O mercado de notebooks não anda muito bem das pernas, mas em alguns momentos um ou outro aparelho brilha e mostra que há onde inovar. O Lenovo Yoga 910 é um destes dispositivos. Muito bonito, com possibilidade de funcionar como tablet, mas com preço alto. Será que você precisa de um notebook destes?
METAL POR TODOS OS CANTOS
Diferente da versão anterior, o Lenovo 910 vem com corpo totalmente em alumínio. Deixando de lado borracha e couro, para um visual ainda mais premium. O conjunto é feito em uma peça única de metal, só que com bordas recheadas de ângulos retos nas laterais. Ok, é apenas um detalhe, mas a sensação é que você vai cortar a mão em pouco tempo – por mais que isso não vai acontecer.
Ainda neste ponto de laterais com ângulo generoso na curva, o trackpad e também o sensor biométrico aparecem no mesmo visual. A parte inferior deles é na mesma cor que o restante do computador, apenas com este pequeno degrau para que seu dedo não continue andando pela base. Ah, e falando no trackpad, a Lenovo foi inteligente e colocou uma área grande. Isso ajuda bastante na hora de utilizar gestos com mais de um dedo e na navegação geral do Windows.
Um dos problemas de corpo em metal é que ele fica sujo com mais facilidade, ainda mais em cor clara. Neste modelo conseguimos deixar umas marcas pequenas, na tampa, apenas por colocar o computador na mochila e levar para outra sala. Falando nisso, ele tem 1,36 quilo, somado a espessura de apenas 15 milímetros na parte mais grossa. É leve e fino o suficiente para que peso não seja um problema, mesmo quando você vai do trabalho para casa.
O carro chefe por aqui, do lado de fora, está na dobradiça que lembra a pulseira de um relógio. São muitas, muitas peças individuais que garantem que o movimento seja o mais natural possível, além de ser firme. Ele fica parado em uma centena de posições que você deixar e, depois de algumas semanas de uso, não notei pontos fracos.
Só me incomodou ver o cabo flat, que liga o monitor na carcaça, visível ali no meio. Sim, um computador deste tipo sabe lidar com isso e o cabo é mais do que necessário para energia e dados, mas ainda assim dá aflição.
TELA EM VÁRIOS MODOS
Por aqui são 13,9 polegadas de tela que pode ficar de pé, virada em modo tenda (que é ótima para ver vídeos, já que os falantes ficam voltados para você), de pé e ao contrário ou até mesmo em um modo de tablet.
O modelo que testamos utiliza tela Full HD, mas lá fora existe uma versão com display 4K. A qualidade de exibição de cores é espetacular, chegando bem perto da saturação que existe em telas OLED. O vidro frontal não tem tanto reflexo assim, mas ainda pode ser um problema em locais bem iluminados.
O que me incomodou bastante é a barra inferior, que é gigantesca quando você olha para as outras bordas. É lá que ficam os sensores de luz e também a câmera.
Isso significa que quando você estiver em conferências, todo mundo vai ver seu nariz. É só colocar o computador em modo tenda e isso é resolvido. A câmera frontal volta para onde deveria estar. Só que, sinceramente, seria melhor se a barra maior estivesse no topo, não pra baixo.
ESPECIFICAÇÕES E CONEXÕES
Em especificações a Lenovo entrega um processador Intel Core i7 de sétima geração, com 8 GB de memória RAM e 256 GB de SSD. Um hardware mais do que o necessário para muita, repito: muita velocidade em qualquer coisa que não seja um jogo.
- Intel Core i7 (7500U de até 2.7 GHz)
- Intel HD 620 Graphics
- 8 GB de RAM DDR4
- 256 GB de SSD
Na parte de conexões há duas portas USB-C, sendo que apenas uma delas é feita para receber energia, mas que pode funcionar como uma conexão USB tradicional. A outra apenas envia dados e é focada na transmissão de vídeo para uma tela externa.
Do outro lado há uma USB tradicional em versão 3.0, junto do botão liga/desliga e a entrada para fones de ouvido, que também reconhece fones que vem com microfone no mesmo cabo.
MUITO PODER DE FOGO, MAS PECA NA GPU
O desempenho do conjunto é veloz. Na verdade é estúpido de veloz. Desligado por completo, o notebook leva pouco mais de cinco segundos para estar pronto. Pronto para abrir até mesmo o Chrome, que gosta de comer processamento e memória RAM.
O que poderia ser melhor, já que o Yoga 910 custa caro, é a placa gráfica. A Intel HD Graphics lida bem com vídeos em 4K, por exemplo, mas nada de desempenho bom em jogos. As capacidades neste ponto são pequenas e poucos games atuais rodam bem.
O notebook é silencioso com seu cooler, mas você nota fácil que ele estás ligado até mesmo quando a única coisa aberta no computador é uma aba do navegador. O som dele é mais agudo e, justamente por isso, fica acima de outros sons que saem dos falantes.
Falando neles, temos um conjunto da JBL e que é OK para uma peça de computador que não tem caixas com espaço para reverberar. Há equalizador da Dolby pré-instalado, mas ele não faz mágica.
Resumindo: você tem um computador extremamente veloz apenas para o trabalho e produtividade. Dá pra jogar Candy Crush, mas fique longe de qualquer coisa pesada.
TECLADO E TOUCHPAD ESPAÇOSOS
O teclado que acompanha o Yoga 910 vem em layout brasileiro, o que coloca uma tecla específica para o Ç e a posição de alguns acentos em local mais conhecido. O espaço entre as teclas é confortável e há uma linha com atalhos, no lugar das teclas F. Há atalho para volume, brilho, modo avião e controle de brilho. Se você segurar a tecla Função e apertar espaço, por exemplo, é possível controlar o brilho da iluminação individual das teclas.
Junto do teclado, o touchpad conta com espaço de sobra para utilizar com mais de um dedo. Ele é certificado pela Microsoft como um touchpad bastante preciso, o que garante que funções de gestos podem ser controladas direto do menu de configurações tradicional do Windows. Nada de programas ou driver de terceiros.
Pela primeira vez na linha Yoga, há um leitor de impressões digitais. Ele funciona em conjunto com o Windows Hello e é tão veloz como nos leitores que estão em smartphones. Com ele você desbloqueia o computador e também tem acesso para alguns programas específicos.
BATERIA
A capacidade de energia do 910 subiu quando comparado ao Yoga 900 da geração passada. Em todos os dias que utilizei o computador, consegui algo perto de oito horas de autonomia. Em uso normal, com o Chrome navegando na internet, algumas músicas no fundo de vez em quando e vídeos ocasionais do YouTube.
Se você acha que vai ficar na mão antes, o carregador leva três horas para sair de 0% e completar a carga de do tanque. Não é nada perto do Quick Charge da Qualcomm, mas é mais veloz do que alguns concorrentes.
VALE A PENA?
O desempenho do Yoga 910 me surpreendeu, principalmente na velocidade de boot. Fiquei decepcionado pela falta de uma GPU dedicada, mas o visual e esta dobradiça em metal são incríveis.
É pesado pagar R$ 10 mil em um computador, mas saiba que você terá um notebook poderoso por bons anos nas mãos. Só essa câmera que poderia estar pra cima, mas qual foi a última vez que você utilizou a câmera frontal do seu computador? Eu? Sinceramente nem me lembro. Então, bem, não é um ponto negativo. Só é chato.