* Por Tiago Khouri / Foto: halfpoint
Na Sotheby’s International Realty, comprar uma ilha é uma experiência única graças às aplicações de Realidade Virtual (VR) que essa imobiliária de luxo já está utilizando. A meta é propiciar ao comprador bilionário uma imersão na nova propriedade – a forte sensação de realidade e de interatividade faz com que esse momento seja uma experiência impactante, com claro poder de gerar negócios.
Esse caso é só uma amostra do que ainda está por vir, pois os horizontes das aplicações de Realidade Virtual e Realidade Aumentada (AR) são muito amplos.
Conceitualmente, VR cria um mundo completamente virtual onde o usuário pode interagir com elementos desse cenário; AR, por outro lado, expande a sensação ao inserir, em cenas reais e locais que efetivamente existem, objetos virtuais criados digitalmente. O jogo Pokémon Go é a experiência AR mais difundida no mundo até agora.
Segundo pesquisas da Goldman Sachs, porém, o alcance dessas tecnologias irá muito além de jogos. Até 2025, a venda de imóveis, o varejo e o atendimento de serviços de saúde usarão pesadamente aplicações de VR/AR, em que imagens virtuais e objetos digitais criarão um mundo paralelo para o consumidor. O Gartner indica que antes disso, em 2020, 100 milhões de pessoas já estarão fazendo compras em aplicações VR/AR que projetam o efeito de uma maquiagem no rosto da consumidora, o caimento de uma roupa em seu corpo. Nesta mesma data, segundo o instituto de pesquisa Business Intelligence, o mercado global (aplicações, infraestrutura de software, hardware e telecomunicações) de VR/AR atingirá a marca dos US$ 162 bilhões.
É importante destacar, porém, que para mostrar seu valor, as soluções de VR/AR demandam profundas mudanças na infraestrutura de TIC, em especial nos data centers, o coração de todas as aplicações virtuais.
Aqui estão alguns dos pontos que estão levando os data centers a se reinventarem.
Enormes volumes de dados
Aplicações VR e AR necessitam de uma enorme quantidade de dados – proporcionar estas experiências através da rede irá representar um grande desafio. Estima-se que um vídeo de 6k de resolução rodando nos óculos GearVR pode representar um arquivo 20 vezes maior do que um vídeo Full HD atual.
Para viabilizar isto, será necessário realizar investimentos significativos para modernizar as redes de banda larga. As empresas estão estudando atentamente, também, os ganhos que novas tecnologias de rede e de compressão de video podem trazer para este quadro. O fato é que, com a disseminação de aplicações de VR/AR, a demanda sobre a infraestrutura irá aumentar e isso tem de ser contemplado nos planos futuros dos provedores de serviços (data centers).
Edge computing
Conforme a VR e a AR crescem, líderes de TI também precisam começar a escolher o local onde será instalado o data center – essa decisão deve leva em conta capacidades de largura de banda e de rede. A meta é diminuir a latência do sistema, algo crítico para aplicações tão pesadas e interativas quanto essas.
Diante desses desafios, vale a pena explorar a edge computing.
A edge computing coloca o data center próximo aos usuários finais, possibilitando que que análises, armazenamento e poder computacional estejam no mesmo lugar. Esta estratégia fornece uma alternativa à abordagem tradicional, onde os data centers são remotos e os dados tem de viajar grandes distâncias antes de serem processados. Num mundo repleto de aplicações VR/AR, a edge computing será crítica para garantir que a experiência imersiva em mundos virtuais aconteça de maneira consistente.
Data Center resiliente
Além de tratar de problemas de conectividade e latência, os profissionais de TI precisam começar a melhorar a resiliência do data center. O poder computacional e o tráfego de dados necessário para fazer funcionar a AR e a VR colocam uma enorme sobrecarga na infraestrutura atual.
Para resolver isso, é preciso melhorar as capacidades de poder computacional e armazenamento.
Soluções de processamento de dados, análises e gestão de carga também precisam ser otimizados. Porém, melhorar só o seu próprio data center não é o suficiente. Para cumprir as metas de entregar as aplicações VR e AR, é necessário usar todas as tecnologias relevantes, contratando fornecedores externos para reforçar as capacidades. Esta abordagem para gestão de infraestrutura é chamada de Data Center Definido por Empresa (EDDC – Enterprise Defined Data Center).
A importância do gerenciamento
O EDDC e soluções edge necessários para entregar a VR e a AR em volume vão criar uma infraestrutura de TI mais complexa.
Neste quadro, é fundamental investir em soluções de Gestão de Infraestrutura de Data Center (DCIM – Data Center Infrastructure Management). Essas sofisticadas plataformas de gerenciamento garantem que a infraestrutura do data center atue de forma otimizada, apresentando a capacidade, a potência e a disponibilidade que as novas aplicações exigem.
Empresas líderes do mundo digital, incluindo Airbnb e Uber, já se apoiam em ferramentas DCIM plenamente capazes de gerenciar um mix de serviços locais e hospedados remotamente. Isso permite que se identifique e remedie rapidamente os problemas. Embora a solução exata de DCIM a ser adotada pelas empresas varie de negócio para negócio, essa plataforma é mandatória para qualquer companhia que deseje proporcionar experiências VR e AR.
* Tiago Khouri é diretor de marketing e planejamento da Vertiv Latin America