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Os buracos negros possuem duas propriedades básicas que precisam ser conhecidas para que eles possam ser caracterizados e entendidos.
São elas, sua massa e a sua rotação.
A massa dos buracos negros é relativamente fácil de ser determinada, estudando os efeitos que ele gera na matéria nas suas proximidades. Como estrelas que aceleram ao passar próximo.
Já a rotação do buraco negro é muito mais complicada de ser medida, é preciso observar uma região muito próxima do buraco negro, o que é praticamente impossível de ser feito.
Porém, existe uma maneira e um momento onde é possível calcular a rotação do buraco negro.
No momento em que ele se alimenta.
Quando uma estrela passa muito perto de um buraco negro e atraída pela sua enorme força gravitacional, ocorre um evento chamado de Evento de Ruptura de Maré, nesse evento, a estrela é despedaçada e começa a circular o buraco negro, criando um disco de acreção.
Devido a alta velocidade e à fricção, esse disco começa a irradiar principalmente no comprimento de onda dos raios-X, e assim, se os astrônomos conseguirem observar um evento desses é possível medir a rotação de um buraco negro.
O problema, é que esses eventos são muito raros, ocorre 1 a cada 10 mil ou até 1 a cada 100 mil anos na galáxia.
E embora, falamos muito de buracos negros são poucos os que são realmente conhecidos e estudados.
Mas, lá em 22 de Novembro de 2014, o projeto conhecido como ASASSN, All-sky Automated Survey for SuperNovae, descobriu um fenômeno no universo, que foi chamado de ASASSN-14li e que ocorreu numa galáxia a cerca de 290 milhões de anos-luz de distância da Terra.
Mas esse fenômeno não era uma supernova, mas sim o momento em que um buraco negro com 1 milhão de vezes a massa do Sol e que estava dormente, engoliu uma estrela, criando um Evento de Ruptura de Maré.
Os astrônomos então resolveram apontar para essa região todo o seu arsenal de observatórios espaciais que detectam raios-X, o Chandra, e o Swift da NASA e o XMM-Newton da ESA.
Os astrônomos então, puderam estudar o intenso sinal de raios-X emitido, detectando uma oscilação de 131 segundos nesse sinal por um longo tempo de 450 dias.
Os astrônomos até então nunca tinham detectado um sinal estável de raio-X na vizinhança de um buraco negro por um período de tempo tão longo.
E ao combinar a informação da massa, com os sinais detectados, eles puderam então calcular a rotação do buraco negro.
Esse buraco negro, gira a uma velocidade equivalente a 50% da velocidade da luz, e o sinal de raio-X foi detectado de uma das regiões mais internas do buraco negro.
Observar o buraco negro no momento da sua alimentação, permitiu então que os astrônomos pudessem desenvolver uma nova técnica para medir uma das propriedades fundamentais para se entender a física dos buracos negros, a sua rotação.
além disso, esse evento deu aos astrônomos a possibilidade de estudar o comportamento da matéria nas vizinhanças de uma das regiões mais extremas do universo, as imediações de um buraco negro.
#BuracoNegro #EngolindoEstrelas
Fonte:
http://www.esa.int/Our_Activities/Space_Science/XMM-Newton_captures_final_cries_of_star_shredded_by_black_hole
http://chandra.harvard.edu/photo/2019/bhspin/
http://chandra.harvard.edu/photo/2019/bhspin/
Artigo original:
spacetoday.com.br