It’s all about the hands. Meanwhile… #BreatheJustBreathe https://t.co/VgWKk6I0wv
— Mark Hamill (@HamillHimself) October 8, 2017
“É tudo sobre as mãos.”
A mitologia de Star Wars sempre foi envolta em simbolismo. Vemos muito disso na trilogia prequel como também na trilogia original. Então, é conclusivo que essa técnica narrativa também está sendo usada na trilogia sequel. Vamos analisar o que as mãos e o foco nelas nas cenas podem nos dizer sobre as motivações dos personagens, começando por O Despertar da Força.
Parte I: Rey
Primeiro vamos ver como o simbolismo se reflete em Rey e sua mão. Quando Rey decide não vender BB-8 a Unkar Plutt, é estabelecido que ela é uma personagem compassiva quando ela mais precisa e quando ele começa a confiar em alguém. Provavelmente, sua decisão de ajudar BB-8 começou quando ela começou a se identificar com BB-8 (“Confidencial, sério? Eu também.”). Isso também foi explorado em Os Últimos Jedi, quando ela começa a ter compaixão por Kylo Ren a partir de quando ela começa a se identificar e ter certa confiança nele, antes que, como sabemos, essa confiança seja quebrada. Então podemos admitir que Rey é alguém que se abre quando confia em alguém, e pudemos ver isso na sua primeira interação com Finn.
Primeira e obviamente, Rey desconfia de Finn e de suas intenções, pela sua amizade com BB-8. Quando a situação em Jakku se transforma em uma de vida ou morte, Rey gradativamente se transforma de alguém que resiste para não segurar a mão de Finn (“Larga minha mão!”) para alguém que dá a mão a ele depois que são atingidos pelo caça TIE da Primeira Ordem.
A interação de Rey com BB-8 nos leva ao simbolismo utilizado nas suas interações com Finn. Isso marca sua transição de alguém que prefere se parecer egoísta, a alguém que demonstra compaixão a um dróide, que demonstra compaixão a outro ser humano. Sua mão representa sua humanidade. Por conta de sua situação em Jakku e a luta que ela enfrenta todo dia, ela guarda sua humanidade com ela por conta de suas vulnerabilidades.
Isso é representado quando ela recusa que Finn pegue na sua mão. Mas quando algo acontece, ela consegue dar sua ‘mão’ (compaixão) para Finn, já que ela se sente mais confortável quando está no controle da situação. Esse enredo é resolvido quando Finn volta para Rey na Starkiller, e eles se abraçam.
Este simbolismo de certa forma é repetido em Os Últimos Jedi em relação à Rey e Kylo, mas enquanto Kylo a decepciona, Finn não a decepciona, tanto que se abraçam novamente no final do filme.
Parte II: O forceback
A visão da Rey é outro lugar importante para discutir o significado por trás do que chamamos de ‘dualidade das mãos,’ já que isso nos traz um contexto para a ideia. A sequência de eventos durante a primeira parte da visão conta uma história que conecta a ‘mão’ de Rey com a ‘mão’ de Luke (O que também é explorado em Os Últimos Jedi, mas isso fica para outro post). A primeira coisa que ouvimos quando a visão começa é a respiração mecânica de Vader. Logo após, Rey está andando por um corredor, o qual já foi confirmado ser na Cidade das Nuvens. Como sabemos, essa é a cena aonde Vader revela a Luke que ele é seu pai. E também é a cena aonde o sabre Skywalker é perdido, junto com a mão de Luke. Isso nos leva a próxima cena, onde após ouvir o famoso grito de Luke “nãooo!” após saber da verdade, vemos uma figura encapuzada colocando sua mão mecânica em R2-D2.
Aqui vemos a Saga explica a ‘dualidade das mãos’, ao que isso se aplica em O Despertar da Força. Luke perdeu sua mão humana (ou seja, parte de sua compaixão e humanidade, vide Parte I) para seu pai que se tornou mais máquina do que homem. Este ato de desarme volta em O Retorno de Jedi, quando Luke desarma Vader e percebe o caminho que está trilhando.
Rey assiste Vader (mais máquina do que homem) destruir parte da humanidade de seu filho, num sentido simbólico através da perda de sua mão, o que é agora substituído por uma mão mecânica, inumana, e artificial. Em O Retorno de Jedi, isso serve como um lembrete de como ‘desarmar alguém’ pode servir como um caminho para o lado sombrio.
Agora, olhando para Luke em O Despertar da Força, sua pele sintética já se dissolveu, revelando mais uma vez a mão robótica e uma lembrança de onde ele esteve. As cicatrizes do passado voltaram na forma de Kylo Ren, e suas preocupações e inseguranças foram expostas.
Isso estabelece o que chamamos de ‘dualidade das mãos”: O filme usa a mão de Rey e a de Luke como contrastes, culminando na cena final onde Rey e sua ‘humanidade’ (mão saudável) retorna o sabre Skywalker a Luke em seu estado emocionalmente debilitado (mão mecânica). O círculo agora está completo.
Parte III: O braço de C-3PO
Outro ponto interessante é de como o estado de C-3PO em O Despertar da Força aplica a mesma ideia. Quando vemos C-3PO, ele está com um braço vermelho, e diz a Han Solo que ele provavelmente não o reconheceria por causa do novo braço. No entanto, no final do filme, vemos C-3PO se despedir de Rey, que estava indo para Ahch-To, com seu braço dourado novamente.
Isso simboliza algumas coisas. Primeiramente, C-3PO acredita que ele não poderia ser reconhecido com seu braço normal. Isso se aplica a Luke em seue stado atual na narrativa; Luke sente que, por conta de suas falhas com Ben e com a Academia Jedi (e agora provavelmente com Rey, ao não contar a verdade a ela), ele não deveria mais ser reconhecido como o Luke Skywalker que ele já foi. No entanto, C-3PO tem seu braço de volta quando Rey sai para encontrar Luke, simbolizando que a ‘cura’ de Luke estava lá: Rey estava lá para completar Luke com seu toque ‘humano’. A dualidade das mãos se juntaram, e se completaram.
Fonte: SWSC
Artigo original:
sociedadejedi.com.br