Mudanças complexas na luz emitida a partir de um núcleo ativo de galáxia, ou um AGN, onde uma grande quantidade de material está sendo sugado para dentro de um buraco negro supermassivo, podem ser explicadas por nuvens relativamente pequenas de poeira que parcialmente obscurecem as regiões mais internas, dizem os astrônomos.
Em um artigo publicado recentemente, os astrônomos da Universidade da Califórnia Santa Cruz relataram o desenvolvimento de um código computacional que permite realizar simulações que se ajustam muito bem às observações realizadas de um AGN.
“Nós mostramos que muitas propriedades misteriosas do núcleo ativo de galáxia podem ser explicadas por essas pequenas nuvens empoeiradas, gerando mudanças no que estamos vendo”, disse Martin Gaskell, um pesquisador de astronomia e astrofísica e principal autor do artigo. “A emissão desse gás é uma das melhores fontes de informação sobre a massa de um buraco negro e como ele está crescendo. Contudo a natureza desse gás é bem pouca entendida”.
O gás espiralando em direção ao buraco negro é aquecido a enormes temperaturas à media que ele forma um disco achatado de acreção, emitindo radiação de alta energia de maneira vasta. O co-autor Peter Harrington, um estudante da UCSC, disse que parte da luz é absorvida e re-emitida pelos gases acima e abaixo do disco, que interage com a poeira mais distante.
“Uma vez que a poeira cruza um certo limite, ela é sujeita à forte radiação do disco de acreção”, disse Harrington. “Essa radiação é tão intense que ela sopra a poeira para longe do disco, resultando, em uma aglomeração de nuvens de poeira que começa na borda externa dessa região”.
As nuvens de poeira se apagam e deixam a luz emitida avermelhada.
“Nós escrevemos o código então nós podemos ajustar os parâmetros como a distribuição do gás na região, a velocidade com a qual ele está se movendo, e a orientação do sistema, além disso, podemos introduzir essas nuvens e ver como elas afetam os perfis de linhas de emissão”, disse Harrington.
Incluindo as nuvens de poeira no seu modelo, Gaskell e Harrington, podem replicar muitas das feições observadas das emissões do AGN, eliminando a necessidade de explicações mais exóticas como buracos negros binários.
Gaskell, disse: ”Nossa explicação nos faz manter a simplicidade do modelo de AGN padrão, da matéria espiralando em direção a um único buraco negro”.
Fonte:
https://astronomynow.com/2018/06/18/dust-clouds-may-explain-emissions-from-active-galactic-nuclei/
Artigo original:
spacetoday.com.br