As auroras observadas na Terra estão entre os fenômenos mais bonitos que podemos ver nos céus do planeta. Mas a Terra não é o único lugar no Sistema Solar onde esse fenômeno acontece.
Um brilho atmosférico, muitas vezes só notado em comprimentos de onda invisíveis para os nossos olhos, já foi detectado em todos os planetas exceto Mercúrio, e até mesmo em luas de Júpiter e em um cometa. Mas Marte é onde o tudo isso se torna mais interessante. O Planeta Vermelho é famoso por ter perdido o seu campo magnético global, e nós aprendemos desde sempre que as auroras só acontecem devido a interação das partículas carregadas do Sol com o campo magnético do planeta, então como isso pode ser possível em Marte?
Embora Marte não tenha campo magnético global não quer dizer que o planeta seja totalmente livre de magnetismo. Existem regiões de campo magnético localizado em pontos específicos da crosta, principalmente no hemisfério sul. Novas análises confirmaram que esses pequenos campos magnéticos localizados interagem com o vento solar de maneira interessante, de modo a produzir auroras em Marte. Mas são auroras que só são visíveis no ultravioleta.
Esse é o primeiro estudo detalhado sobre como as condições do vento solar afetam as auroras em Marte. A principal descoberta do estudo é que dentro da região do campo magnético crustal mais forte, a taxa de ocorrência de auroras depende principalmente da orientação do campo magnético do vento solar, enquanto que fora da região onde o campo magnético crustal é forte, a taxa de ocorrência depende da pressão dinâmica do vento solar.
Aqui na Terra, nós sabemos bem como as auroras ocorrem, elas aparecem quando as partículas do vento solar colidem com a magnetosfera da Terra, e são aceleradas ao longo das linhas do campo magnético para as altas latitudes onde então são geradas. Em outros locais do Sistema Solar, como Júpiter, as auroras se formam da mesma forma.
Mas em Marte não temos esse campo magnético, o que temos são manchas de magnetismo preservadas em minerais que estão magnetizados ainda na crosta do planeta. Imagens em ultravioleta de Marte, mostram que as auroras tendem a se formar perto desses campos magnéticos remanescentes, o que faz sentido se as linhas de campo magnético forem necessárias para a aceleração das partículas.
O trabalho também analisou as condições do vento solar. Usando dados da sonda MAVEN, foram comparados dados sobre a pressão dinâmica do vento solar, bem como a força e o ângulo do campo magnético interplanetário, com dados em ultravioleta obtidos das auroras marcianas. Com o estudo foi possível descobrir que fora das regiões de campo magnético da crosta, a pressão dinâmica do vento solar desempenha um papel significativo na frequência de detecção das auroras.
Mas a pressão do vento solar tem pouca importância no brilho das auroras. Isso sugere que os eventos climáticos espaciais, como ejeções de massa coronal, que estão associadas a uma maior pressão do vento solar podem desencadear auroras marcianas.
Dentro das regiões de campo magnético crustal, a orientação do campo magnético e do vento solar parecem ter um papel importante na formação das auroras em Marte. Em certas orientações, o vento solar parece ser favorável a eventos de reconexão magnética ou no processo de aceleração de partículas, processos esses necessários para produzir o brilho das auroras.
Esses resultados revelam novas informações sobre como as interações com o vento solar podem gerar as auroras em um planeta sem um campo magnético global. Essa informação pode ser usada para se entender melhor sobre a formação de auroras discretas em diferentes mundos.
Fontes:
https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1029/2021JA030238
O post As Auroras Marcianas São Finalmente Explicadas apareceu primeiro em SPACE TODAY – NASA, Space X, Exploração Espacial e Notícias Astronômicas em Português.
Artigo original:
spacetoday.com.br