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A essa altura do campeonato todo mundo já sabe que para modelar o universo, ou seja, para entendermos como ele funciona, como a matéria está distribuída e como tudo acontece onde nós vivemos existe o chamado LCDM ou, modelo lambda da matéria escura fria.
Esse modelo não é perfeito, mas é o melhor que nós temos até agora, ele é capaz de explicar a matéria escura, é capaz de explicar a presença da energia escura, a formação de galáxias, porém existem coisas que ele não explica muito bem, como a expansão acelerada do universo.
Uma coisa crucial no modelo do universo é a chamada constante de Hubble, ela que ajuda a medir o quão acelerada é a expansão do universo.
O grande problema é que quando essa constante é medida por métodos diferentes, ela dá resultados diferentes, mas como assim, se é constante?
Está aí talvez um dos maiores mistérios do universo que precisa ser resolvido.
Quais seriam os métodos que usamos para medir a constante de Hubble?
Existem dois basicamente, o primeiro baseado no que chamamos de universo local, medindo supernovas, e estrelas do tipo variáveis cafeínas. Isso porque, para medir a constante de Hubble é preciso uma medida precisa da distância até esses objetos, e medir distância na astronomia não é algo fácil, é preciso uma fonte que tenha um brilho bem definido para essa medida ser precisa.
Por isso esses objetos são utilizados.
A outra maneira é usando as medidas do universo primordial, a chamada radiação cósmica de fundo.
O problema que as medidas da constante de Hubble feitas com os dois métodos fornecem resultados com 10% de diferença, e isso intriga os astrônomos.
Para tentar entender o que acontece, os astrônomos buscam outras maneiras de medir a constante de Hubble.
Agora um grupo de astrônomos desenvolveu uma nova técnica, baseada na medida de quasars.
Os quasars tem também um brilho muito bem definido, e os quasars que são observados através de lentes gravitacionais tem essa medida mais precisa ainda.
Até agora, os astrônomos só confiavam em usar medidas quádruplas de quasars que eram imageados pela lente gravitacional, o que restringia um pouco a quantidade de objetos que podiam ser usados.
Mas esse grupo de pesquisadores desenvolveu uma técnica onde imagens duplas podem ser usadas.
Para se ter uma ideia, imagens quádruplas de quasars existem umas 100, já imagens duplas esse número vai para 500, o que gera uma estimativa muito melhor.
Então com essa medida precisa de distância os astrônomos calcularam a constante de Hubble e chegaram ao valor de 72.5 km por segundo por megaparsec, uma medida que está de acordo com as medidas do universo local, porém mantém os 8% de diferença com as medidas feitas com o universo primordial.
Esse resultado tem grandes implicações.
A primeira, é uma nova técnica para medir com precisão a distância e esse valor pode ser usado para o cálculo da constante de Hubble.
Segundo resultado importante, mostra uma consistência com as medidas do universo local.
Terceiro, mantém a diferença com as medidas do universo primordial.
A questão é, o que está acontecendo?
Será que precisamos de alguma física nova para explicar o universo.
Onde o modelo está errado?
Vou dar a minha opinião.
Acredito que a resposta para isso está na astrofísica multimensageira, o dia que soubermos integrar da maneira correta os dados do espectro eletromagnético, com as ondas gravitacionais e os neutrinos, poderemos analisar determinados efeitos e fenômenos que hoje não temos a capacidade, e esses fenômenos podem sim ser os responsáveis por essa diferença, podem ser fenômenos que só agem a partir de uma determinada distância afetando as medidas e por isso as medidas são tão distintas.
Mas teremos que esperar para ver o que é, enquanto isso ficamos com um dos maiores mistérios do universo ainda sem resposta.
#ConstanteDeHubble #Quasar
Fonte:
https://www.livescience.com/64724-hubble-constant-measured-precisely-with-quasars.html
https://arxiv.org/pdf/1809.01274.pdf
Artigo original:
spacetoday.com.br