O segmento de carros autônomos é a nova empreitada da Intel para se diversificar de seu negócio principal. E ela já chega com grandes ambições: se tornar tão grande nesse mercado quanto é na fabricação de chips, transformando seus componentes e inovações no “coração” dos carros que dirigem sozinhos em um futuro não imediato, mas também nada distante.
Os trabalhos para atingir isso podem ter sido revelados apenas agora, com a abertura de um centro de inovação no Vale do Silício, mas já estariam acontecendo desde o começo do ano. O pontapé inicial foi a compra da Mobileye, uma companhia que já trabalhava ativamente nesse setor e tinha avanços em software e hardware para veículos autônomos.
A aquisição, que custou US$ 15,3 bilhões e foi anunciada em março, não apenas garantiu tecnologia e propriedade intelectual, mas também parcerias com nada menos do que 25 nomes desse segmento. Entre eles está a BMW, aliada da Intel no novo centro de inovação, e a Delphi, que fabrica o que é considerado o principal sistema para carros autônomos da atualidade, com previsão de aplicação comercial para 2019 e presença em experimentos de marcas como Audi e GM, apenas para citar algumas.
Foi justamente pelas mãos dessas parceiras que a Intel apresentou seus primeiros trabalhos com a tecnologia, um carro da BMW com sistema Delphi que será usado em testes nas ruas da Califórnia.
Outros trabalhos em andamento envolvem um sistema de conexão entre veículos baseado em conexões 5G para transmissão de dados em alta velocidade, e avanços em Big Data e inteligência artificial para lidar com todo esse volume de informações. A ideia é garantir que toda a estrutura de hardware e software seja compatível, permitindo que as montadoras sejam livres para escolherem chips, sistemas e funções sem precisarem realizar grandes adaptações, fazendo uso apenas de um SDK.
Durante o anúncio da empreitada, a Intel também disse que, ao controlar a maioria dos sistemas – ela fabrica os processadores, tem proximidade com as fornecedoras de software e produz até mesmo as antenas de conexão –, deve ter avanços mais rápidos em termos de autonomia. Basicamente, os trabalhos se concentram na inteligência artificial, uma das poucas áreas em que a companhia, atualmente, não tem a mesma expertise.
Mais do que tudo, a iniciativa da companhia vem para afastar a ideia de que ela sempre está atrasada para o bonde. A Intel chegou tarde no mundo mobile, fabricando chips que até foram elogiados, mas acabaram sem penetração no mercado, e o mesmo poderia ser dito de seus negócios nos segmentos de wearables e streaming. Agora, entretanto, ela acredita estar no caminho e timing corretos.
Fonte: Engadget