O satélite natural de Júpiter, Europa, pode estar jogando água no espaço, a partir de pequenos bolsões localizados na sua crosta congelada.
Europa é um dos quatro satélites galileanos, que abriga no seu interior um gigantesco oceano de água salgada, e por isso é tido como um dos locais mais promissores no Sistema Solar, para procurar por algum tipo de vida.
O Telescópio Espacial Hubble, e outros instrumentos têm registrado evidências de plumas esporádicas de vapor d’água que chegam a atingir, cerca de 200 quilômetros acima da superfície congelada de Europa. Essa água pode estar vindo do oceano submerso, o que levanta a grande possibilidade de uma sonda passar por ali e estudar amostras desse oceano que aparecem nessas plumas. Algo parecido com o que a sonda Cassini fez em Encélado, quando passou no meio das plumas de vapor d’água do satélite de Saturno.
Esse trabalho de estudar essa plumas de Europa pode ser feito pela sonda Europa Clipper da NASA, que está programada para ser lançada em meados dessa década. A Clipper irá orbitar Júpiter e estudar Europa durante dezenas de sobrevoos, caracterizando o oceano e a crosta congelada do satélite e procurando por possíveis locais para o pouso de uma missão futura.
Os membros da equipe da sonda Europa Clipper, já estão tentando controlar a expectativa. As plumas de Europa não são bem caracterizadas ainda e são esporádicas, ou seja, não se sabe quando elas aparecem. Pode ser que a Europa Clipper tenha um pouco de sorte e consiga passar por essas plumas, mas pode acontecer também de não ter plumas quando ela estiver por lá.
Essas grandes plumas podem ter ainda plumas menores que estão emanando de uma fonte logo abaixo da superfície, foi o que disseram os autores de um novo trabalho que detalha esse estudo.
Os autores analisaram dados de uma cratera em Europa, a Cratera Manannán, que tem 29km de diâmetro e foi criada por um impacto que aconteceu há milhões de anos.
O calor gerado por esse impacto derrete uma porção considerável do gelo próximo e os autores modelaram o que aconteceu depois. Eles descobriram que alguns pacotes de liquido salgado provavelmente sobreviveu depois que a água derretida pelo impactou congelou novamente. Além disso, eles determinaram que esses pacotes poderiam se mover lateralmente através da crosta de Europa.
O trabalho de modelagem sugere que essa migração aconteceu na Manannán: um bolsão provavelmente fez essa trajetória para o centro da cratera e então começou a congelar, fazendo com que a pressão se elevasse expelindo assim uma pluma que pode ter chegado a 1.6 km de altura.
Existem evidências de que essa pluma realmente existiu, a evidência é uma feição em forma de aranha localizada na Manannán, que foi registrada pela sonda Galileo da NASA, que estudou o sistema de Júpiter entre 1995 e 2003.
Mesmo que as plumas geradas pela migração dos bolsões de água salgada não fornecerem uma ideia direta sobre o oceano de Europa, essa descoberta é muito importante, pois indica que a crosta de Europa é bem dinâmica.
O trabalho também ajuda a suportar a ideia de que em Europa possam existir diferentes tipos de plumas. Entender essas plumas e a possível origem delas contribui muito para o objetivo da Europa Clipper que é investigar a habitabilidade do satélite de Júpiter.
Fonte:
[https://www.space.com/jupiter-moon-europa-plumes-crust]
Artigo original:
spacetoday.com.br