Buraco Negro Central da Via Láctea Acordou 200 Anos Atrás

Mestre Jedi Buraco Negro Central da Via Láctea Acordou 200 Anos Atrás

Sagitário A*, muitas vezes abreviado como Sgr A*, é um fenômeno celestial que intriga os astrônomos há anos. Localizado no coração da Via Láctea, na constelação de Sagitário, este buraco negro supermassivo está situado a mais de 25.000 anos-luz de distância da Terra. Com uma massa estimada em milhões de vezes a do nosso Sol, seu tamanho é quase incompreensível. No entanto, o que torna Sagitário A* particularmente fascinante é sua luminosidade relativamente baixa em comparação com outros buracos negros no centro das galáxias. Isso levou os cientistas a acreditar que não consumia ativamente o material ao seu redor.

Recentemente, surgiram novas evidências que desafiam essa noção. O telescópio Imaging X-ray Polarimetry Explorer (IXPE) da NASA forneceu dados sugerindo que esse antigo gigante adormecido pode ter despertado de seu sono há cerca de 200 anos. Durante este período, acredita-se que tenha devorado gás e outros detritos cósmicos em sua vizinhança. Esta revelação abriu novos caminhos para a compreensão do comportamento de buracos negros supermassivos.

Um dos aspectos intrigantes desta descoberta foi a observação de gigantescas nuvens de gás perto de Sagitário A*. Normalmente, as nuvens cósmicas, conhecidas como “nuvens moleculares”, são frias e escuras. Consequentemente, suas assinaturas de raios-X deveriam ser fracas. No entanto, os cientistas ficaram surpresos ao descobrir que essas nuvens brilhavam intensamente. Essa anomalia levou os cientistas a chamar o IXPE para um olhar mais atento.

O IXPE, especialista em medir a polarização da luz de raios X, foi apontado para essas nuvens moleculares em dois períodos de estudo em fevereiro e março de 2022. A polarização da luz de raios X refere-se à direção e intensidade médias do campo elétrico. de ondas luminosas. Esses dados foram então combinados com imagens do Observatório de Raios-X Chandra da NASA. Além disso, foi comparado com observações de arquivo da missão XMM-Newton da Agência Espacial Europeia. Essa análise abrangente permitiu que os pesquisadores isolassem o sinal de raios X refletido e descobrissem seu ponto de origem.

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Frédéric Marin, astrônomo do Observatório Astronômico de Estrasburgo, na França, e principal autor do estudo, explicou um dos cenários para explicar a luminosidade dessas nuvens. Ele sugeriu que eles poderiam estar ecoando um flash de luz de raios-X há muito desaparecido. Isso indicaria que Sagitário A* não era tão inativo há alguns séculos quanto se pensava anteriormente. O estudo, que tem sido uma contribuição significativa para o campo, foi publicado na revista Nature.

Riccardo Ferrazzoli, um astrofísico do Instituto Nacional Italiano de Astrofísica em Roma, elaborou ainda mais as descobertas. Ele explicou que o ângulo de polarização age como uma bússola, apontando para a misteriosa fonte de iluminação. Surpreendentemente, a direção para a qual apontava não era outra senão Sagitário A*.

Ao analisar os dados, a equipe de pesquisa deduziu que os raios-X das nuvens moleculares gigantes eram luz refletida de uma explosão intensa e de curta duração produzida em Sagitário A* ou próximo a ele. Essa explosão pode ter sido o resultado do buraco negro consumindo abruptamente material próximo. Os dados também permitiram aos pesquisadores estimar a luminosidade e a duração da explosão original, sugerindo que o evento ocorreu por volta do início do século 19, aproximadamente 200 anos terrestres atrás.

