A Uber está, mais uma vez, na mira de um processo relacionado às suas condições de trabalho. A família de Joseph Thomas, que atuou como engenheiro de software na empresa de transportes, a está acusando de ser a responsável pelas razões que levaram ao suicídio do profissional, que deixou para trás uma esposa e dois filhos.
Uma ação aberta na justiça do estado americano da Califórnia pede compensações de US$ 722 mil para a família, depois que a própria Uber negou pedidos desse tipo feitos após a morte de Thomas, em agosto do ano passado. Ele trabalhou por cinco meses para a empresa, algo que, segundo ela, não daria direito a um seguro contra “danos psiquiátricos”, uma decisão respaldada pelas leis californianas.
De acordo com o relato de Zecole Thomas, esposa de Joseph, ele teria aceitado o emprego na Uber por acreditar que a empresa lhe daria mais chances de crescimento, ao contrário da Apple, com a qual ele também estava em processo seletivo. Essa noção teria mudado rapidamente, com o engenheiro de software se mostrando constantemente estressado e com medo de perder o trabalho recém-conquistado.
Thomas continua, afirmando que a personalidade do marido mudou completamente poucas semanas após começar a trabalhar para a Uber. Ele demonstrava comportamento obsessivo e dizia que nunca conseguia fazer nada direito dentro da empresa. O pai de Joseph, Joe Thomas, relata que o filho constantemente realizava longas horas-extras e se tornou alguém com muito pouca confiança em si mesmo depois das longas jornadas.
A família cita ainda o ambiente de trabalho hostil e situações de racismo como motivos que levaram Joseph ao suicídio. Sem entrar em detalhes, o processo cita um relatório de diversidade da própria Uber, que em março deste ano revelou que apenas 1% do departamento de tecnologia da companhia nos EUA é composta por indivíduos afro-americanos.
A Uber não se pronunciou diretamente sobre o assunto, afirmando apenas que está orando pela família de Joseph Thomas. Por meio de porta-voz, a empresa disse que ninguém jamais deveria passar pela dor que eles estão sentindo agora.
O caso chega para se juntar a outros processos que a Uber enfrenta na justiça. A empresa é acusada de assédio sexual e abuso verbal por parte de seus gerentes, além de ter sido duramente criticada por alguns de seus investidores iniciais por incentivar uma cultura de “desrespeito, exclusão, falta de diversidade e tolerância ao bullying”. Além disso, a empresa é constantemente citada por práticas de monitoramento de usuários e brechas de privacidade, além das sempre comentadas relações precárias com seus motoristas em todo o mundo.
Fonte: San Francisco Chronicle