Lacus Excellentiae, o Lago da Excelência, é uma mancha irregular de lava meio escurecida localizado imediatamente ao sul do maior e mais escuro Mare Humorum que tem 380 km de diâmetro. Lagos lunares são regiões preenchidas com lava, que são pequenas para serem consideradas mares.
Da Terra, o Lacus Excellentiae fica relativamente próximo ao limbo sudoeste da Lua e por esse motivo ele parece encurtado. Visto de cima, o lago teria a aparência de uma estrela de cinco pontas, mas por sofrer esse encurtamento devido à sua posição essa forma é bem complicada de ser discernida. Sua lava é praticamente plana, sem nenhum tipo de feição, a não ser pela intrusão de 25 km de diâmetro, a chamada Cratera Clausius localizada na porção oeste do lago. Essa cratera tem um anel bem definido e uma forma oval bem distinta. Contudo, como o Lacus Excellentiae, internamente não tem muito para ser observado, pois a cratera apresenta também um assoalho plano. Se já é difícil ver o lago propriamente dito, imagina tentar ver alguma feição, como uma linha que cruza o lago, ela começa na ponta sul do Mare Humorum indo em direção à cratera Schickard de 227 km de diâmetro no sudoeste. A primeira metade dessa linha, começando na parte terminal do Mare Humorum, cruza o Lacus Excellentiae.
No lado leste com relação à Cratera Clausius, está um par de crateras em sobreposição, chamado de Clausius B. A maior, a cratera sobreposta, é chamada de Clausius BB, tem 23 km de diâmetro e uma forma ovalada, com um anel bem definido e um assoalho plano. A Clausius BA tem 17 km de diâmetro e se localiza sobre a Clausius BB, na parte norte. Mais a sudeste está um anel de forma irregular, que é chamado de Clausius F.
Se você gosta de desafios, tente identificar a Clausius G, que pode ser encontrada no assoalho do Lacus Excellentiae a sudoeste da Clausius B. Com um telescópio de 100 mm talvez não seja uma tarefa tão complicada assim. Então vá para oeste através do lago em direção ao anel sul da Clausius. Aqui você encontrará uma cratera com 4 km de diâmetro, a chamada Clausius J, um alvo mais complicado de ser observado, talvez você precise de um telescópio de 200 mm para fazer isso.
É um exercício fascinante ficar observando a lava do Lacus Excellentiae e tentando encontrar e traçar sua borda que faz divisa com as highlands da Lua. Para o norte, as coisas ficam ainda mais bagunçadas com muitas manchas de lava. Essa é a região de transição entre as highlands e o Mare Humorum. Nesse local um interessante grupo de 4 crateras parecidas podem ser encontradas, a norte do lago, são elas, a Vitello A, com 21 km de diâmetro, a Vitello C, com 14 km de diâmetro, a Vitello D, com 18 km de diâmetro e a Vitello H, com 12 km de diâmetro. Três delas aparecem com uma forma bem irregular, a exceção é a Vitello H que apresenta um certo grau de simetria na sua aparência. As 4 crateras possuem um assoalho plano sem evidência de qualquer pico central, ou fraturas.
Um fato interessante, sobre o Lacus Excellentiae, ele foi o local onde a missão SMART-1 terminou a sua missão, no dia 3 de setembro de 2006. A missão da ESA, que significava Small Missions for Advanced Research Technologies-1 foi lançada em 27 de setembro de 2003, e foi jogada de encontro ao lago para terminar a sua missão. O impacto resultante foi visível usando telescópios em Terra, e esse impacto, como qualquer outro, ajudou os pesquisadores a entenderem um pouco melhor a Lua. Com esse tipo de impacto é possível entender a formação de crateras, e nesse caso específico foi possível fazer estudos espectroscópicos importantes para se entender a composição do solo lunar.
Artigo original:
spacetoday.com.br