No vasto e enigmático cosmos, a descoberta de fenômenos astronômicos raros e espetaculares continua a expandir nossa compreensão do universo. Recentemente, uma equipe de astrônomos, utilizando o satélite TESS da NASA, revelou a existência de um sistema binário de buracos negros supermassivos em uma galáxia distante. Esta descoberta não só desafia nossas percepções sobre a dinâmica dos buracos negros, mas também oferece uma janela única para observar interações cósmicas de proporções titânicas.
Os buracos negros, regiões do espaço-tempo onde a gravidade é tão intensa que nada, nem mesmo a luz, pode escapar, sempre fascinaram cientistas e leigos. Quando dois desses colossos gravitacionais se encontram, as consequências são espetaculares e podem ser detectadas a bilhões de anos-luz de distância. A recente observação de um sistema binário de buracos negros em uma galáxia ativa a cerca de 4 bilhões de anos-luz da Terra é um marco significativo na astrofísica, proporcionando insights valiosos sobre a formação e evolução de buracos negros supermassivos.
O sistema em questão reside no coração da galáxia OJ 287, conhecida por sua atividade intensa e por ser um dos blazares mais próximos da Terra. Blazares são quasares que emitem jatos de partículas carregadas quase à velocidade da luz, tornando-se incrivelmente brilhantes quando esses jatos estão alinhados com a linha de visão da Terra. A descoberta de que OJ 287 abriga não um, mas dois buracos negros supermassivos, cada um contribuindo para a atividade energética da galáxia, é uma revelação que promete revolucionar nossa compreensão dos processos que ocorrem nos núcleos galácticos ativos.
Esta descoberta foi possível graças à colaboração de vários observatórios espaciais e terrestres, incluindo o TESS, que temporariamente desviou de sua missão principal de caça a exoplanetas para focar em OJ 287. A observação detalhada e coordenada permitiu aos cientistas detectar um aumento dramático no brilho da galáxia, atribuído à interação entre os dois buracos negros. Este evento forneceu uma oportunidade única para estudar as complexas dinâmicas de sistemas binários de buracos negros e os mecanismos que geram os poderosos jatos de quasar.
À medida que continuamos a explorar o universo, descobertas como esta não só ampliam nosso conhecimento científico, mas também inspiram uma nova geração de astrônomos e entusiastas do espaço. A observação de um sistema binário de buracos negros supermassivos em OJ 287 é um testemunho do poder da tecnologia moderna e da colaboração científica internacional, abrindo caminho para futuras investigações sobre os mistérios do cosmos.
Contextualização
Para compreender a magnitude da recente descoberta de um sistema binário de buracos negros supermassivos, é essencial primeiro entender os conceitos fundamentais de buracos negros e quasares. Buracos negros são regiões do espaço-tempo onde a gravidade é tão intensa que nada, nem mesmo a luz, pode escapar de sua atração. Eles são formados quando estrelas massivas colapsam sob sua própria gravidade no final de seu ciclo de vida. A fronteira ao redor de um buraco negro, além da qual nada pode escapar, é conhecida como horizonte de eventos.
Quasares, por outro lado, são núcleos galácticos extremamente luminosos alimentados por buracos negros supermassivos. Esses buracos negros consomem grandes quantidades de matéria, que formam um disco de acreção ao seu redor. À medida que a matéria no disco de acreção espirala em direção ao buraco negro, ela aquece e emite radiação intensa, tornando o quasar visível a distâncias cosmológicas. A energia liberada por um quasar pode superar a de centenas de galáxias combinadas, tornando-os alguns dos objetos mais brilhantes do universo.
Um tipo particular de quasar, conhecido como blazar, ocorre quando o jato de partículas carregadas emitido pelo buraco negro está alinhado quase diretamente com a linha de visão da Terra. Esses jatos são colimados por campos magnéticos e podem viajar a velocidades próximas à da luz. Quando observamos um blazar, ele aparece excepcionalmente brilhante devido ao efeito de amplificação relativística. A galáxia OJ 287, objeto de nossa discussão, é um exemplo notável de blazar, sendo visível até mesmo por telescópios amadores devido à sua luminosidade.
