquer um pode sentir a Força, que como um praticante de yoga ou karatê, é possível aprender se você realmente quiser e se colocar à disposição disso. Mas alguns anos depois ele nos apresentou o conceito dos midi-chlorians, formas de vida inteligente microscópicas presentes em todos os organismos vivos. Esses organismos viviam em simbiose com as células e eram um canal para a Força.
A Ordem Jedi localizava aqueles sensíveis à Força através da contagem dos midi-chlorians e os treinava, o indivíduo sequer seria um candidato sem essa sensibilidade comprovada.
Além de que é possível sentir outro ser sensível à Força, tanto que Palpatine escondia sua verdadeira natureza dos Jedi usando a energia sombria que o próprio Templo Jedi emanava, tendo sido construído sobre um antigo altar Sith, como um disfarce.
Ainda há a possibilidade de alguém ser capaz de sentir a Força, mas não manipulá-la. Como os casos de Chirrut Îmwe e a Arquivista, ambos podiam senti-la e até mesmo pareciam ter habilidades especiais por conta disso, mas nunca seriam capazes de mover objetos, influenciar a mente de outros ou algo do tipo, nem com muito treinamento.
Quem pode ser sensível à Força?
O conceito de ser sensível à Força é bem democrático. Ela pode ser passada para um filho se a mãe ou pai for sensível, mas também pode acontecer aleatoriamente. Tendo como exemplo a própria Ordem Jedi, que proibia relacionamentos amorosos e filhos, não é de se estranhar que a sensibilidade ocorra naturalmente e não hereditariamente. O controverso episódio VIII “Os Últimos Jedi” traz uma bela reflexão sobre isso, mostrando que qualquer um pode nascer sensitivo, não há a necessidade de um parente poderoso.
Mas ainda assim é algo nato, não aprendido.
Sabine ser sensível à Força pode ser algo já trabalhado sutilmente. Ela ouve vozes junto a Ezra com os lobos, ela foi treinada para usar o Sabre Negro. Mas ainda assim caímos na situação de poder sentir, não manipular.
A ideia que Ahsoka Tano constrói em seu argumento, de que qualquer um pode usar a Força é um tanto problemática. Que me desculpem os fãs, mas não consegui desvencilhar a imagem do Chef Gusteau de “Ratatouille” dizendo que “qualquer um pode cozinhar” para o ratinho Remy.
A ideia de qualquer um ser capaz de desenvolver o que torna os usuários da Força especiais foge do misticismo que Jedi e Sith (e outros grupos) tanto emanam.
Com o perigo de estar parecendo o “fã chato”, incorporo o Han Solo dentro de mim e digo: “Não é assim que a Força funciona”.
Claro, o controle criativo está nas mãos de quem escreve as obras, nesse caso de Dave Filoni, contudo seria necessário trazer um conceito que desmente o que já foi estabelecido? Sabine ainda não demonstrou se pode manipular a Força, mas ao que tudo indica pela cena com a xícara, em algum momento ela desbloqueará essa habilidade.
Caso Sabine só seja capaz de sentir a Força, e qualquer um possa ser treinado para percebê-la, faz sentido. Sendo uma energia presente em tudos e todos, um olhar mais atento poderia fazer o indivíduo senti-la, mas não usá-la.
Um exemplo muito trazido em comparação é Finn. Ele foi revelado como sensível à Força, apesar de não terem explorado a noção nos filmes. Mas tendo em vista ser uma época onde pouco se sabia sobre Jedi e a Força, a facilidade com a qual ele usou um sabre de luz e o fato dele nunca sequer ter tido um vago treinamento, trazem uma explicação aceitável para o desenvolvimento tardio.
Porque uma Sabine Jedi não é uma boa ideia
Sabine é uma mandaloriana, a antiga raça de guerreiros que despreza os Jedi. Ela faz parte do clã Wren e como já mencionamos ajudou Bo-Katan a recuperar Mandalore do Império.
Ela já tem um forte background que não precisa de mais uma adição para que ela se torne interessante. A ideia de precisar ter sempre algum Jedi afasta a ideia de que existem outras possibilidades na galáxia e traz um encosto dos conteúdos da saga. Se não tem Jedi, não vale a pena.
E o que torna tudo mais desnecessário? Se Ahsoka precisava de alguém para treinar, Jacen Syndulla, filho do Cavaleiro Jedi Kanan Jarrus, está bem ali.
E porque pode ser uma boa ideia
Caso Sabine venha mesmo a se tornar uma Jedi (preferivelmente em treinamento apenas e não acesso à Força), ela pode vir a liderar os Mandalorianos.
O Sabre Negro foi destruído, mas ela poderia reconstruí-lo. Ela já foi sua legítima dona e demonstrou sua liderança durante a luta contra o Império. Sendo o clã Wren vassalos da Casa Vizsla, de Tarre Vizsla, o primeiro Jedi Mandaloriano, seria interessante ver Sabine reclamando o título de Mand’alor, podendo até domar o famoso mitossauro.
De toda maneira, a série parece realmente indicar o caminho da Força para Sabine, os fãs gostando ou não. Se bem elaborado talvez seja mais fácil de aceitar.
Ahsoka tem novos episódios todas as terças às 22h no Disney+.
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