Google Pixel: a análise completa!

Mestre Jedi Google Pixel: a análise completa!

Nexus, a linha pura do Google, sem a interferência errante das fabricantes colocando atalhos, aplicativos, launchers, Jequiti e outras coisas enfiadas no sistema sem necessidade. Mas agora, essa linha encerrou-se, e temos o Pixel em seu lugar.

O aparelho

Se no passado tínhamos os nexus como representantes Android oficiais, temos no Pixel uma linha mais estreita e com ainda mais controle da gigante sobre o hardware que equipa a peça. A gigante não produz peças, mas “usa” uma linha de montagem (no caso a da HTC) para fazer o que quiser, em teoria indo mais fundo que a linha Nexus em termos de “esse aparelho é do Google”. O site oficial do Pixel deixa claro isso, ele é o “madeby.google.com”.

Construído com boa pegada e toque extremamente agradável, temos no Pixel o alumínio aeroespacial combinado com partes de vidro em sua carcaça. As cores disponíveis do modelo são “Quite Black”, “Very Silver” e “Really Blue”.

Apenas uma nota: quando falamos boa pegada, citamos especificamente a moldura do aparelho, não a traseira. Já falaremos dela.

Porém, o Pixel mostra-se um aparelho extremamente minimalista em sua frente. Não existem detalhes, apenas a moldura da tela com sensores, câmera frontal e saída de som para ligações. Como primeiro aparelho da linha-mestra do Google, inovação sem dúvida não foi o foco do modelo que traz exatamente o esperado para um smartphone Android.

Na sua traseira o design mostra-se mais chamativo, afinal existe uma peça de vidro que ocupa aprox. 1/3 das costas do aparelho. Aqui concentram-se sensores, câmera e leitor de impressões digitais, o “Pixel Imprint”.

Essa traseira (na sua parte em metal) é terrivelmente lisa, e não ajuda em nada na boa pegada da moldura. A parte em vidro dá uma força para evitar escorregões, porém não ajuda em nada a já baixa resistência a riscos e danos leves do modelo. Dizemos isso pois em praticamente zero de uso (nós apenas abrimos o Pixel na redação e colocamos ele sobre a mesa algumas vezes) já pudemos notar pequenos riscos em sua traseira. Isso é óbvio, basta colocá-lo sobre qualquer superfície para saber que essa traseira artística não é funcional.

Não menos importante, temos no topo do modelo um conector para fones de ouvido de 3.5mm, mostrando que o próprio Google não engoliu ainda a ideia de remover uma das conexões mais funcionais para áudio mobile da vida das pessoas. Pena que esse mesmo Google não entendeu que aparelhos de alto nível devem oferecer proteção contra água, deixando o Pixel sem esse ponto de durabilidade.

Nota: quando falamos proteção contra água, não falamos de suportar uma chuvinha ou espirro. Falamos de cair numa privada, ser submerso, aguentar de verdade contato com líquidos ou tempestades.

Especificações

Rodando o Android v7.1 (Nougat), temos um aparelho que em sua página oficial mostra a diferença entre utilizar um Android “Google” e utilizar um “Não-Google”. Ele especifica que o Pixel traz 2 anos de upgrades no Android garantidos, e três anos de atualizações de segurança garantidas. É outro nível.

Além desse tapa na cara temos no aparelho:

“Chipset Qualcomm Snapdragon 821”

– CPU Quad-core (2×2.15 GHz Kryo & 2×1.6 GHz Kryo)
– GPU Adreno 530
– 4GB RAM
– Armaz. interno de 32/128GB
– Wi-Fi a/b/g/n/ac (dual-band)
– Bluetooth v4.2
– GPS/GLONASS
– NFC
– USB-C
– Leitor de impressões digitais

Display e Multimídia

Dando vida ao Pixel temos uma tela AMOLED de 5″ (com acabamento 2.5D e proteção Gorilla Glass 4), rodando na resolução FHD (1080p), fechando em 441ppi de densidade.

Como a indicação AMOLED já diz, temos nessa tela cores vívidas e com contraste de alta eficiência. Pelo uso é possível ver que a calibração dela foi bem realizada, não mostrando saturação excessiva como alguns painéis com a tecnologia podem apresentar.

