App reconhece discussões de casais e, no futuro, pretende evitá-las

Mestre Jedi App reconhece discussões de casais e, no futuro, pretende evitá-las

Se você namora ou é casado, é bem provável que já tenha se envolvido em algum tipo de discussão com seu companheiro. Já pensou se, no futuro, a tecnologia pudesse não apenas prever que isto aconteceria, mas também evitar uma briga? Pois é exatamente isso que pretende um aplicativo criado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Usando inteligência artificial, os pesquisadores criaram uma aplicação capaz de identificar certos padrões usados em uma discussão, como sinais psicológicos e até mesmo a linguagem empregada por quem discute. Os resultados da pesquisa foram publicados em uma revista científica nesta semana.

Análise e previsão

Liderados pela professora Adela Timmons, o grupo de pesquisadores do Couple Mobile Sensing Project selecionou 34 casais e utilizou smartphones e outros itens de computação vestível para monitorar todos eles em suas próprias residências. Os algorítimos de aprendizado de máquina utilizados nos dispositivos eram capaz de identificar alterações na fala e também possíveis variações psicológicas dos usuários, como mudança na frequência cardíaca e até mesmo no nível de condutância da pele.

A ideia é que, no futuro, esses dados todos possam servir como base para uma plataforma capaz de identificar quando um conflito está prestes a acontecer. Assim, seria possível enviar alertas aos casais para quem sabe fazer com que a briga seja evitada.

“Em nossos modelos atuais, nós podemos detectar quando o conflito está acontecendo, mas nós ainda não prevemos a discussão antes de ela acontecer”, comenta a Timmons. “Em nossos próximos passos, esperamos prever episódios de conflito e também enviar solicitações em tempo real, por exemplo pedindo que os casais façam uma pausa ou algum exercício de meditação, para ver se é possível prevenir ou reduzir os ciclos de conflitos.”

Além de se apoiar nos dados coletados durante o experimento com 34 casais, o modelo proposto por Timmons e sua equipe se baseia também em informações obtidas previamente por outros estudos. Pesquisas anteriores mostraram que conflitos de casal geram algumas ações específicas no corpo dos envolvidos, justamente elevação dos batimentos cardíacos e aumento no nível de condutância da pele.

Vale acrescentar ainda um padrão de linguagem um tanto quanto específico de uma discussão como esta. Casais que estão em meio a um bate-boca tendem a se dirigir ao outro usando palavras negativas, expressões como “nunca” e “sempre” e abusando de pronomes de tratamento como “você”.

Resposta no Big Data

Os resultados dos testes foram relativamente satisfatórios. Por exemplo, 62,3% dos casos identificados de emoções negativas se referiam, de fato, a um conflito de casal — quando a avaliação envolve o uso de algorítimos de aprendizado de máquina para interpretar todas as informações coletadas, a precisão aumenta para 79,3%. Mas ainda há muitos ajustes a serem feitos.

“Este modelo se baseia em aprendizado de máquina”, comenta Timmons. “Para ser capaz de classificar experimentos e afirmar com precisão razoável quando um conflito está acontecendo de fato ou não, é necessário usar o big data.”

Assim, os pesquisadores esperam refinar o trabalho do seu aplicativo, aumentando a precisão na hora de identificar uma briga de casal e até mesmo combinando informações que podem identificar fatores que favorecem o acontecimento de uma discussão. Será que chegaremos ao dia em que discussões infundadas não mais acontecerão?

Via IEEE Spectrum