Por Ned Oliveira
Astrônomos usando o Hubble e vários observatórios terrestres encontraram um objeto astronômico único: uma galáxia que parece conter quase nenhuma matéria escura.
A galáxia foi identificada com o Dragonfly Telephoto Array (DFA) e também observada pelo Sloan Digital Sky Survey (SDSS).
Além do Telescópio Espacial Hubble da NASA / ESA, o Observatório Gemini e o Observatório Keck foram usados para estudar o objeto com mais detalhes.
O Hubble ajudou a confirmar com precisão a distância de NGC 1052-DF2 a 65 milhões de anos-luz e determinou seu tamanho e brilho.
Com base nesses dados, a equipe descobriu que a NGC 1052-DF2 é maior que a Via Láctea, mas contém cerca de 250 vezes menos estrelas, levando-a a ser classificada como uma galáxia ultra-difusa.
Essa massa é comparável à massa das estrelas na galáxia, levando à conclusão de que NGC 1052-DF2 contém pelo menos 400 vezes menos matéria escura do que os astrônomos prevêem para uma galáxia de sua massa.
Desde 1984, os astrônomos usaram a matéria escura para explicar por que as galáxias não se separam, dada a velocidade com que as estrelas dentro das galáxias se movem.
A partir da Segunda Lei de Kepler, espera-se que as velocidades de rotação das estrelas diminuam com a distância do centro de uma galáxia. Isso não é observado.
Esta descoberta não é prevista pelas teorias atuais sobre a distribuição da matéria escura e sua influência na formação de galáxias.
Embora contraintuitivo, a existência de uma galáxia sem matéria escura nega teorias que tentam explicar o Universo sem que a matéria escura seja uma parte dele.
A teoria MOND – Dinâmica Newtoniana Modificada – sugere que os fenômenos usualmente atribuídos à matéria escura podem ser explicados pela modificação das leis da gravidade.
O resultado disso seria que uma assinatura usualmente atribuída à matéria escura deveria sempre ser detectada, e é uma consequência inevitável da presença de matéria comum.
A descoberta da NGC 1052-DF2 demonstra que a matéria escura é de alguma forma separável das galáxias. Isso só é esperado se a matéria escura estiver ligada à matéria comum por meio da gravidade.
Enquanto isso, os pesquisadores já têm algumas idéias sobre como explicar a falta de matéria escura na NGC 1052-DF2.
Será que um evento cataclísmico, como o nascimento de várias estrelas massivas, varreu todo o gás e a matéria escura?
Ou o crescimento da enorme galáxia elíptica vizinha NGC 1052 bilhões de anos atrás desempenhou um papel na deficiência de matéria escura da NGC 1052-DF2?
Essas idéias, no entanto, ainda não explicam como essa galáxia se formou.
Para encontrar uma explicação, a equipe já está à procura de mais galáxias deficientes em matéria escura ao analisar as imagens do Hubble de 23 galáxias ultra-difusas, três das quais parecem ser similares a NGC 1052-DF2.
Os resultados da equipe aparecerão na edição de 29 de março de 2018 da revista Nature.
Créditos: NASA , ESA e P. van Dokkum (Universidade de Yale)
Fonte: http://hubblesite.org/news_release/news/2018-16
Artigo original:
spacetoday.com.br