Um núcleo ativo de galáxia, ou AGN, do inglês, contém um buraco negro supermassivo que está agregando material de forma vigorosa. Um AGN, normalmente ejeta jatos de partículas que se movem à velocidades próximas da velocidade da luz, liberando energia em muitos comprimentos de onda, em particular, nos raios-X, através de processos que estão entre os fenômenos mais energéticos que acontecem no universo. Esses jatos são normalmente alinhados e se estendem para muito longe da galáxia que hospeda o buraco negro, e se esses jatos estiverem apontados diretamente para nossa linha de visão, eles pertencem à classe mais espetacular desses fenômenos e recebem um nome especial – blazars.
A alguns anos atrás os astrônomos notaram que alguns tipos de blazars tinham jatos poderosos que pareciam estar excedendo a força fornecida pela agregação de matéria. Duas ideias surgiram então para explicar a diferença: os jatos estão também extraindo força da rotação do buraco negro ou do fluxo magnético ao redor do objeto. Como esse processo acontece, se é que de fato ele acontece, é algo altamente debatido, mas uma linha popular de argumento assume que o processo está relacionado com a massa do buraco negro supermassivo, com os casos mais massivos (mais de centenas de milhões de vezes a massa do Sol), sendo os mais anômalos. Recentemente, o Telescópio Espacial de Raios-Gama Fermi detectou raios-gama (fótons ainda mais energéticos do que os de raios-X) vindo de uma classe de galáxias, as chamadas galáxias Seyfert, galáxia espirais com um buraco negro supermassivo relativamente pequeno, com aproximadamente 10 milhões de vezes a massa do Sol. Os astrônomos especulam que esses buracos negros de massa relativamente baixa podem fornecer as pistas que eles precisam para saber as fontes de poder dos jatos relativísticos.
O astrônomo do CfA, Mislav Balokovic, e seus colegas, completaram um estudo multiespectral da galáxia do tipo Seyfert PKSJ1222+0413 que brilha como se fosse um blazar e incluíram dados de raios-gama até ondas de rádio, tanto de arquivo como novas observações, incluindo resultados do telescópio espacial NuSTAR. Eles então criaram um modelo completo da fonte, que é a mais distante desse tipo que se tem conhecimento, localizada a cerca de 8 bilhões de anos-luz de distância da Terra. Eles detectaram a assintura pronunciada de um disco de agregação de material, e estimaram a massa do buraco negro supermassivo a partir da largura e da intensidade das linhas de emissão em torno de 200 milhões de vezes a massa do Sol, algo que é cerca de 10 vezes maior que qualquer galáxia Seufert desse tipo. A luminosidade do jato é cerca de metade da luminosidade da agregação, diferente dos casos de galáxias parecidas, onde o poder dos jatos excede o da agregação. Mas o objeto claramente cai num regime de transição para a intensidade dos jatos, permitindo que futuros estudos possam estudar em mais detalhe a origem da força tanto de galáxias do tipo Seyfert, como de blazars.
Fonte:
https://www.cfa.harvard.edu/news/su201926
Artigo original:
spacetoday.com.br