A descoberta de um sistema binário de buracos negros supermassivos em OJ 287 adiciona uma camada adicional de complexidade e fascínio a esses já intrigantes fenômenos astrofísicos. Sistemas binários de buracos negros são raros e difíceis de detectar, mas desempenham um papel crucial na evolução das galáxias. Quando dois buracos negros orbitam um ao outro, suas interações podem resultar em eventos altamente energéticos, como a fusão de buracos negros, que gera ondas gravitacionais detectáveis.
Essas ondas gravitacionais são ondulações no tecido do espaço-tempo causadas por eventos violentos e acelerados no universo, como a fusão de buracos negros. A detecção dessas ondas oferece uma nova maneira de observar e entender o cosmos, complementando as observações eletromagnéticas tradicionais. A descoberta em OJ 287, portanto, não só ilumina a dinâmica dos buracos negros supermassivos, mas também abre novas avenidas para a pesquisa em astrofísica e cosmologia.
A Galáxia OJ 287
A galáxia OJ 287, situada a aproximadamente 4 bilhões de anos-luz de distância da Terra, é um objeto de imenso interesse para a comunidade astronômica. Esta galáxia é notável não apenas por sua distância, mas também por suas características únicas que a tornam um laboratório natural para o estudo de buracos negros supermassivos e suas interações. OJ 287 é classificada como um blazar, um tipo de quasar particularmente brilhante quando observado de frente, devido ao jato de partículas carregadas que emite quase à velocidade da luz.
Os blazares são conhecidos por sua variabilidade extrema em brilho, e OJ 287 não é exceção. Desde o final do século XIX, astrônomos têm observado flutuações periódicas no brilho desta galáxia, com um ciclo de aproximadamente 12 anos. Essas observações históricas foram cruciais para a compreensão atual de OJ 287 e para a formulação de hipóteses sobre a presença de um sistema binário de buracos negros em seu núcleo.
Em 2014, Pauli Pihajoki, então doutorando na Universidade de Turku, na Finlândia, propôs que o brilho periódico de OJ 287 poderia ser explicado pela presença de um segundo buraco negro, menor, orbitando o buraco negro primário. Segundo Pihajoki, a órbita do buraco negro secundário seria altamente elíptica, aproximando-se do buraco negro primário a cada 12 anos, resultando em interações que causariam o aumento de brilho observado.
OJ 287 é um dos exemplos mais próximos de um blazar, sendo suficientemente brilhante para ser observado por telescópios amadores de grande porte. Esta proximidade relativa e a clareza das observações históricas fazem de OJ 287 um objeto de estudo excepcionalmente valioso. A galáxia tem sido alvo de inúmeras campanhas de observação, tanto por telescópios terrestres quanto espaciais, permitindo uma coleta de dados abrangente e detalhada.
As observações contínuas de OJ 287 têm fornecido insights significativos sobre a natureza dos buracos negros supermassivos e seus efeitos no ambiente circundante. A galáxia serve como um exemplo claro de como as interações entre buracos negros podem influenciar a dinâmica galáctica em larga escala. Além disso, o estudo de OJ 287 tem implicações importantes para a compreensão dos processos de acreção e emissão de jatos relativísticos, fenômenos que são centrais na astrofísica moderna.
Em resumo, OJ 287 é uma galáxia que, devido às suas características únicas e à riqueza de dados disponíveis, continua a ser um foco de intensa pesquisa e descoberta. A história de suas observações e a proposta de um sistema binário de buracos negros destacam a importância de estudos contínuos e detalhados para desvendar os mistérios do universo.
Descoberta do Sistema Binário
Em uma das descobertas mais intrigantes da astrofísica moderna, um sistema binário de buracos negros supermassivos foi identificado no coração da galáxia OJ 287, localizada a aproximadamente 4 bilhões de anos-luz da Terra. Esta descoberta foi possível graças à colaboração de diversos observatórios e, em particular, ao satélite Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) da NASA, que desempenhou um papel crucial na observação e identificação deste fenômeno.