Compreender o comportamento de Sagitário A* é fundamental, pois fornece informações sobre a dinâmica dos buracos negros supermassivos. Steven Ehlert, cientista do projeto IXPE no Marshall Space Flight Center da NASA em Huntsville, Alabama, destacou a importância desta pesquisa. Ele mencionou que o IXPE desempenha um papel fundamental para ajudar a entender a escala de tempo na qual o buraco negro no centro de nossa galáxia está mudando. Ele enfatizou que a mudança pode acontecer com galáxias ativas e buracos negros supermassivos em uma escala de tempo humana, e que aprender mais sobre o comportamento de Sagitário A* ao longo do tempo e sua história de explosões é crucial.

O próximo objetivo da equipe é repetir a observação e reduzir as incertezas da medição. Os dados de acompanhamento podem melhorar as estimativas de quando ocorreu o surto e quão intenso ele pode ter sido em seu pico. Além disso, ajudará a determinar a distribuição tridimensional das nuvens moleculares gigantes que cercam o buraco negro quiescente. Isso é essencial para criar um modelo mais preciso do ambiente ao redor de Sagitário A* e entender as condições que podem fazer com que ele desperte novamente, mesmo que temporariamente.

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Mais importante ainda, esses estudos ajudam os pesquisadores a obter uma nova compreensão dos processos físicos necessários para despertar Sagitário A*. Compreender esses processos não é apenas conhecer o passado; trata-se também de prever eventos futuros. Saber o que pode fazer com que um buraco negro supermassivo se torne ativo pode ter implicações de longo alcance, especialmente considerando a enorme energia que pode ser liberada durante tais eventos.

Ehlert explicou ainda que o IXPE é fundamental para entender a escala de tempo na qual o buraco negro no centro de nossa galáxia está mudando. A capacidade de observar e medir mudanças em Sagitário A* ao longo do tempo é inovadora. Ele permite que os cientistas diferenciem entre mudanças típicas e eventos únicos. Essa diferenciação é vital para entender a natureza fundamental dos buracos negros supermassivos.

O despertar de Sagitário A* é semelhante à agitação de um gigante adormecido. O buraco negro, que permaneceu relativamente inativo, exibiu uma explosão de atividade intensa e de curta duração. Essa atividade, que ocorreu há dois séculos, é um lembrete de que mesmo os corpos celestes mais adormecidos podem apresentar mudanças dramáticas.

O estudo de Sagitário A* é uma viagem ao desconhecido. A cada observação e medição, os cientistas revelam uma camada de mistério em torno desse buraco negro supermassivo. Os dados coletados pintam uma imagem de um universo dinâmico e em constante mudança, onde até mesmo as estruturas mais massivas e antigas estão sujeitas a mudanças.

Em conclusão, o estudo de Sagitário A* é emblemático do campo mais amplo da astronomia e astrofísica. É um testemunho da curiosidade humana e da busca pelo conhecimento. Através do uso de telescópios avançados como o IXPE e colaborações entre diferentes agências espaciais, os pesquisadores conseguiram lançar luz sobre uma das estruturas mais enigmáticas da nossa galáxia.

À medida que continuamos a observar e estudar Sagitário A*, somos lembrados da vastidão do universo e das infinitas possibilidades que ele contém. O despertar deste buraco negro supermassivo serve como um lembrete da natureza dinâmica do cosmos e da importância da exploração e estudo contínuos.

Em um universo de bilhões de anos, o despertar de Sagitário A* é apenas um breve momento no tempo. No entanto, para os cientistas que o estudam e para uma sociedade que olha para as estrelas com admiração, é um momento que guarda infinitas possibilidades e infindáveis perguntas.

Ao olharmos para o futuro, o estudo de Sagitário A* e outros buracos negros supermassivos continuará a ser um farol de investigação científica. É por meio dessa busca por conhecimento que continuaremos a desvendar os segredos do universo, uma observação por vez.

Fonte:

https://www.nasa.gov/mission_pages/ixpe/feature/milky-way-s-central-black-hole-woke-up-200-years-ago-nasa-s-ixpe-finds

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Artigo original:
spacetoday.com.br