Parece um filme de ficção científica, voar uma nave robô sobre as dunas de um satélite alienígena. Mas a NASA está dando para uma equipe liderada pelo Johns Hopkins Applied Physics Laboratory, o APL, em Laurel, Maryland, a oportunidade de transformar essa ideia de ficção em realidade.
A NASA anunciou em 27 de Junho de 2019, que selecionou a missão Dragonfly, um drone que tem a capacidade de pousar, para realizar uma expedição no maior satélite de Saturno, o exótico Titã. A missão Dragonfly será a próxima missão do programa conhecido como New Frontiers. Com a previsão para ser lançada em 2026 e chegar em Titã em 2034, a Dragonfly irá explorar dezenas de locais em Titã, recolher amostrar e medir a composição do material orgânico na superfície de Titã, para caracterizar a habitabilidade do ambiente de Titã e investigar a progressão da química prebiótica.
“A Dragonfly é uma maneira inovadora de se explorar o Sistema Solar”, disse o diretor do APL, Ralph Semmel. “Essa missão é uma combinação visionária de criatividade e risco técnico que nos irá ajudar a revelar alguns dos mais críticos mistérios do universo – incluindo, possivelmente, dos fundamentos para as nossas origens. Nós estamos honrados que a NASA confia no APL e nos nossos parceiros com essa grande responsabilidade e oportunidade”.
Os cientistas consideram o satélite congelado Titã como sendo o mundo no Sistema Solar mais parecido com a Terra, um laboratório químico virtual que pode fornecer pistas sobre como a vida pode ter começado no nosso planeta. Durante os 2.7 anos de missão primária, a Dragonfly irá explorar ambientes desde dunas orgânicas até o assoalho de crateras de impacto, onde água líquida e complexos materiais orgânicos fundamentais para a vida existiram em algum momento de forma integrada. Seus instrumentos científicos, que serão construídos em centros de pesquisa espalhados pelos EUA, estudarão o quanto a química prebiótica pode ter progredido. Eles também investigarão as propriedades atmosféricas e superficiais do satélite e seus oceanos em subsuperfície e seus reservatórios líquidos.
“Titã é um destino maravilho e complexo”, disse Elizabeth “Zibi” Turtle, a principal pesquisadora da missão Dragonfly do APL. “Nós não sabemos quais as etapas na Terra foram necessárias para termos o desenvolvimento da química para a biologia, mas nós sabemos que muito dessa química prebiótica está acontecendo agora em Titã. Nós estamos muito animados com a chance de explorar e ver o que esse mundo exótico pode nos revelar”.
Titã é maior que o planeta Mercúrio e é o segundo maior satélite do Sistema Solar. Titã orbita Saturno e está localizado a 1.4 bilhão de quilômetros do Sol, ou cerca de 10 vezes a distância da Terra ao Sol. Por estar assim tão distante do Sol, sua temperatura superficial é de cerca de -179 graus Celsius, e a sua pressão atmosférica é cerca de 50% a da Terra.
A missão Dragonfly irá usar como vantagem os 13 anos de dados que a missão Cassini coletou para poder escolher seus alvos. Ela irá primeiro pousar no campo de dunas conhecido como Shangri-La na região equatorial de Titã, que é um lugar muito similar aos campos de dunas encontrados aqui na Terra, na região da Namíbia na porção sul da África, antes de mover para outras regiões, fazendo isso com pequenos voos de 8 km e parando nos intervalos para recolher amostras de diversas geografias. Ela então chegará na cratera de impacto Selk, onde existe a evidência de água líquida no passado, e moléculas orgânicas, moléculas complexas que possuem carbono combinado com hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, e energia, que é tudo que se precisa para se formar a vida.
A Dragonfly também irá tirar proveito das décadas de experiência com voos autônomos de drones realizados na Terra, e irá aplicar tudo isso no seu novo ambiente. A densa e calma atmosfera e a baixa gravidade faz com que voar seja a maneira ideal de viajar por Titã, o drone/rover que tem cerca de 3 metros de comprimento por 3 metros de diâmetro de uma ponta a outra dos rotores, irá voar cerca de 175 km por Titã, o que é aproximadamente o dobro da distância percorrida até hoje pelos rovers marcianos de forma combinada.
“Com a missão Dragonfly, a NASA irá mais uma vez fazer o que ninguém fez”, disse o administrador da NASA Jim Bridenstine. “Visitar esse misterioso mundo repleto de oceanos poderá revolucionar o que nós sabemos sobre como a vida se formou no universo. Essa missão seria impossível de ser realizada a alguns anos atrás, mas agora estamos prontos para o maravilhoso voo da Dragonfly”.
O APL irá trazer décadas de experiência na exploração espacial para o desafio de desenvolver a Dragonfly. O APL já construiu 70 sondas, e aproximadamente 300 instrumentos especializados, o APL tem liderado a história, fazendo missões para as regiões mais extremas do Sistema Solar, desde a missão Parker Solar Probe que vai passar pela atmosfera do Sol, até a New Horizons que explorou Plutão e o Ultima Thule.
Liderada pela pesquisadora principal Zibi Turtle, e gerenciada pelo APL, a missão Dragonfly inclui parceiros fundamentais como o NASA Goddard Space Flight Center, a Lockheed Martin Space, o NASA Ames Research Center, o NASA Langley Research Center, a Penn State University, o Malin Space Science Systems, a Honeybee Robotics, o Jet Propulsion Laboratory e a Japan Aerospace Exploration Agency. O programa New Frontiers é gerenciado pelo Planeta Mission Program Office no Marshall Space Flight Center da NASA em Huntsville, Alabama, para o Planetary Science Division da agência em Washington.
Para mais informações sobre a missão Dragonfly, visite:
http://dragonfly.jhuapl.edu.
Fonte:
[https://www.jhuapl.edu/PressRelease/190627b]
Artigo original:
spacetoday.com.br