OJ 287 já era conhecida por sua atividade intensa e por ser um dos blazares mais próximos da Terra, visível até mesmo por telescópios amadores. No entanto, a hipótese de que essa galáxia abrigava um sistema binário de buracos negros surgiu em 2014, quando o estudante de doutorado Pauli Pihajoki, da Universidade de Turku, na Finlândia, propôs que o brilho periódico observado a cada 12 anos poderia ser causado pela presença de um segundo buraco negro menos massivo orbitando o buraco negro primário.
Para testar essa hipótese, uma campanha de observação foi organizada em novembro de 2021, utilizando não apenas o TESS, mas também os telescópios Swift e Fermi da NASA, além de uma série de observatórios terrestres. A missão do TESS, originalmente focada na busca por exoplanetas, foi temporariamente redirecionada para monitorar OJ 287, permitindo a captura de dados críticos que confirmaram a existência do sistema binário.
Em 12 de novembro de 2021, TESS detectou um aumento significativo no brilho de OJ 287, que durou cerca de 12 horas. Durante esse período, a galáxia liberou uma quantidade de energia equivalente à emissão de 100 galáxias médias. Esse evento foi atribuído ao jato de quasar do segundo buraco negro, que, ao passar pelo disco de acreção do buraco negro primário, desencadeou uma explosão de radiação. Observações adicionais dos telescópios Swift e Fermi corroboraram esses achados, com o Fermi registrando um aumento notável na emissão de raios gama.
Essa descoberta não apenas confirmou a existência de um sistema binário de buracos negros em OJ 287, mas também permitiu a medição precisa das massas dos buracos negros envolvidos. O buraco negro primário possui uma massa impressionante de 18,35 bilhões de massas solares, enquanto o secundário, embora significativamente menor, ainda é extremamente massivo, com 150 milhões de massas solares. Para efeito de comparação, o buraco negro no centro da nossa galáxia, Sagitário A*, tem uma massa de apenas 4,1 milhões de massas solares.
Essa descoberta marca a primeira vez que um buraco negro orbitante foi observado diretamente, uma realização comparável à detecção de exoplanetas orbitando outras estrelas. A precisão e a colaboração entre diferentes instrumentos e observatórios foram essenciais para essa conquista, abrindo novas possibilidades para a pesquisa de buracos negros e suas interações no cosmos.
Interações entre os Buracos Negros
O sistema binário de buracos negros descoberto na galáxia OJ 287 oferece uma oportunidade única para estudar as complexas interações entre esses titãs cósmicos. Em um cenário onde dois buracos negros supermassivos coexistem, a dinâmica gravitacional e a troca de matéria entre eles geram fenômenos astrofísicos de grande interesse. A interação mais notável ocorre quando o buraco negro menor atravessa o disco de acreção do buraco negro maior, desencadeando eventos de alta energia que podem ser observados a grandes distâncias.
O disco de acreção é uma estrutura composta por gás, poeira e outros materiais que orbitam o buraco negro principal antes de serem eventualmente consumidos. Quando o buraco negro secundário se aproxima do primário, ele pode perturbar esse disco, causando a liberação de enormes quantidades de energia. Esse processo não apenas ilumina o sistema, mas também pode resultar na formação de jatos de partículas altamente energéticas, conhecidos como jatos de quasar.
Os jatos de quasar são fluxos de partículas carregadas que são ejetadas a velocidades próximas à da luz, colimadas por campos magnéticos intensos. No caso de OJ 287, a presença de um segundo buraco negro cria um cenário onde dois jatos podem ser observados simultaneamente, um fenômeno raro e de grande valor científico. Quando observamos um desses jatos diretamente, ele se manifesta como um blazar, uma fonte extremamente brilhante de radiação eletromagnética.
