Um astrônomo do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí e uma equipe internacional publicou um novo estudo que revela mais do que vasta estrutura cósmica ao redor da Via Láctea.
O universo é uma tapeçaria de congregações de galáxias e vastos vazios. Nesse novo estudo, a equipe de astrônomos aplicou as mesmas ferramentas aplicadas em um estudo anterior para mapear o tamanho e a forma de uma extensa região vazia que eles chamam de Vazio Local que delimita a Via Láctea. Usando observações de movimento da galáxia, eles inferiram a distribuição de massa responsável por esse movimento e construíram um mapa tridimensional do nosso universo local.
As galáxias não se movem somente com a expansão geral do universo, elas também respondem à força gravitacional de suas galáxias vizinhas e regiões com muita massa. Como consequência disso, elas se movem em direção as áreas mais densas e para longe das regiões com menos massa, os vazios.
Embora nós vivemos em uma metrópole cósmica, lá em 1987, Tully e Richard Fisher, notaram que a nossa galáxia está também na borda de uma extensa região vazia que eles chamaram de Vazio Local. A existência do Vazio Local tem sido vastamente aceita, mas ela se mantem pouco estudada pois ela se localiza atrás do centro da nossa galáxia, o que faz com que essa região esteja escondida da nossa visão.
Agora, Tully e sua equipe também mediram o movimento de 18 mil galáxias, usando para isso um compêndio de distâncias galácticas conhecido como Cosmicflows-3, para construir uma mapa cosmográfico que destaca as fronteiras entre a coleção de matéria e a ausência de matéria que define a borda do nosso Vazio Local. Eles usaram a mesma técnica em 2014 para identificar a extensão completa do nosso superaglomerado que possui mais de cem mil galáxias e é chamado de Laniakea, ou “imenso céu” em havaiano.
Por 30 anos, os astrônomos têm tentado identificar porque o movimento da Via Láctea, da galáxia de Andrômeda e vizinhas menores desviavam da expansão geral do universo por um valor de 600 km.s. O novo estudo mostra que aproximadamente metade desse movimento é gerado localmente por uma combinação de forças do massivo aglomerado de galáxias Virgo e da nossa participação na expansão do Vazio Local, à medida que ele se torna mais vazio ainda.
Representações do vazio podem ser vistas no vídeo nesse post, e de forma alternativa num modelo interativo que os pesquisadores construíram. Com o modelo interativo é possível dar zoom, mudar a perspectiva, rotacionar e pausar ou ativar a evolução do tempo para observar o movimento dos objetos. As órbitas são mostradas num frame de referência que remove a expansão geral do universo. O que se vê são os desvios da expansão cósmica causados pelas interações das fontes locais de gravidade.
Fonte:
https://phys.org/news/2019-07-astronomers-vast-void-cosmic-neighborhood.html
Artigo original:
spacetoday.com.br