Alugar um local por meio do Airbnb tem sido uma das alternativas mais vantajosas para milhares de pessoas em todo o mundo, seja pelo preço ou acomodação. Só que tem gente se aproveitando do serviço para transformá-lo em mais do que uma simples hospedagem. De acordo com a polícia no Reino Unido, imóveis alugados pela plataforma estão sendo usados como pontos de prostituição.
Um homem que não quis se identificar procurou a reportagem da BBC para relatar que seu apartamento cadastrado no site passou a ser usado como um “bordel temporário”. O dono do imóvel diz ter ficado chocado quando descobriu o que acontecia, e que suspeitou quando os locatários quiseram pagar em dinheiro pelo tempo de estadia em sua residência – apesar de o serviço oferecer várias formas de pagamento, a maioria deles é feito via cartão de crédito.
O rapaz afirma que, no dia em que concluía a reserva para os locatários em questão, ele notou que os inquilinos assinaram a mensagem de texto com um nome estranho. Foi aí que o homem resolveu pesquisar no Google e se surpreendeu ao perceber que tinha alugado o apartamento para uma dupla de prostitutas de luxo, que cobravam mais de R$ 5 mil por noite.
“Quando entrei no apartamento, ele cheirava a vinho e perfume. O cesto de lixo estava transbordando de camisinhas usadas e havia sete ou oito garrafas vazias. Pode parecer estranho, mas fiquei pensando como elas eram desleixadas com a limpeza para alguém que precisava disfarçar o que faz para continuar alugando imóveis”, declara.
Logo em seguida, o proprietário chamou a polícia com receio de que seu nome fosse envolvido em algum delito. “Eles tomaram meu depoimento e tenho um protocolo, mas não ouvi mais nada depois disso. Fiquei um pouco desapontado, porque não quero que outras pessoas sejam enganadas. Quero até vender o meu apartamento”, diz.
Do outro lado, a BBC conversou com Charlotte, uma garota de programa que tem atendido clientes através do Airbnb. Ela conta que, graças ao serviço, construiu uma base sólida de clientes em diferentes regiões do país, e que a plataforma é uma opção muito mais barata do que manter um apartamento fixo e bancado por ela mesma. “Desde que deixe o imóvel do jeito em que encontrei [no Airbnb], não vejo problema”, diz.
“Os custos de alugar um imóvel para fins comerciais são enormes. É preciso pagar quase dois meses de aluguel antecipadamente, e nem sempre isso é viável financeiramente”, explica. No entanto, a prostituta admite que o Airbnb, por mais que a ajude na profissão, ameaça sua segurança porque não tem como conhecer a área previamente e porque isso viola as leis.
No início deste ano, uma investigação das autoridades britânicas descobriu 14 bordéis improvisados em Newquay, balneário no sudoeste da Inglaterra. Segundo as autoridades, esses locais funcionam por períodos curtos e fazem publicidade discreta online – por isso a dificuldade em localizá-los de forma mais ágil.
O Reino Unido permite a “compra e venda” de sexo em certas condições, mas apenas entre um(a) único(a) cliente e um(a) garoto(a) de programa. Se mais de uma pessoa oferece prostituição em um estabelecimento, a lei o classifica como bordel, o que é ilegal no país. No caso de Charlotte, pelo menos em termos de atividade, o que ela faz está dentro da lei. O Brasil tem uma legislação semelhante.
Procurado pela BBC, o Airbnb afirma ter “tolerância zero com esse tipo de comportamento” e que está investigando o caso. “Mais de 160 milhões de pessoas em todo o mundo já usaram nossos serviços e experiências ruins são bem raras”, disse um porta-voz do site.
Fonte: BBC