Em novembro de 2021, a detecção de um aumento significativo no brilho de OJ 287 foi atribuída ao jato do buraco negro secundário. Este evento, que durou cerca de 12 horas, liberou uma quantidade de energia comparável à emitida por 100 galáxias médias no mesmo período. A observação deste flare foi crucial para confirmar a existência do sistema binário e para estudar a interação entre os buracos negros.
Além dos jatos de quasar, a interação entre os buracos negros também pode gerar ondas gravitacionais, ondulações no tecido do espaço-tempo previstas pela teoria da relatividade geral de Einstein. À medida que os buracos negros orbitam um ao outro, eles emitem essas ondas, que podem ser detectadas por observatórios especializados. No caso de OJ 287, espera-se que as ondas gravitacionais emitidas estejam na faixa de nano-Hertz, tornando-as detectáveis por redes de cronometragem de pulsares no futuro próximo.
Estudar essas interações não só aprofunda nossa compreensão dos buracos negros e de suas propriedades, mas também nos fornece pistas sobre a evolução das galáxias e a dinâmica dos sistemas binários. A descoberta em OJ 287 é um marco significativo que abre novas avenidas para a pesquisa em astrofísica, prometendo revelar mais sobre os processos extremos que governam nosso universo.
Observações e Dados Coletados
Em novembro de 2021, uma série de observações coordenadas por diversos telescópios e satélites culminou na detecção de um evento extraordinário na galáxia OJ 287, localizada a aproximadamente 4 bilhões de anos-luz da Terra. Este evento foi caracterizado por um aumento abrupto no brilho da galáxia, detectado pelo Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) da NASA, que foi temporariamente redirecionado de sua missão principal de caça a exoplanetas para focar em OJ 287. A contribuição de TESS foi particularmente crucial, pois permitiu a captura de um aumento de cerca de duas magnitudes no brilho da galáxia durante um período de aproximadamente 12 horas.
Este surto de brilho foi atribuído à emissão de um jato de quasar pelo segundo buraco negro do sistema binário. A observação foi corroborada por outros instrumentos, incluindo os telescópios de raios gama Swift e Fermi da NASA, que detectaram um significativo aumento na emissão de raios gama durante o mesmo período. A detecção simultânea por múltiplos observatórios forneceu uma confirmação robusta da natureza do evento, permitindo aos astrônomos concluir que estavam testemunhando a interação direta entre dois buracos negros supermassivos.
Os dados coletados durante este evento permitiram a determinação das massas dos buracos negros envolvidos. O buraco negro primário, que é a principal fonte de energia em OJ 287, possui uma massa impressionante de 18,35 bilhões de massas solares. Em comparação, o buraco negro secundário, embora significativamente menor, ainda é extremamente massivo, com uma massa de 150 milhões de massas solares. Para efeito de comparação, o buraco negro no centro da nossa galáxia, a Via Láctea, conhecido como Sagittarius A*, possui uma massa relativamente modesta de 4,1 milhões de massas solares.
A curta duração do surto de brilho explica por que eventos semelhantes em outros sistemas binários de buracos negros não foram detectados anteriormente. A capacidade de prever quando e onde observar tais eventos é crucial para sua detecção. A descoberta em OJ 287 sugere que muitos outros sistemas binários de buracos negros podem estar passando despercebidos, aguardando a observação no momento certo.
A observação deste evento não apenas confirmou a existência de um buraco negro orbitando outro em OJ 287, mas também abriu novas possibilidades para a detecção de ondas gravitacionais. Achamveedu Gopakumar, do Tata Institute of Fundamental Research na Índia, destacou que o buraco negro menor pode revelar sua presença através da emissão de ondas gravitacionais em nano-Hertz, que poderão ser detectadas no futuro por redes de cronometragem de pulsares. Estas redes monitoram pulsares, estrelas de nêutrons que emitem pulsos regulares de rádio, cuja precisão pode ser afetada por ondas gravitacionais, permitindo a detecção indireta de eventos cósmicos massivos como a interação entre buracos negros.
