No final do ano passado recebemos um presente de Carrie Fisher pouco antes de sua morte. Memórias da Princesa – Os Diários de Carrie Fisher nos apresenta um pouco sobre a pessoa e atriz incrível que foi nossa eterna Princesa Leia, além, é claro, de trazer curiosidades sobre os bastidores.
O livro foi escrito pela própria Carrie Fisher e pode-se dizer que é dividido em três partes: Primeiro, ela contextualiza você na época – muitos dos fãs atuais de Star Wars ainda não eram nem nascidos em 1976 – e apresenta um pouco sobre sua infância, a relação com a família e todo seu desenvolvimento para que chegasse ao momento em que foi escolhida para viver Leia.
Depois, ela nos conta sobre os bastidores. Nessa parte somos apresentados às anotações do diário de uma atriz de 19 anos. Muitas páginas são reservadas para falar do romance secreto vivido com Harrison Ford durante as gravações do primeiro filme e os conflitos internos que ela vivia.
Para finalizar, Fisher fala sobre a surpresa do sucesso de Star Wars e de como foi tornar-se uma celebridade da noite para o dia – e como ela lidava com isso mesmo depois de tantos anos.
A cada uma das 220 páginas de Memórias da Princesa, nos sentimos mais próximos da autora e atriz. É como se estivéssemos conversando com uma amiga das antigas. Carrie nunca correspondeu ao estereótipo de mocinha comportada, inclusive sempre foi um tanto “desbocada.” Isso não muda no livro: Ela nos conta sobre alguns romances e fala sobre sexualidade tranquilamente.
No livro, é fácil de perceber a personalidade de Fisher enquanto conta suas histórias, pois quem conhece a atriz sabe como ela tinha o linguajar livre, solto e à vontade, e como palavrões e um temperamento explosivo faziam parte de quem ela era.
Uma das coisas que não pude deixar de notar com curiosidade – já que o livro foi lançado muito próximo à morte da atriz – foi que ela fala muito sobre sua morte.
“É difícil imaginar qualquer obituário na TV que não use uma foto daquela garotinha fofo de rosto redondo com um coque bobo de cada lado de sua cabecinha inexperiente.”
Até mesmo na parte do diário podemos encontrar este tipo de comentário:
“Se alguém ler isto quando eu tiver passado para o grande e cruel além, vou ficar póstuma e comicamente envergonhada. Vou passar toda a minha vida pós-morte ruborizando.”
Carrie Fisher, como já era de se esperar, também aborda no livro o machismo da indústria do entretenimento
“(…) é carne masculina, com mulheres salpicadas generosamente nela como tempero.”
E de seus fãs homens:
“Mas atualmente a reação que às vezes percebo é de decepção, ocasionalmente beirando o ressentimento por eu ter profanado meu corpo ao permitir que minha idade avançasse.”
Muitos dos sentimentos e conflitos mais íntimos da atriz são expostos aqui, como ela achou uma loucura quando começaram a aparecer bonecas de sua personagem, como não entendia o que era – e não esperava – se tornar um sex symbol, ou seus sentimentos conflituosos por seu relacionamento-não-relacionamento com Ford – que, inclusive, quando paramos para pensar, só foi possível ter sido mantida em segredo por todo esse tempo porque eles ainda não eram famosos e não se estendeu para as gravações do segundo filme.
Foto por: Ben Queenborough/REX/Shutterstock – Carrie Fisher, Gary e estátua de cera da Slave Leia no Madame Tussauds
Se como fã da saga você procura informações preciosas ou técnicas sobre o filme e os bastidores, talvez vá se decepcionar, mas se quiser conhecer melhor a mulher que deu vida à nossa Princesa Leia é leitura indispensável.
Na Celebration deste ano fizeram uma homenagem à Carrie Fisher. Apesar de não ter ligação com o livro, fiquei emocionada e deixo o vídeo aqui embaixo para quem ainda não assistiu: