A estação MASCARA (Multi-site All-Sky CAmeRA) instalada no Observatório de La Silla do ESO no Chile acaba de ver a sua primeira luz. Esta nova infraestrutura irá procurar exoplanetas em trânsito, à medida que estes passam em frente da sua brilhante estrela hospedeira, e criar um catálogo de alvos para futuras observações de caracterização de exoplanetas.
Em junho de 2016 o ESO assinou um acordo com a Universidade de Leiden no intuito de colocar uma estação MASCARA no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, tirando assim partido das excelentes condições de observação do céu do hemisfério sul. Esta estação fez agora as suas primeiras observações de teste bem sucedidas.
A estação MASCARA no Chile é a segunda a iniciar as operações; a primeira estação encontra-se no hemisfério norte no Observatório de Roque de los Muchachos, na ilha de La Palma, nas Canárias. Cada estação contém um conjunto de câmaras numa estrutura controlada em termos de temperatura, que monitora quase todo o céu visível a partir do local onde se encontra [1].
“Temos que colocar estações em ambos os hemisférios, para podermos obter uma cobertura total do céu,” diz Ignas Snellen da Universidade de Leiden, líder de projeto MASCARA. “Com a segunda estação colocada em La Silla, podemos agora monitorar quase todas as estrelas muito brilhantes do céu.”
Construída pela Universidade de Leiden na Holanda, MASCARA é um instrumento caçador de planetas, muito compacto e com um design de baixo custo, sendo, no entanto, inovador, flexível e altamente confiável. Constituído por 5 câmeras digitais, este pequeno caçador de planetas faz várias medições do brilho de milhares de estrelas e usa software para descobrir pequenas diminuições no brilho estelar, fenômeno que ocorre quando um planeta passa em frente da sua estrela hospedeira.
Este método de procura de exoplanetas é chamado trânsito fotométrico. O tamanho e órbita do planeta podem ser diretamente determinados e, em sistemas muito brilhantes, a atmosfera do planeta pode também ser caracterizada em observações acompanhamento obtidas com telescópios maiores, tais como o Very Large Telescope do ESO.
O principal objetivo do MASCARA é encontrar exoplanetas em torno das estrelas mais brilhantes do céu, que não sendo atualmente observadas em rastreios feitos em solo ou no espaço. A população-alvo do MASCARA é essencialmente composta por planetas do tipo “Júpiter quente” — mundos grandes fisicamente semelhantes a Júpiter, mas que orbitam muito próximo da sua estrela hospedeira, o que dá origem a elevadas temperaturas de superfície e períodos orbitais de apenas algumas horas. Já foram descobertos dezenas de Júpiteres quentes através do método das velocidades radiais para a detecção de exoplanetas, uma vez que este tipo de planeta exerce uma influência gravitacional considerável na sua estrela hospedeira.
“Não se consegue ainda aprender muito sobre os planetas descobertos através do método das velocidades radiais, já que são necessárias técnicas de imagem direta muito melhores, para que possamos separar a luz destes planetas velhos e frios da luz estelar,” comenta Snellen. “Em contrapartida, os planetas que transitam em frente à sua estrela hospedeira podem ser logo caracterizados.”
MASCARA tem também o potencial de descobrir planetas do tipo super-Terra e do tamanho de Netuno. Espera-se que o projeto forneça um catálogo dos alvos mais brilhantes e próximos para futuras observações de caracterização de exoplanetas, particularmente no que diz respeito a observações detalhadas da atmosfera planetária.
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