Duas sondas espaciais da NASA bem diferentes estão terminando sua vida útil. Uma delas é a sonda Kepler, que passou 9 anos no espaço profundo coletando dados que ajudaram a detectar milhares de planetas orbitando estrelas fora do Sistema Solar, e a outra é a Dawn, que passou 11 anos, orbitando e estudando os dois maiores objetos do Cinturão Principal de Asteroides, Vesta e Ceres.
Contudo, as duas missões têm muito mais coisa em comum do que simplesmente o fato de estarem esgotando o combustível no mesmo momento. Ambas as missões adquiriram dados que quebraram paradigmas científicos, pesquisando por respostas sobre os mistérios do universo, dentro e fora do Sistema Solar.
Lançada em 2007, a Dawn foi a primeira sonda a orbitar um corpo entre Marte e Júpiter, e a primeira sonda a orbitas mais de um objeto no espaço profundo. De 2011 até 2012, a Dawn, estudou o asteroide Vesta antes de fazer uma manobra sem precedentes na história da exploração espacial, deixando a órbita desse objeto e viajando até Ceres, que foi estudado por mais de 3 anos e meio. A Dawn se manterá numa órbita estável ao redor de Ceres por décadas. Entre as muitas descobertas, a Dawn ajudou os cientistas a descobrirem moléculas orgânicas em Ceres, e evidências de que o planeta anão poderia ter abrigado um oceano por um tempo significativo da sua história, e que ainda pode abrigar.
Enquanto isso, a missão Kepler, foi lançada em 2009, e revelou que estatisticamente existe no mínimo um planeta ao redor de cada estrela da nossa galáxia. Ela também abriu os nossos olhos para a grande variedade de mundos existentes além do Sistema Solar, descobrindo mais de 2600 planetas orbitando outras estrelas. Entre os exoplanetas descobertos estão, planetas rochosos, planetas do tamanho da Terra, alguns com órbitas dentro da zona habitável de suas estrelas, onde a água líquida pode existir na superfície. O Kepler também caracterizou uma classe de planetas que não existe no nosso Sistema Solar, mundos que possuem tamanho entre a Terra e Netuno e são chamados de Super-Terras.
Ambas as missões foram estendidas além de sua missão original, graças ao trabalho inovador dos seus engenheiros e cientistas. Em 2016 a missão da Dawn em Ceres foi estendida. Em 2017, a sua missão em Ceres foi estendida novamente para estudar o planeta anão de uma altura de 35 km acima da superfície, com o principal objetivo de entender a evolução de Ceres e a sua possível geologia ativa.
Em 2012, a Kepler completou sua missão primária e foi então estendida. Depois de uma falha num segundo giroscópio, que mantinha a sonda estabilizada para as observações, em 2013, os engenheiros conseguiram usar a pressão solar para manter a sonda temporariamente apontando para direção desejada. Começando em 2014, essa nova missão foi camada de K2. Ela vem funcionando desde então, examinando 19 diferentes regiões do céu com populações de estrelas, galáxias e objetos do Sistema Solar.
Ambas as missões, com seus dados vastamente distintos, têm dado aos cientistas aqui na Terra, muito conhecimento. Da missão Dawn, nós descobrirmos que Ceres pode ainda ser geologicamente ativo e poderia ter água salgada surgindo e depositando sais na superfície. Da missão Kepler, nós aprendemos que os planetas são mais comuns do que estrelas na nossa galáxia e que muitos deles poderiam ser promissores para a vida. Ele também mostrou a diversidade de planetas e sistemas planetários existentes, uns bem diferentes dos outros, e bem diferentes do nosso lar.
Estamos nos preparando para dizer adeus a essas duas missões, mas sempre é bom lembrar que os dados que elas adquiririam ainda serão estudados por décadas e podem revelar muitos segredos.
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Artigo original:
spacetoday.com.br