No final dos anos 1990, uma façanha espacial impressionante ocorreu quando a nave Galileo da NASA, em sua jornada pelo sistema joviano, registrou imagens de tirar o fôlego de uma das luas mais intrigantes de Júpiter: Europa. Essas imagens, juntamente com outras evidências científicas coletadas pela espaçonave, sugeriram que a superfície gelada de Europa possivelmente esconde um oceano global e profundo. Com este post, vamos explorar as maravilhas de Europa, a possibilidade de vida além da Terra e como os extremófilos da Terra podem nos dar pistas sobre que tipo de vida pode prosperar em um ambiente tão inóspito.
Ao olhar para as imagens de Galileo de Europa, o que mais chama a atenção são as longas fraturas curvas que atravessam sua superfície gelada. Estas fraturas são sugestivas de um oceano líquido abaixo da superfície, moldado pelas intensas forças de maré exercidas pela enorme gravidade de Júpiter. Além disso, a órbita elíptica de Europa ao redor de Júpiter significa que ela experimenta uma flexão de maré considerável, um fenômeno que fornece a energia necessária para manter seu oceano oculto em estado líquido.
O potencial de um oceano abaixo da superfície de Europa não é apenas uma maravilha geológica – ele representa também uma das melhores oportunidades para a busca de vida além da Terra. Isso se deve ao fato de que, mesmo na ausência de luz solar, o processo de flexão de maré pode fornecer a energia necessária para suportar a vida. Mas que tipo de vida poderia prosperar em um oceano profundo, escuro e subterrâneo?
Para responder a essa pergunta, podemos olhar para os extremófilos da Terra, organismos que prosperam em condições ambientais extremas. Tomemos, por exemplo, os camarões extremos encontrados nas profundezas dos oceanos da Terra. Esses camarões vivem em ambientes escuros, frios e de alta pressão, muito semelhantes às condições que se esperam encontrar nos oceanos de Europa.
Esses camarões extremos, também conhecidos como camarões das fontes hidrotermais, são capazes de sobreviver graças a um ecossistema complexo que gira em torno das chamadas chaminés negras – formações geológicas nas profundezas do oceano onde a água superaquecida rica em minerais é ejetada do fundo do mar. Em vez de depender da fotossíntese, a base da cadeia alimentar neste ambiente escuro é formada por microrganismos que se alimentam desses minerais – um processo conhecido como quimiossíntese.
Se a vida existe nos oceanos de Europa, é possível que ela siga um modelo similar. Assim como na Terra, onde a energia térmica e química das chaminés negras suporta a vida, a energia das forças de maré em Europa poderia suportar um ecossistema subterrâneo de vida.
A possibilidade de vida em Europa não é apenas um tópico fascinante de discussão – é uma hipótese que cientistas e pesquisadores estão ativamente buscando testar. A NASA planeja lançar a missão Europa Clipper em 2024, que buscará coletar mais dados sobre Europa e sua potencial habitabilidade.
A missão Europa Clipper será equipada com uma variedade de instrumentos científicos destinados a estudar a lua em detalhe, incluindo um radar para sondar abaixo da superfície gelada de Europa e um espectrômetro para analisar a composição química de sua superfície. Estes dados poderão revelar mais detalhes sobre o oceano de Europa e possivelmente fornecer evidências diretas ou indiretas de vida.
Enquanto aguardamos ansiosamente os resultados desta missão futura, continuamos a estudar as imagens e dados já coletados, incluindo aqueles da missão Galileo. Recentemente, essas imagens de Europa foram remasterizadas com calibrações aprimoradas, produzindo uma imagem em cores que aproxima o que o olho humano poderia ver. O resultado é uma visão de tirar o fôlego desta lua fascinante, cheia de possibilidades e promessas.
O estudo de Europa e a busca por vida além da Terra é um testemunho da curiosidade insaciável da humanidade e de nossa busca incessante por entender nosso lugar no universo. Enquanto olhamos para as estrelas e sonhamos com o que pode existir em mundos além do nosso, é empolgante pensar que, talvez, não estejamos sozinhos no universo. Quem sabe o que descobriremos quando finalmente conseguirmos olhar abaixo da superfície gelada de Europa?
Seja como for, uma coisa é certa: o universo é um lugar vasto e maravilhoso, cheio de mistérios ainda a serem desvendados. E com cada nova missão e descoberta, nos aproximamos um pouco mais de compreender a complexidade e a beleza da vastidão cósmica que nos rodeia.
Fonte:
https://apod.nasa.gov/apod/ap230520.html
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Artigo original:
spacetoday.com.br