A habilidade de regenerar partes do corpo que foram amputadas não é algo exatamente raro na natureza. Estrelas-do-mar, lagartixas, salamandras, escorpiões e planárias são alguns exemplos de seres que se autorregeneram após algum incidente que remova alguma parte de seu corpo. Eis que a ciência se vê, então, diante do desafio de estimular este mesmo tipo de comportamento em pessoas.
Pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, têm estudado a enteropneusta, um invertebrado aquático com alta capacidade de regeneração, inclusive na cabeça e no sistema nervoso, e que conta com estrutura corporal bastante semelhante à dos humanos.
“Eu realmente acredito que, como humanos, nós temos o potencial de se regenarar, mas alguma coisa não permite que isso aconteça”, afirma o professor de biologia Billie Swalla em um comunicado divulgado à imprensa. Ele é diretor do Friday Harbor Laboratories e, junto com Shawn Luttrell, corresponsável pelo estudo que pretende estimular no corpo humano o mesmo recurso de autorregeneração das enteropneustas.
Capacidade de regeneração ampliada
A questão, aqui, estaria em descobrir onde está a “trava” que impede uma capacidade de regeneração maior em seres humanos, afinal nós já restauramos órgãos, tecidos e unhas, por exemplo.
“Nós compartilhamos milhares de genes com estes animais [que se regeneram], e nós temos muitos, se não todos, os mesmos genes responsáveis por regenerar as suas estruturas corporais”, comenta Luttrell. “Isto poderia ter implicações na regeneração do sistema nervoso central em humanos, se nós pudermos descobrir o mecanismo que as larvas usam para se regenerarem.”
Razões
Uma célula que se regenera replica o DNA de outra célula, assim, o desafio estaria em descobrir como acessar essas informações dentro do nosso próprio organismo. Uma das razões para tal bloqueio, sugerem os pesquisadores, seria no enorme gasto energético necessário para restaurar um sistema grande e complexo como é o corpo humano.
Neste sentido, os cientistas investigam qual mecanismo genético é ativado quando uma enteropneusta começa a se regenerar. Após descobrirem que os genes seguem exatamente o mesmo passo a passo após o início do processo de regeneração, assim, eles supõem que há um “gene mestre” que dá o pontapé inicial.
A partir disso, a intenção seria básica: reproduzir tal “gene mestre” em seres humanos, permitindo que vítimas de acidentes possam restaurar pele queimada ou mesmo órgãos danificados por doenças. É óbvio, porém, que tudo ainda precisa ser longamente pesquisado para que um dia talvez possamos ver esta revolução medicinal acontecendo.
Fontes: Universidade de Washignton, New Atlas