A indústria da música obteve, em 2016, o maior crescimento desde 1998, e isso, em grande parte, graças ao trabalho e proliferação dos serviços de streaming. Apple Music, Spotify e outros foram citados especificamente como representantes da maioria dos ganhos obtidos pela indústria, com 51,4% dos lucros. Essa também é a primeira vez que as plataformas correspondem a mais da metade de todo o faturamento do setor.
De acordo com os números divulgados nesta quinta-feira (30) pela RIAA, associação que representa a indústria da música nos Estados Unidos, os lucros desse mercado tiveram aumento de 11,4% em 2016, chegando a US$ 7,7 bilhões. Os valores incluem também a renda de anúncios obtida a partir de serviços de streaming gratuitos e também de plataformas que disponibilizam conteúdos de graça, como o YouTube, por exemplo.
Apesar disso, o CEO da RIAA, Cary Sherman, criticou tais plataformas, voltando sua mira especificamente para o site de vídeos, afirmando que a plataforma utiliza meios ilegais e brechas jurídicas para pagar aos músicos e gravadoras menos do que deveria. A declaração é uma mostra de que os combates com relação aos royalties devem continuar no futuro.
Um outro dado pode servir para apoiar ainda mais essa disputa – a utilização de plataformas digitais também parece estar fazendo com que os consumidores voltem a gastar com música. Em 2016, o valor de revenda dos álbuns, seja para lojas ou plataformas online, cresceu 9,3%, para US$ 5,3 bilhões, também um número que representa o maior ganho dos últimos nove anos.
Além disso, os sistemas pagos de streaming também apresentaram os maiores níveis de crescimento de sua história, com um aumento de 114% em 2016. No total, são 22,6 milhões de usuários pagantes nas mais diferentes plataformas do tipo, mais do que o dobro em relação aos 10,8 milhões em 2015.
No relatório, a RIAA ainda elogiou nomes como a Apple Music, que, de acordo com ela, é a que paga royalties mais justos em todo o setor, e o Spotify, antes grande alvo da indústria, mas que vem melhorando nesse sentido. Entretanto, Sherman citou incertezas com relação ao futuro, principalmente em relação aos serviços gratuitos, e disse que, por mais que o crescimento seja positivo, ele ainda assim não compensa os quase dez anos de perdas que a indústria vinha sofrendo.
É claro, o que o CEO deixa de fora foi a demora e a recusa da indústria em aderir às plataformas digitais. Por meio de ações judiciais, boicotes e polêmicas, a RIAA e outras associações tentaram frear esse crescimento por anos, principalmente nas modalidades gratuitas, enquanto a mudança no paradigma parecia cada dia mais inevitável. Uma vez que o movimento se solidificou, então, não havia mais saída, e gravadoras e empresas foram obrigadas a aderir aos novos tempos. Agora, então, começam a colher os frutos tardios dessa mudança.
Fonte: RIAA