Implicações da Descoberta
A descoberta do sistema binário de buracos negros supermassivos na galáxia OJ 287 traz implicações profundas para a nossa compreensão dos processos astrofísicos que governam o universo. Primeiramente, a confirmação de que dois buracos negros supermassivos podem coexistir em um sistema binário e interagir de maneira tão dramática abre novas perspectivas sobre a formação e evolução das galáxias. A interação observada, onde o buraco negro secundário atravessa o disco de acreção do primário, criando um jato de quasar temporário, fornece evidências diretas de processos dinâmicos que antes eram apenas teorizados.
Além disso, a detecção de um jato de quasar pelo buraco negro secundário durante sua passagem pelo disco de acreção do primário é um feito notável. Este evento, que resultou em um aumento de brilho de cerca de duas magnitudes por aproximadamente 12 horas, demonstra a capacidade dos instrumentos modernos, como o TESS, de capturar fenômenos astrofísicos de curta duração e alta energia. A colaboração entre múltiplos observatórios, incluindo os telescópios Swift e Fermi, foi crucial para corroborar os dados e fornecer uma imagem completa do evento.
Uma das implicações mais significativas desta descoberta é a possibilidade de detecção de ondas gravitacionais emitidas pelo sistema binário. À medida que os buracos negros orbitam um ao outro, eles devem emitir ondas gravitacionais em frequências extremamente baixas, conhecidas como nano-Hertz. Estas ondas são difíceis de detectar com os atuais detectores baseados em terra, como o LIGO, mas podem ser capturadas por futuras missões espaciais, como a LISA (Laser Interferometer Space Antenna). A detecção dessas ondas proporcionaria uma nova maneira de estudar buracos negros binários e a dinâmica de suas interações.
Além das ondas gravitacionais, a descoberta também sugere que sistemas binários de buracos negros podem ser mais comuns do que se pensava anteriormente. A dificuldade em detectar flares de curta duração significa que muitos desses sistemas podem ter passado despercebidos. Com o conhecimento de quando e onde procurar, os astrônomos podem agora direcionar suas observações de maneira mais eficaz, potencialmente revelando uma população oculta de buracos negros binários.
Em última análise, a descoberta do sistema binário em OJ 287 não só enriquece nosso entendimento sobre buracos negros e suas interações, mas também destaca a importância da colaboração internacional e do uso de múltiplos instrumentos para desvendar os mistérios do cosmos. À medida que novas tecnologias e métodos de observação são desenvolvidos, estamos cada vez mais perto de compreender plenamente os processos que moldam o universo em grande escala.
Futuras Pesquisas e Tecnologias
O avanço na detecção de sistemas binários de buracos negros, como o observado na galáxia OJ 287, abre uma nova fronteira para a astrofísica, especialmente no campo da astronomia de ondas gravitacionais. A descoberta de que esses sistemas podem emitir ondas gravitacionais em frequências extremamente baixas, conhecidas como nano-Hertz, sugere que estamos à beira de uma nova era de observações astronômicas. A detecção dessas ondas requer tecnologias avançadas e metodologias inovadoras, como as redes de cronometragem de pulsares.
As redes de cronometragem de pulsares funcionam monitorando um conjunto de pulsares distribuídos pelo espaço. Pulsars são estrelas de nêutrons que giram rapidamente e emitem feixes de ondas de rádio em intervalos regulares, semelhantes a faróis cósmicos. A precisão com que esses pulsares mantêm o tempo é notável, permitindo que cientistas detectem pequenas variações causadas pela passagem de ondas gravitacionais. Quando uma onda gravitacional atravessa o espaço entre a Terra e um pulsar, ela distorce ligeiramente o espaço-tempo, alterando a periodicidade dos pulsos de rádio que recebemos. Essas variações podem ser medidas e analisadas para inferir a presença de ondas gravitacionais.