São imagens com cores bem definidas, mostrando luminância onde é necessário e total escuridão nas zonas pretas (além de um nível de brilho BEM baixo quando necessário, no escuro), carimbando outra vez o que o AMOLED pode oferecer.

O ângulo de visão é OK, permitindo boas inclinações antes de perdas significativas nas imagens do Pixel. A visualização sob luz forte também é apenas OK, suficiente para ver as informações no display.

Nota para o modo reduzido do Display que é mostrado quando a tela está bloqueada. Basta levantar o Nexus para que a tela se ative e mostre suas notificações pendentes, fazendo assim o usuário estimular-se a desbloquear o Pixel para interagir com o que chegou de novo. É um recurso herdado dos Nexus que sempre é bem-vindo.

Uma nota também para o “Modo Noturno” incluso pelo Google, função que permite tingir fortemente de amarelo-alaranjado a tela do aparelho (seja a ativação do recurso manual ou em modo automático ao pôr-do-sol). Ela pode parecer estranha num primeiro momento, mas nada mais é que algo similar ao que já vimos nos iPhones recentemente, sendo um “protetor contra luz azul”, conhecida por interferir no bom ciclo do sono. Essa cor bizarra ajudaria você a dormir melhor, principalmente se você joga coisas deitado ou fica no Facebook antes de dormir.

Usabilidade e Desempenho

Android puro significa um toque a mais de tempero no Pixel. O cartão de visita dele com seu Android 7.1 passa do tamanho de fonte / ícones bem acertado para seu porte: ele traz um launcher específico (o Pixel Launcher. Sério). Ele quase é o Google Now Launcher, porém traz a gaveta de APPs acessível por um gesto vindo de baixo para cima, direto na tela inicial.

É bem provável que essa identidade visual vá parar no Google Now Launcher (e muito em breve), e talvez você que esteja vendo esse vídeo no futuro já esteja com ela.

Vale notar que o leitor de digitais do Pixel fica numa posição bem conhecida por nós, ou seja, na traseira (sendo reservado para o indicador). O apoio é natural, e como esperado basta tocar na região do “Pixel Imprint” (nome oficial do leitor) e pronto. Mesmo com a tela desligada, a leitura é feita e ativa o aparelho. Nada de novo, apenas funciona (muito) bem, como esperado.

A novidade fica por conta de permitir ao usuário acessar as notificações do Android pelo sensor, dando adicionalmente a função de “atalho” para a peça.

Equipado com CPU e GPU propriamente pensadas em alto desempenho, temos um exemplo de Android nas mãos, deixando tudo que é necessário para o sistema rodar no máximo disponível.

Nosso destaque vai para a excelente, excelente performance do modelo com gráficos 3D. Ele não só mandou muito bem em todos nossos testes, ficando no clubinho seleto dos aparelhos que “estão acima do nível da Play Store”, como também mostrou que seu chip roda mais frio que o normal. Ele aquece notavelmente menos que os modelos robustos com Snapdragon 820 que já testamos. O truque do Pixel é trazer o Chipset 821 com clock ajustado para o mesmo do 820, convertendo a “micro-melhoria” do novo chip em eficiência energética e térmica. Uma sábia decisão.

Como fazemos em aparelhos mais fortes, convidamos vocês para os resultados do Smartphone no GeekBench 4, Antutu e 3DMark.

Câmeras

Para a traseira do Pixel temos um sensor de 12.3MP (com detecção de face + laser), além de f/2.0 para a peça com uma lente equivalente a 26mm. Ele produz vídeos em 4K @ 30fps.

Infelizmente não existe estabilização óptica no Pixel, uma falha curiosa para um aparelho de alto nível como ele se propõe a ser. E tem mais história: conforme contarmos, você vai estranhar mais a falta do OIS.

Para acessar a câmera, basta apertar duas vezes o botão liga/desliga, e a interface da câmera aparecerá para iniciar uma captura. Nesse momento, o Pixel estará pronto para o modo HDR+ (modo que sempre assume a frente quando a câmera é iniciada). O porém fica justamente pelo modo passivo do HDR+, que mantém os últimos 9 quadros na memória, algo como um “micro-vídeo” pronto para ser fundido com a imagem atual a ser capturada, processada e entregue para o usuário como foto final.

