Usando dados da European Photon Imaging Camera, ou EPIC que fica no observatório de raios-X XMM-Newton da ESA, os astrônomos detectaram pela primeira vez uma poderosa flare de raios-X gerada por uma estrela anã ultrafria de classe espectral L. A estrela é designada de 3XMM J033158.9-273925, ou J0331-27, e está localizada a aproximadamente 783 anos-luz de distância da Terra. Em questões de minutos, ela lançou 10 vezes mais energia do que as mais intensas flares emitidas pelo nosso Sol.
As flares são emitidas quando o campo magnético na atmosfera da estrela se torna instável e colapsa numa configuração mais simples.
No processo, ela libera uma grande proporção de energia que estava ali armazenada.
Essa explosiva liberação de energia cria um brilho repentino, a flare, e isso é onde as novas observações apresentam os maiores desafios.
Essa é a parte mais interessante cientificamente falando da descoberta, pois ninguém esperava que as estrelas anãs do tipo L armazenassem energia suficiente em seus campos magnéticos para gerar essas explosões.
A energia só pode se localizar no campo magnético da estrela por partículas carregadas, que também são conhecidas como o material ionizado e criados em ambientes de alta temperatura.
Como uma anã do Tipo L, a J0331-27 tem uma baixa temperatura superficial para uma estrela, apenas 2100 K, só por comparação no Sol, a temperatura superficial é de cerca de 6000K.
Os astrônomos não acham que essa baixa temperatura seria capaz de gerar partículas carregadas suficientes para preencher com tanta energia o campo magnético. Então, a grande questão é, como uma superflare pode ser possível nesse tipo de estrela.
Essa é uma excelente questão, ninguém sabe.
Entender as similaridades e diferenças entre essa nova, e única superflare numa anã do Tipo L e as flares anteriormente observadas, detectadas em todos os comprimentos de ondas nas estrelas de massa maior é agora uma prioridade para os astrônomos. Mas para isso é preciso mais exemplos.
Estrelas que possuem flares mais frequentes lançam menos energia a cada vez, enquanto essa anã L parece lançar energia de forma mais rara, porém num evento realmente grande.
Essa é uma questão em aberto e precisa ser melhor investigada.
A descoberta dessa superflare numa anã do Tipo L é um grande exemplo de uma pesquisa feita nos dados de arquivo do XMM-Newton, demonstrando que a missão tem um enorme potencial científico. E os astrônomos já estão esperando as próximas surpresas da missão.
Fonte:
http://www.sci-news.com/astronomy/xmm-newton-x-ray-superflare-ultracool-dwarf-08159.html
Artigo original:
spacetoday.com.br