Além das redes de cronometragem de pulsares, outra tecnologia promissora é a Laser Interferometer Space Antenna (LISA), um observatório espacial proposto pela ESA (Agência Espacial Europeia) em colaboração com a NASA. LISA será composta por três satélites separados por milhões de quilômetros, formando um interferômetro gigante no espaço. Esta configuração permitirá a detecção de ondas gravitacionais de baixa frequência, como aquelas geradas por fusões de buracos negros supermassivos. A capacidade de LISA de observar essas ondas complementará as observações feitas por detectores terrestres como o LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory), que são sensíveis a frequências mais altas.
A implementação de LISA e a maturação das redes de cronometragem de pulsares representam um avanço significativo na nossa capacidade de estudar o universo. Essas tecnologias permitirão a detecção de eventos cósmicos que antes estavam além do nosso alcance, proporcionando uma visão mais completa da dinâmica dos buracos negros e da evolução das galáxias. Além disso, a observação de ondas gravitacionais de baixa frequência pode revelar novos insights sobre a formação e crescimento de buracos negros supermassivos, bem como sobre a natureza do próprio espaço-tempo.
Em suma, as futuras pesquisas e tecnologias prometem expandir significativamente nosso conhecimento sobre o universo. A descoberta do sistema binário de buracos negros em OJ 287 é apenas o começo de uma nova era de exploração astronômica, onde a combinação de observações eletromagnéticas e gravitacionais nos permitirá desvendar os mistérios mais profundos do cosmos.
Conclusão
A descoberta do sistema binário de buracos negros supermassivos na galáxia OJ 287 representa um marco significativo na astrofísica moderna. Este evento não apenas confirma a existência de tais sistemas binários, mas também abre novas avenidas para a compreensão das interações complexas entre buracos negros e seus ambientes. A observação de um segundo buraco negro orbitando o primário e a identificação de um jato de quasar associado a ele fornecem evidências concretas de fenômenos teóricos que, até então, eram amplamente especulativos.
O papel crucial desempenhado pelo satélite TESS, juntamente com os telescópios Swift e Fermi, demonstra a importância da colaboração entre diferentes instrumentos e observatórios para a obtenção de dados precisos e abrangentes. A capacidade de TESS de detectar variações de brilho em escalas temporais curtas foi essencial para capturar o breve mas intenso flare causado pelo segundo buraco negro. Este tipo de observação detalhada é fundamental para avançar nosso entendimento sobre a dinâmica dos buracos negros e suas interações.
Além disso, a confirmação das massas dos buracos negros envolvidos — com o primário possuindo 18,35 bilhões de massas solares e o secundário 150 milhões de massas solares — fornece uma base sólida para estudos futuros sobre a formação e evolução de buracos negros supermassivos. A comparação com o buraco negro no centro da nossa própria galáxia, Sagitário A*, que tem apenas 4,1 milhões de massas solares, destaca a diversidade e a complexidade desses objetos cósmicos.
A descoberta também tem implicações significativas para a detecção de ondas gravitacionais. A previsão de que o sistema OJ 287 emitirá ondas gravitacionais em frequências detectáveis por arrays de cronometragem de pulsares e, eventualmente, pelo observatório espacial LISA, abre novas oportunidades para a observação direta desses fenômenos. A detecção de ondas gravitacionais de sistemas binários de buracos negros supermassivos permitirá testar teorias fundamentais da física e melhorar nossa compreensão da estrutura do espaço-tempo.
Em suma, a descoberta do sistema binário de buracos negros em OJ 287 é um avanço notável que reforça a importância da observação astronômica de alta precisão e da colaboração internacional em ciência. À medida que novas tecnologias e métodos de observação são desenvolvidos, podemos esperar que mais descobertas revolucionárias venham à tona, ampliando nosso conhecimento sobre o universo e os processos que moldam sua evolução. Este evento destaca a contínua relevância da pesquisa em buracos negros e astrofísica, prometendo um futuro repleto de descobertas fascinantes e insights profundos sobre os mistérios do cosmos.
Fonte:
https://www.space.com/two-quasars-one-galaxy
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Artigo original:
spacetoday.com.br