Titã é o único lugar no Sistema Solar, além da Terra que tem líquido na sua superfície em forma de oceanos, lagos e rios, mas, além disso, Titã tem também enormes desertos cobertos por dunas de areia. O material que faz essas dunas é normalmente assumido como sendo material que cai do céu, mas um novo estudo sugere que ele pode muito bem ser feito no próprio solo.
As dunas de Titã, o maior satélite natural de Saturno, se espalham pela região equatorial e atingem alturas de cerca de 100 metros em alguns lugares. Imagens feitas pela sonda Cassini da NASA mostraram que as dunas contêm moléculas orgânicas escuras, que são feitas de longas cadeias de átomos de carbono.
Nós também podemos ver moléculas orgânicas na espessa atmosfera de Titã, o que levou muitos pesquisadores a inferirem que essas moléculas, se formam ali e depois caem como chuva. Mas essas moléculas podem também se formarem no próprio solo do satélite num processo que também pode acontecer em outras mundos, mesmo aqueles que não possuem atmosfera.
A Cassini descobriu a assinatura de gelo de acetileno nas mesmas regiões das dunas de Titã, então, foram desenhados experimentos, para ver se esse gelo poderia ser quimicamente convertido em moléculas orgânicas complexas. Nos experimentos, o gelo de acetileno foi bombardeado com radiação de alta energia, similar aos raios cósmicos que se propagam pela galáxia, e foi então possível observar que esses raios cósmicos podem aquecer o gelo até que ele sublime e esse processo determinaria a sua composição final.
Através dos experimentos pôde-se descobrir que a radiação que aquece o gelo é a causa para a reação química acontecer e então se criar moléculas orgânicas que são observadas nas dunas de Titã. Essas moléculas são muito provavelmente criadas na atmosfera, então eles poderiam também vir dali.
O processo é provavelmente mais eficiente em mundos sem atmosfera, como o planeta anão Makemake e outros, que apresentam sinais de gelo orgânico.
No fim das contas, nós não sabemos exatamente o que é essa areia e nem como ela chegou até ali. Sabemos um pouco sobre a superfície de Titã, e isso tudo é o motivo pelo qual a NASA está mandando, por volta de 2026, a missão Dragonfly até Titã. A missão irá pousar em uma região próximas das dunas por volta de 2034 e ela está sendo desenvolvida para responder uma série de questões sobre a química de Titã.
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spacetoday.com.br