SERÁ QUE FINALMENTE DESCOBRIMOS UM BURACO NEGRO DE MASSA INTERMEDIÁRIA?

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Os buracos negros, entidades cósmicas de extrema densidade e gravidade, são classificados geralmente em duas categorias principais: buracos negros estelares, que possuem massas inferiores a 100 vezes a massa do Sol, e buracos negros supermassivos, encontrados nos núcleos de grandes galáxias, com massas que podem atingir bilhões de vezes a massa solar. No entanto, entre esses extremos, existe uma categoria intermediária, os buracos negros de massa intermediária (IMBHs), cuja existência tem sido objeto de intensa pesquisa e debate.

Os IMBHs são considerados os “elos perdidos” na evolução dos buracos negros, preenchendo a lacuna entre os buracos negros estelares e os supermassivos. A descoberta e confirmação de IMBHs são cruciais para entender como os buracos negros crescem e evoluem ao longo do tempo. Eles podem fornecer pistas sobre os processos que levam à formação dos buracos negros supermassivos que dominam os centros galácticos. Além disso, a presença de IMBHs em aglomerados estelares densos, como Omega Centauri, pode oferecer insights sobre a dinâmica interna desses sistemas e os mecanismos de interação estelar que podem levar à formação de buracos negros de diferentes massas.

A busca por IMBHs é, portanto, uma das fronteiras mais emocionantes da astrofísica moderna. A confirmação de um IMBH em Omega Centauri não só enriqueceria nosso entendimento sobre a evolução dos buracos negros, mas também poderia transformar nossa compreensão sobre a formação e evolução dos aglomerados globulares e, por extensão, das galáxias.

O Omega Centauri, um dos mais fascinantes e massivos aglomerados globulares conhecidos, é uma verdadeira joia no firmamento do hemisfério sul. Composto por aproximadamente 10 milhões de estrelas, este aglomerado se destaca não apenas por sua magnitude e beleza, mas também por seu valor científico. Localizado a cerca de 17.700 anos-luz da Terra, Omega Centauri é visível a olho nu e tem sido objeto de observação e estudo desde os tempos antigos. Ptolomeu, o renomado astrônomo grego, foi o primeiro a catalogá-lo há quase 2.000 anos, inicialmente como uma única estrela. Posteriormente, Edmond Halley o identificou como uma nebulosa em 1677, e foi somente no século XIX que John Herschel reconheceu sua verdadeira natureza como um aglomerado globular.

A recente descoberta de um possível buraco negro de massa intermediária (IMBH) no globular cluster Omega Centauri foi realizada por uma equipe internacional de astrônomos, que utilizou uma vasta coleção de mais de 500 imagens capturadas pelo Telescópio Espacial Hubble ao longo de duas décadas. Este conjunto de dados, originalmente destinado à calibração dos instrumentos do Hubble, revelou-se uma mina de ouro para a pesquisa científica, fornecendo uma base de dados ideal para o estudo dos movimentos estelares dentro do cluster.

Os pesquisadores concentraram-se no rastreamento do movimento de sete estrelas que exibiam velocidades excepcionalmente altas na região central de Omega Centauri. A análise detalhada dessas estrelas permitiu a criação de um catálogo abrangente dos movimentos estelares, medindo as velocidades de 1,4 milhão de estrelas. Este esforço meticuloso possibilitou a detecção de anomalias que sugerem a presença de uma força gravitacional significativa atuando sobre essas estrelas rápidas.

As estrelas identificadas na pesquisa apresentavam velocidades tão elevadas que, em condições normais, deveriam escapar do cluster e nunca retornar. No entanto, a observação de que essas estrelas permanecem gravitacionalmente ligadas ao centro de Omega Centauri sugere a presença de um objeto extremamente massivo exercendo uma força de atração sobre elas. A explicação mais plausível para esse fenômeno é a existência de um buraco negro com uma massa estimada em pelo menos 8.200 vezes a massa do Sol.

Maximilian Häberle, do Instituto Max Planck de Astronomia na Alemanha, que liderou a investigação, destacou que a descoberta dessas estrelas de alta velocidade fornece a evidência mais direta até o momento da presença de um IMBH em Omega Centauri. Este achado é particularmente significativo, dado que apenas alguns outros candidatos a IMBH foram identificados até hoje, tornando esta descoberta uma adição valiosa ao campo da astrofísica.

FONTE:

https://hubblesite.org/contents/news-releases/2024/news-2024-015

https://www.nature.com/articles/s41586-024-07511-z

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Artigo original:
spacetoday.com.br