Katherine Johnson, cuja carreira foi marcada pelos grandes trabalhos de cálculos prestados para a NASA e que teve sua história imortalizada no livro e no filme de 2016, Hidden Figures (Estrelas Além do Tempo), morreu hoje, dia 24 de fevereiro de 2020, aos 101 anos de idade.
Johnson se juntou ao que foi chamado de National Advisory Committee for Aeronautics, em 1953, e era chamada de computador humano, no escritório da agência em Langley na Virgínia. O escritório era segregado quando ela se juntou, e ela juntamente com outras matemáticas negras trabalhavam na chamada West Area Computing. A agência tornou-se a NASA em 1958, e Johnson continou trabalhando na agência, até se aposentar em 1986.
O administrador da NASA Jim Bridenstine, anunciou, a morte de Johnson, nessa segunda-feira, dia 24 de fevereiro de 2020, e disse que aconteceu no início da manhã. “Johnson ajudou a nossa nação a romper as fronteiras do espaço ao mesmo tempo que abriu portas para as mulheres e para as pessoas negras trabalharem na exploração espacial”, disse ele no anúncio. “Sua dedicação e conhecimento como matemática ajudou e muito colocar o ser humano na Lua”.
“Na NASA , nós nunca iremos esquecer sua coragem, sua liderança e tudo que nunca conseguiríamos alcançar se não fosse pelo seu trabalho”, disse Bridenstine. “Nós continuaremos construindo o seu legado”.
Quando Johnson se juntou ao National Advisory Committee for Aeronautics, seu trabalho era focado nos voos de testes e acidentes de aviões. Quando a agência mudou o seu foco para os voos espaciais, Johnson também o fez. Seus cálculos mapearam a trajetória do histórico voo de Alan Sheppard em 1961, quando ele se tornou o primeiro norte-americano a chegar no espaço. Ela também verificou a trajetória do voo de John Glenn que se tornou o primeiro norte-americano a cumprir um voo orbital.
Johnson fez uma trajetória similar de cálculos durante a era das missões Apollo. Ela também trabalhou nos procedimentos de emergência, que foram vitais durante a missão da Apollo 13 em 1970, quando uma explosão na nave principal fez com que os astronautas usassem o módulo lunar como bote salva-vidas para voltar para a Terra. Sua matemática foi também usada para suportar o voo dos ônibus espaciais e também em missões para Marte.
Johnson e suas colegas tornaram-se famosas mesmo com a publicação em 2016 do livro Hidden Figures de Margot Lee Shetterly e com o lançamento do filme de mesmo nome, que teve as atrizes Taraji P. Henson, Janelle Monáe e Octavia Spencer fazendo o papel de Johnson e de suas colegas Mary Jackson e Dorothy Vaughan.
O livro e o filme mostraram Johnson e suas colegas passando por grande discriminação com base no seu gênero e na sua cor de pele. Uma cena marcante do filme foi inspirada no tempo em que Johnson trabalhava longe da West Area Computing Section, com colegas brancos, e ela desaparecia e depois teve que explicar para os eu supervisor que ela tinha que atravessar toda a área para ir no único banheiro que era permitido ser utilizado por ela.
Com o lançamento do Estrelas Além do Tempo, Johnson, se tornou uma das mulheres negras mais celebradas na ciência espacial e uma heroína por ter lutado contra o preconceito com mulheres em cargos científicos na época, e o racismo existente na ciência e na engenharia.
Em 2015, Johnson recebeu a Presidential Medal of Freedom, um dos prêmios mais importantes dados a civis nos EUA. Ela recebeu o prêmio das mãos do então presidente Barack Obama. A instalação da NASA em Langley, onde Johnson trabalhou foi renomeada em sua homenagem em 2016, e durante a premiação do Oscar em 2016, ela foi ovacionada de pé por todos, pois o filme concorreu ao prêmio de melhor filme.
Em 2019, Johnson contou a sua história num livro chamado Reaching for the Moon.
“Toda vez que os engenheiros me davam suas equações para eu avaliar, eu fazia mais do que eles pediam. Eu tentava pensar além das equações. Para garantir que eu daria a resposta correta, eu precisava entender e pensar além das escolhas e decisões”, escreveu ela.
“Eu não permitia que os olhares de lado, e as caras de desprezo me intimidassem ou fizessem eu parar o trabalho. Eu persistia mesmo pensando que estava sendo ignorada. Se eu encontrava algo que eu não entendia, eu simplesmente perguntava….eu simplesmente ignorava a conduta social da época que dizia para eu ficar no meu lugar”.
Fonte:
https://www.space.com/katherine-johnson-nasa-hidden-figures-mathematician-dies-at-101.html
Artigo original:
spacetoday.com.br