Este é o último post principal do nosso dossiê. Poderemos complementar e atualizar este dossiê com apêndices no futuro. Caso queira começar pelo primeiro, clique neste link.
Ao desenvolver este dossiê, nosso objetivo foi propor um debate saudável e fundamentado sobre o que acreditamos ser a conclusão mais satisfatória possível para a Saga Skywalker, uma que une temas de todas as três trilogias e faz a saga inteira se tornar uma história única e coesa. Acreditamos que Rey ser a filha de Luke Skywalker é o caminho mais efetivo para cumprir este objetivo. Ter Rey como aquela que incorpora o lado luminoso de sua família, oposta à escuridão de seu primo, faz da luta central da Trilogia Sequel uma extensão do conflito que uniu os seis filmes anteriores: a batalha sobre o legado do primeiro protagonista da saga: Anakin Skywalker.
Dentro deste conflito há outros temas, muitos dos quais as pessoas acreditam que só fariam sentido se Rey não fosse relacionada com alguém conhecido, como por exemplo a necessidade de Rey se definir como uma heroína sem saber que sua família é “importante”. Na verdade, por não saber o tamanho do legado que está carregando, Rey prova de forma ainda mais concreta que a verdadeira natureza da linhagem Skywalker é a da bondade, já que ela incorpora isso naturalmente sem nenhuma pressão externa. Rey é uma heroína porque Rey é boa, gentil, e valente, e não porque ela é a filha de Luke Skywalker, uma lenda. Ao provar isso a si mesma, a revelação de seu parentesco é análoga ao monomito do “elixir,” um prêmio sagrado que traz seu próprio risco, não simplesmente uma forma de cobrir o vazio em sua auto-estima. Há o risco de que a mensagem de que “você é quem se define, não importa de onde você veio,” seja banal ou rasa em si mesma, mas quando combinada com a gravidade de um legado familiar em perigo, isso ressoa profundamente tanto para Rey quanto para a saga como um todo.
Rey sendo uma Skywalker também cumpre outro objetivo para a Saga Skywalker, criando uma resolução ainda mais satisfatória para a história de seu herói original, Luke Skywalker. A história de Luke na Trilogia Original é profundamente enraizada nos temas de conflito e amor familiares, e especificamente entre um pai e um filho. Se tornar um Jedi foi um dever que deu a Luke uma direção e um significado, mas sua jornada começou com o desejo de se conectar com se pai e continuar seu legado positivo. Quando Vader se revela como seu pai, ao invés de Luke fazer seu próprio legado sem ele, Luke se torna responsável por salvá-lo. A jornada de Luke começa e termina com a conexão poderosa entre pai e filho. Então, ao invés de dar a ele um arco completamente diferente na nova trilogia, Rey sendo filha de Luke simplesmente adiciona uma nova dimensão aos temas e conflitos que já definem o caráter de Luke. “Você precisa confrontar Vader,” disse Yoda em O Retorno de Jedi. “Só assim, um Jedi você será.” Tem coisa melhor do que fazer com que o confronto entre Luke e Vader seja mais do que simplesmente uma guerra de sabres? Para verdadeiramente confrontar tudo o que Vader representa pra ele, Luke também precisa confrontar suas falhas como pai, sua ausência, sua abdicação do dever de proteger sua filha. Fazendo de Luke um pai – um pai que falou de muitas das formas que seu pai falhou, mesmo sem culpa – o forçamos a confrontar Vader em um nível mais profundo na perspectiva temática. Só assim, um Jedi ele será.
Ao fazer de Rey uma Skywalker, entrelaçamos as histórias dos três Jedi protagonistas em uma conclusão narrativamente satisfatória. A história de Anakin pode concluir com a declaração de que a bondade nele brilhou sobre a maldade afinal, e que seu legado não sera a de um senhor da guerra, mas de um Cavaleiro Jedi. A história de Luke pode concluir com a descoberta de que ele pode lidar com as falhas de seu pai, encontrar um caminho para entender e perdoar a si mesmo, e seguir em frente pra se tornar o pai que Rey precisa que ele seja, com todas as falhas. E Rey, no final de tudo, vai aprender que sua família nunca a definiu e nem a vai definir, ao contrário, ela define sua família. Os três finais funcionam com sinergia, fechando a saga com uma mensagem ressonante e inspiradora de perdão, cura, e o poder do amor familiar.
E se nós estivermos errados? Bom, como qualquer fã desapontado, vamos sair da sala de cinema, ficar tristes e irritados por um dia ou dois, e seguir a vida. Mas independente de qualquer escolha que a Lucasfilm faça para a conclusão da saga, seguimos confiantes de que a história de Rey Skywalker é a melhor opção que eles podem ter, e vamos defender isso. Acreditamos, baseados nos temas, narrativas e símbolos em volta de Rey e Luke, que é isso o que o Episódio IX vai trazer. Nenhuma outra explicação toca em tantos temas centrais, conclui tantos arcos narrativos, ou deixa o sentimento de completude que Rey Skywalker trás à saga. Se a Lucasfilm têm planejado a trilogia como acreditamos que ela está fazendo (mesmo com Rian Johnson aparentemente desviando a verdade aqui e ali), esta conclusão, em nossa opinião, é a única maneira de terminar a saga dignamente.
Rey tem ido aos confins da galáxia pra tentar salvar a família Skywalker. Mas se ela é uma Skywalker, então, como Anakin disse a Luke há tanto tempo atrás, ela já salvou.
Este dossiê é uma tradução livre da série “The TLJ Case for Rey Skywalker”, feita pelos fãs da Star Wars Shadow Council, que são responsáveis pelo maior banco de dados de eventos do cânon no Reddit, o r/StarWarsReference.
Artigo original:
sociedadejedi.com.br