E nessa hora temos o brilho do Pixel, com seu excelente software de pós processamento. Nesse truque todo, ele consegue preservar os detalhes ao mesmo tempo que aplica correção de ruído e estabiliza a exposição da foto/saturação de cores.

Esse truque todo e processamento acontece nos bastidores, e não há penalidade para o usuário em esperas ou travamentos.

Mas é claro, nesse universo perfeito e doce pode acontecer “aquela cena” que não funciona em HDR, e você QUER registrar aquela sombra ali, marcar o contraste. Nessa hora você deve desativar o HDR+, e AÍ SIM fará falta a estabilização (OIS). É uma câmera tão bem projetada para fazer tudo por você que “sair da caixinha”, usar ela diferente… quase dá “meio errado”. Ela funciona absurdamente bem para quem saca o celular do bolso e bate a foto – nessas situações algumas fotos saem de cair o queixo mesmo.

Até mesmo fotos escuras tem ruído sob controle. Notavelmente o Google fez um excelente trabalho em seu software, e merece o destaque que o Pixel tem recebido mundo afora.

Para a câmera frontal, temos 8MP com f/2.4 e foco fixo, fazendo fotos equilibradas e de boa qualidade. Sem notas extras aqui, apenas uma câmera selfie de boa qualidade que bate o nível alto esperado para o Pixel.

Bateria e Acessórios

Com tanque de 2.770 mAh, o Pixel mostra que os números do Google são estranhos. Segundo seu site oficial, parece claro que o Pixel chega ao final do dia com absurda facilidade. Na prática não é todo esse açúcar com leite condensado por cima.

O tanque dele fica abaixo dos 3.000 mAh que tanto dizemos aqui no Canaltech, e oferece alto poder de processamento. Dito isso, iniciamos nosso teste de streaming contínuo via Wi-Fi com brilho máximo, sendo cada ciclo medido de 1h.

O resultado foi uma descarga média de 15% por hora, mostrando um bom número e indicando que o Pixel pode sim chegar ao final do dia em uso ativo normal, ficando entre os bons aparelhos que já passaram por aqui.

Porém esse número não bate com o exagero que o site do Pixel mostra, onde é mostrado 12 horas de uso intenso (!). Nesse quesito, mesmo a curadoria do Google foi incapaz de fazer algo pela ridícula e decrescente vida de bateria que nossos smartphones tem mostrado ao longos dos últimos 5 anos, nunca passando de um dia de uso.

Ainda na caixa temos um “senhor” carregador de alta capacidade, sendo uma unidade de 15/18W de saída. Para o Pixel que testamos, faz-se proveito apenas dos 15W, carregando o aparelho numa taxa de 5V e 3A de saída. Não é o “quick charge” da Qualcomm, mas trata-se de uma quantidade muito grande de carga fornecida ao longo do carregamento, reduzindo bastante o tempo de carga necessário.

Na caixa temos ainda um cabo USB-C para C que serve justamente para o carregador do Pixel, além de outro cabo (sendo este USB-C para A), permitindo que você conecte seu Pixel a PCs que ainda não tem a porta USB-C sem uso de adaptadores. Porém existe, na caixa, um bocal adaptador USB-C para A, onde você pode conectar outros dispositivos não-C ao Pixel ou mesmo fazer migração de dados, o “Quick Switch” como propõe o Google.

Há também uma chave para remoção de SIM-card para completar esse MEGA pacote do Pixel.

Vale a pena?

Com venda apenas no exterior (sem previsão alguma para chegada oficial ao Brasil, afinal o Google pouco se importa em vender coisas aqui de forma direta pelo store.google.com), temos o Pixel na lista de aparelhos que sentam ao lado do Galaxy S7 e iPhone 7 quando o assunto é preço. Sim, até mesmo lá fora ele é caro.

Preço oficial: US$ 649. Um valor incrível. Você leva um bom telefone para casa, mas aceita de mãos atadas o preço irreal que a Apple e a Samsung já praticam – uma ofensa financeira, basicamente.

Sabe por que telefones caríssimos vendem? Porque há quem compre. O Google resolveu jogar nesse time também. Não é a prova d’água, não traz INOVAÇÃO de fato. É apenas um “Nexus”, um ótimo aparelho com updates direto do Google garantidos. Vale essa grana toda? Sinceramente estamos na dúvida.