A missão Mars Sample Return (MSR) da NASA, que visa coletar amostras da superfície marciana e retorná-las para estudo na Terra, enfrenta um escrutínio rigoroso. O Comitê de Dotações do Senado dos Estados Unidos analisou e fez recomendações sobre o projeto de lei de gastos para o ano fiscal de 2024, e as conclusões não atendem totalmente às expectativas da NASA.
O projeto de lei de gastos do Comércio, Justiça e Ciência (CJS), responsável por alocar fundos para a NASA e outras agências governamentais, foi submetido à revisão do comitê e aprovado por uma votação expressiva de 28 a 1 em 13 de julho. Este projeto garante financiamento para o contínuo programa Artemis da NASA, que visa a exploração lunar, entre outras iniciativas de exploração espacial. No entanto, ele propõe um corte significativo, superior a meio bilhão de dólares, no orçamento da NASA destinado à ciência planetária.
A senadora Patty Murray, em suas observações iniciais, destacou que o projeto de lei foi elaborado sob limitações bastante desafiadoras. Ela enfatizou que tais restrições comprometem a capacidade de investir no futuro do país. O MSR, devido à sua natureza ambiciosa e custos crescentes, parece ser o primeiro alvo de reavaliação do comitê. Um relatório recente da Ars Technica detalhou projeções de custo para a missão MSR, indicando que os valores internos quase dobraram, elevando a estimativa geral da missão para entre 8 e 9 bilhões de dólares.
O relatório do Comitê do Senado expressa preocupação com o fato de que a MSR está sendo priorizada em detrimento de outras missões críticas da NASA. O documento ressalta desafios técnicos significativos enfrentados pela MSR e potenciais impactos em missões já confirmadas, mesmo antes da missão passar por uma revisão preliminar de design. O comitê deu à NASA um prazo de 180 dias após a promulgação do projeto de lei para fornecer um detalhamento orçamentário anual para a MSR. Se a agência espacial não cumprir esse prazo ou não conseguir reduzir os custos para se adequar ao orçamento proposto, a missão pode enfrentar o risco de cancelamento.
O relatório também sugere programas alternativos para realocação de fundos, caso o cancelamento ocorra. Entre eles estão a campanha Artemis, a missão Dragonfly e uma missão emblemática para Urano. O levantamento decadal, que orienta as prioridades de exploração da NASA para a próxima década, coloca a MSR no topo de sua lista. No entanto, o relatório do Senado destaca preocupações com os atrasos contínuos no cronograma de lançamento da MSR e o aumento dos recursos financeiros e humanos dedicados a ela, o que está levando a NASA a adiar outras missões de alta prioridade.
A colaboração entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA) é fundamental para a missão MSR. Esta missão envolve operações complexas, incluindo o uso de um veículo robótico, drones semelhantes a helicópteros e o rover Perseverance, que está contribuindo ativamente para a missão. O rover está equipado com 38 recipientes de amostra que estão sendo preenchidos e depositados na superfície de Marte. Uma vez coletadas, as amostras serão lançadas em órbita ao redor de Marte e, posteriormente, retornarão à Terra, onde aterrissarão no deserto de Utah.
O sucesso da MSR pode fornecer dados inestimáveis para pesquisadores, abrindo caminho para teorias sobre o desenvolvimento geológico de Marte, a história do planeta e até mesmo sinais de vida biológica antiga. No entanto, para o Comitê do Senado, os benefícios potenciais da MSR não justificam sacrificar outras missões cruciais da NASA.
O levantamento decadal concorda, até certo ponto. Ele recomenda que a MSR seja concluída o mais rápido possível, mas enfatiza que o custo da missão não deve comprometer o equilíbrio programático de longo prazo do portfólio planetário. Em vez de sugerir a suspensão da missão caso ultrapasse o orçamento, o levantamento aconselha a NASA a trabalhar com legisladores para garantir um aumento de orçamento que assegure o sucesso da missão.
Além da MSR, o projeto de lei de gastos do CJS propõe um aumento no orçamento da NASA para seus programas de exploração de cerca de 270 milhões de dólares. No entanto, isso ainda fica 230 milhões de dólares aquém do pedido de orçamento da NASA para 2024. Em termos gerais, o projeto de lei propõe uma redução nos fundos da NASA em 384 milhões de dólares em comparação com o ano fiscal de 2023. Esta redução está parcialmente ligada à Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada pelo Senado no mês anterior, que limita os gastos não relacionados à defesa para o próximo ano e permite apenas um aumento de 1% para 2025.
Em resumo, a missão MSR da NASA, embora ambiciosa e potencialmente revolucionária, enfrenta desafios significativos em termos de financiamento e priorização. A colaboração entre agências, os desafios técnicos e os crescentes custos orçamentários tornam o futuro desta missão incerto, mas a importância de sua realização é inegável para o avanço da ciência planetária.
Fonte:
https://www.space.com/mars-sample-return-faces-senate-committee-cancellation
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spacetoday.com.br