Europa, um dos satélites de Júpiter, é um dos melhores candidatos no Sistema Solar, para se encontrar vida, graças ao grande oceano de água líquida que ele possui em sua subsuperfície. Mas detectar qualquer sinal de vida, tem se provado difícil, já que o oceano está abaixo de uma espessa camada de gelo com quilômetros de espessura.
Uma solução é buscar por moléculas relacionadas com a vida que são trazidas para a superfície através das plumas de água e outros processos geológicos. Os pesquisadores acreditavam que essas moléculas não ficariam perto da superfície, pois Europa é atingido pela intensa radiação emanada de Júpiter, e essa radiação destruiria qualquer sinal de vida.
Agora, aparentemente, os aminoácidos, que são cruciais para todos os processos biológicos, poderiam estar protegidos apenas a alguns centímetros abaixo da crosta congelada.
Isso faria com que a tarefa de buscar vida se tornasse bem mais fácil, disse Tom Nordheim, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Pasadena, na Califórnia. “Nós poderemos apenas arranhar a superfície para buscar por vida, ao invés de fazer uma perfuração profunda no satélite”.
A equipe de Nordheim observou o quão rapidamente os aminoácidos seriam destruídos pela radiação em laboratório, e então calcularam qual a profundidade que as moléculas precisariam estar para que pudessem sobreviver ao nível de radiação experimentado por Europa.
Eles descobriram que em algumas áreas, os aminoácidos estão localizados a apenas 2 centímetros abaixo da superfície e poderiam ficar ali protegidos por 10 milhões de anos. Mesmo moléculas em áreas com a radiação mais intensa, os aminoácidos poderiam sobreviver a apenas 10 cm abaixo da superfície congelada.
Isso poderia ter implicações significantes para futuras missões que devem explorar Europa. As missões planejadas para Europa estão focadas em módulos orbitais para detectar moléculas a partir das plumas de água que são expelidas pelo satélite, mas essas plumas podem ser inconsistentes e imprevisíveis. A ideia de que a evidência para vida em Europa pode estar bem perto da superfície fortalece o caso de se mandar um módulo de pouso para o satélite.
Michel Blanc, do Research Institute in Astrophysics and Planetology na França, disse que módulos de pouso tem seus próprios desafios. “O maior problema é que os locais com atividade geológica podem ser também os que possuem uma topografia pior”. Embora a superfície de Europa seja de forma geral suave, plana, qualquer missão, para buscar por evidências de vida iria pousar nos locais mais complicados e no terreno mais acidentado.
Fonte:
[https://www.newscientist.com/article/2174773-we-could-find-life-on-europa-by-just-scratching-its-surface/]
Artigo original:
spacetoday.com.br