A semana passada marcou 5 anos desde que a sonda Rosetta da ESA chegou no seu alvo, um cometa, chamado de 67P/Churyumov-Gerasimenko, ou 67P/C-G. Nesse dia 13 de Agosto de 2019, marca 4 anos desde que o cometa seguido pela sonda Rosetta, atingiu o seu periélio, o ponto mais próximo do Sol na sua órbita. A imagem acima, adquirida pela sonda Rosetta meses depois do periélio, quando a atividade do cometa ainda estava muito intensa, mostra o núcleo do cometa com um companheiro inesperado, um pedaço de detrito na sua órbita. O detrito está destacado pelo círculo.
O cometa 67P/C-G é um objeto empoeirado. Enquanto ele chegava perto do Sol no final de Julho e Agosto de 2015, os instrumentos da sonda Rosetta registraram uma grande quantidade de poeira circulando o cometa. Isso se deve à proximidade do cometa com a nossa estrela, o calor do Sol aquece o cometa fazendo com que o seu núcleo lance gases no espaço, e levantando a poeira junto. Jatos espetaculares foram também observados, jogando mais poeira para longe do cometa. Esse material perturbado e ejetado do cometa forma a coma, o envelope gasoso que circula o núcleo do cometa, e pode criar uma bela e distinta cauda.
Uma única imagem feita pelo instrumento OSIRIS da sonda Rosetta pode conter centenas de partículas de poeira e grãos ao redor do núcleo de 4 km do cometa. Algumas vezes, até mesmo pedaços maiores de material deixam a superfície do 67P/C-G, como mostrado nessa imagem.
Esse pedaço de rocha foi identificado a poucos meses atrás, pelo astrofotógrafo Jacint Roger da Espanha, que estava minerando as imagens de arquivo da Rosetta, processando alguns dados e postou as imagens finais no Twitter. Ele conseguiu encontrar o objeto na órbita do cometa numa sequência de imagens feitas pela câmera de ângulo restrito OSIRIS da Rosetta no dia 21 de Outubro de 2015. Nesse momento, a sonda estava a cerca de 400 km de distância do centro do 67P/C-G.
Os cientistas da ESA e da equipe do instrumento OSIRIS estão agora estão agora tentando estudar esse pedaço do cometa em detalhe. Chamado de Churymoon, pela pesquisadora Julia Marín-Yaseli de La Parra, o pedaço tem aproximadamente 4 metros de diâmetro.
A modelagem das imagens da Rosetta indica que esse objeto gastou as primeiras 12 horas depois da ejeção numa órbita ao redor do 67P/C-G com uma distância variando entre 2.4 e 3.9 km do centro do cometa. Depois disso, o pedaço de rocha cruzou uma parte da coma, que aparece muito brilhante nas imagens, fazendo com que fosse difícil seguir sua trajetória de forma precisa, contudo, observações posteriores, feitas do lado oposto da coma confirmaram a posição consistente com a órbita do pedaço de rocha, fornecendo assim uma indicação do movimento ao redor do cometa até 23 de Outubro de 2015.
Os cientistas estudaram e rastrearam detritos ao redor do 67P/C-G desde que a sonda Rosetta chegou lá em 2014. O objeto registrado nessa imagem é provavelmente o maior pedaço de rocha detectado ao redor do cometa e será tema para investigações futuras.
O cometa 67P/C-G atualmente está no Sistema Solar externo, entre as órbitas de Marte e Júpiter, e passará pelo seu periélio novamente no final de 2021.
Fonte:
https://www.esa.int/spaceinimages/Images/2019/08/An_unexpected_companion
Artigo original:
spacetoday.com.br