A segunda temporada de The Mandalorian trouxe no episódio 14, intitulado The Tragedy, um dos nomes que mais deveria estar dentro da saga: a do diretor “porra louca” Robert Rodriguez.
Primeiro, porque sua experiência em cinema está baseada no mesmo caminho percorrido por George Lucas: o de experimentar tecnologias digitais. Segundo, por desafiar o mainstream hollywoodiano quando trouxe para a realidade cinematográfica a adaptação do lendário quadrinho Sin City, de Frank Miller. Mas, quando Robert Rodriguez e Quentin Tarantino se juntam, atos de ousadia são sempre uma possibilidade. Chamaram o criador dos quadrinhos para dirigir junto a eles o longa de forma que o título original do filme mudou para “Frank Miller’s Sin City”, ato que gerou o descontentamento dos sindicatos e da academia de artes cinematográficas de Hollywood que pediu a remoção do nome do criador dos quadrinhos que não possuía registros dentro do mercado do cinema. Rebelde como é, Rodriguez mandou o dedo do meio para as cobranças.
Inclusive, em uma premiação de filmes de gênero no padrão da MTV, o extinto Scream Awards, Rodriguez ao subir no púlpito para receber o prêmio e agradecer seus profissionais não demorou para emendar ao final “Fuck You Hollywood” segurando o troféu em formato de estaca de vampiro.
Qualquer outro diretor sem talento poderia ter sua carreira condenada depois dessa investida, mas o diretor sempre foi uma figura inquieta e nunca lhe sobrou tempo para intempéries. Só de pensar que um dia seu filho que na época tinha cinco anos contou uma história louca no ouvido, e ele, pai babão maravilhado, tratou de tornar a realidade o deslumbre da criança eternizando a historinha no filme As Aventuras de Shark Boy e Lava Girl. Sua série “Pequenos Espiões” é um bom ponto de se pensar no quanto os experimentos dentro do universo digital do cinema se tornou seu painel de ousadias a ponto de garantir um convite de James Cameron para compor a mesa de diretores que estão eventualmente experimentando os avanços digitais junto aos diretores Robert Zemeckis, George Lucas, Steven Spielberg e com o já citado Cameron que produziu seu longa em parceria Alita: Anjo de Combate.
Depois desse deslumbre de algumas atitudes do diretor, posso trazer aqui uma recomendação literária, o seu livro A Rebel Without a Crew, escrito na mesma época que ganhou festivais com seu longa de estreia El Mariachi.
De volta ao nosso “mandoverse”, Rodriguez hoje é produtor executivo da Disney para essa série tão aguardada em dezembro desse ano e conta como foi trabalhar com a tecnologia dos estúdios Volume, que permite que os fundos VFX apareçam em tempo real e porque ele prefere os tradicionais efeitos de tela verde para cinema.
Para quem trabalha ou pesquisa cinema, ele contribui para que o fluxo de trabalho que essa tecnologia traz seja mais adequada para série do que filmes: “No início, pensei que talvez fizesse mais sentido para uma série, porque você poderia ter cargas que você poderia reutilizar e lugares aos quais pode voltar com frequência que seriam impossíveis de acessar regularmente em uma série”, disse Rodriguez.
“Não sei se o usaria muito em um filme em que são feitas apenas cenas únicas. Elas têm apenas alguns minutos de duração e você nunca mais volta para aquele local. Como em uma sequência para We Can Be Heroes (aqui se chama Pequenos Grandes Heróis), até eu estava pensando: ‘Será que eu usaria o volume? Ou filmaria uma tela verde tradicional de novo?’ Porque eu tenho algumas coisas muito legais. “
“Em um filme, eu gosto mais da tela verde. Então, posso ver como essa coisa vai ficar até mais tarde. Posso começar a alinhar o primeiro plano com as crianças, 11 crianças no primeiro plano. Posso iluminar isso em um cenário e então realmente discar em segundo plano”, acrescentou.
A pré-produção estendida é um problema particular para os filmes infantis de Rodriguez, onde os atores correm o risco de ficar muito velhos se houver muito tempo entre as parcelas. Rodriguez provavelmente não usará a tecnologia em seu próximo longa-metragem, uma sequência de We Can Be Heroes na Netflix. No geral, ele descreve a tecnologia de volume como “uma coisa realmente ótima, mas não acho que seja necessariamente uma ferramenta que se adapta a todos os projetos.”
Essa expectativa pela série está mais baseada no clima faroeste que o diretor domina bem, e nas probabilidades de quais personagens podem surgir nessa micro série para compor a atmosfera. Como diz Michel Arouka (nosso amigo da série maníacos): o Hype é real.
Por: Prof.º Me. Vebis Jr
Mestre em Cinema
Especialista em Comunicação
Graduado em Audiovisual e Multimídia
Revisado por: Alexandre Agassi
Jornalista e apaixonado pela Sétima Arte
Artigo original:
sociedadejedi.com.br