Por: Ned Oliveira
Os astrônomos usando uma frota de telescópios do ESO observaram a contrapartida visível de uma fonte de ondas gravitacionais pela primeira vez: uma quilonova gerada da fusão de duas estrelas de nêutrons.
No dia 17 de Agosto de 2017, o projeto colaborativo LIGO-VIRGO detectaram ondas gravitacionais que chacoalharam o tecido do espaço-tempo.
Apenas dois segundos depois, telescópios espaciais da NASA e da ESA também detectaram uma rápida explosão de raios-gamma vindo da mesma área do céu.
Essa coincidência nunca tinha sido vista antes e trouxe aos astrônomos a esperança de terem testemunhado um evento cataclísmico, duas estrelas de nêutrons sendo combinadas numa fusão explosiva.
Se isso tivesse mesmo acontecido, a contrapartida visível, chamada de quilonova era esperada de ser observada, então a caçada começou.
Telescópios do ESO e de parceiros do ESO no Chile se juntaram a outros observatórios para buscar por essa nova fonte de luz.
Eles estavam procurando uma agulha num palheiro, um novo brilho modesto no meio de milhões de estrelas.
Mas, de forma surpreendente, eles encontraram, essa nova luz, poucas horas depois, na galáxia NGC 4993, localizada a 130 milhões de anos-luz da Terra.
No decorrer das semanas, os astrônomos usaram um conjunto de telescópios do ESO com mais de 10 diferentes instrumentos para registrar a quilonova.
Estrelas de nêutrons em fusão, são as fornalhas onde a maior parte dos elementos químicos mais pesados que o ferro são forjados.
A quilonova, um evento 1000 vezes mais brilhante que uma supernova típica, espalha esses elementos recém-formados no espaço ao redor.
Isso inclui, o ouro encontrado nas joalherias, o urânio usado em reatores nucleares e a platina usada em conversores catalíticos dos carros.
Esse tipo de explosão nunca tinha sido confirmado anteriormente, mas agora ela pode ser estudada em detalhe. As observações do ESO revelaram um evento que muda rapidamente, muito perto do que a teoria previa.
Elementos pesados e radioativos, foram atirados no espaço a um quinto da velocidade da luz. Em poucos dias, a cor da quilonova mudou rapidamente de azul para vermelho, de forma mais rápida do que qualquer outra explosão observada.
Graças à rapida reação dos grupos de cientistas experientes e da grande variedade de instrumentos do ESO, essa quilonova foi localizada e estudada em diferentes comprimentos de onda, numa questão de poucos dias.
Esse evento marca o início de uma nova era da astronomia. Pela primeira vez na história foi possível combinar sinais de luz com ondas gravitacionais para nos fornecer uma maneira totalmente nova de pesquisar o universo.
Artigo original:
spacetoday.com.br