Afinal, o que são as midi-chlorians?

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A trilogia prequela, e em especial o primeiro Episódio: A Ameaça Fantasma, apresentaram o conceito das Midi-chlorians, formas de vida inteligentes e microscópicas que vivem simbioticamente com todos os seres vivos em que residem e os permitem comunicar com a Força.

Porém, esse conceito não foi bem aceito por uma (grande) parcela dos fãs da saga. Muitos acreditam que o conceito científico do uso da Força é algo que antagoniza o que foi visto na trilogia clássica, onde ela era como uma religião, um poder místico.

O objetivo neste tópico é tentar mostrar aos fãs que as midi-chlorians são um conceito que apenas complementa aquele misticismo ao qual foram apresentados em Uma Nova Esperança.

 A diferença de Eras

Há uma grande diferença entre os temas da trilogia clássica e a da prequela. Uma apresenta uma galáxia rústica e “sucateada”, enquanto a outra nos mostra o lado próspero e tecnológico.

Essa diferença também afeta a maneira que os personagens veem a Força. Na trilogia clássica, onde os Jedi e praticamente todo o seu legado estavam destruídos, ela é tratada como algo místico. Já nas prequelas, a Força, além de sua misticidade, tem sua pegada científica.

O que muita gente não sabe é que as midi-chlorians não foram criadas essencialmente para as prequelas. O conceito delas já existia para George Lucas quando estava produzindo a trilogia original, mas ele sentiu que não tinha tempo para apresentar isso nos filmes.

O Conceito

Qui-Gon Jinn foi o primeiro a mencionar as midi-chlorians ao solicitar a seu Padawan que fizesse um exame de sangue para verificar a contagem desses organismos em Anakin. E, para a surpresa de todos, o jovem menino possuía a maior contagem já vista, cerca de 20.000, mais até que o próprio Mestre Yoda!

Qui-Gon acreditava fielmente que Anakin era o profetizado Escolhido, aquele que traria equilíbrio à Força. E, ao descobrir que Skywalker não teve pai, ele acreditou que o garoto tinha sido gerado pelas midi-chlorians. Mais tarde, em Coruscant, Anakin estava intrigado sobre o que eram essas tais midi-chlorians que tanto falaram a respeito na reunião do Conselho Jedi. Então ele perguntou a Qui-Gon Jinn, que disse:

São seres de vidas microscópicas inteligentes que vivem no interior de suas células. Sem as midi-chlorians, a vida não poderia existir, e nós não teríamos conhecimento da Força. Elas continuamente conversam conosco, nos dizendo a vontade da Força. Quando você aprender a acalmar sua mente, escutará elas conversando com você.

Ou seja, as midi-chlorians são um fator essencial para a existência de vida na galáxia.

Inspiração da vida real

Elas são vagamente baseadas nas mitocôndrias, organelas que fornecem energia para as células. Como as midi-chlorians, acredita-se que as mitocôndrias eram organismos separados que viviam nas células vivas e desde então se tornaram parte delas. Entretanto, elas às vezes agem como formas de vidas independentes, com próprio DNA.

Palavras de George Lucas

Lucas estabeleceu uma relação com elas, em particular a necessidade das midi-chlorians para a vida existir, como uma metáfora para a sociedade. Segundo ele, todas as partes da sociedade deveriam se unir do jeito que as midi-chlorians e seus simbiontes se unem, trazendo benefícios para ambos os lados.

Lucas disse:

Estou assumindo que as midi-chlorians são uma raça que todos conhecem [no mundo de Star Wars]. O jeito que você interage com a Força é através das midi-chlorians, que são sensitivas à energia. Elas estão no núcleo de sua vida, que é a célula. Elas estão numa relação simbiótica com a célula. E então, porque eles estão interconectados, eles podem comunicar-se com o campo da Força. É assim que se lida com a Força.

Algumas pessoas acharam que isso negava o aspecto democrático da Força, apesar do fato que em Retorno de Jedi, a história e diálogo já tinham deixado claro que a Força era, ao menos de algum jeito, hereditária. O filme tinha linhas como, “A Força é poderosa em minha família”, a qual Luke diz a Leia.

Até esta linha do filme — ou talvez até descobrirmos que Vader era o pai de Luke em Império — muitos telespectadores do primeiro filme, em 1977, talvez tenham entretido a possibilidade de ele ou ela, também, poderem se tornar um Jedi. Afinal de contas, Ben Kenobi não tinha dito a Luke que ele precisava de alguma habilidade especial ou teste de sangue quando ele pediu a ele para iniciar seu treinamento em Episódio IV. Luke apenas precisava aprender como explorar o campo de energia mística chamado de Força. Lucas, até depois de Império, disse isso em um bate-papo com Lawrence Kasdan e o diretor Richard Marquand numa conferência, antes de iniciarem as filmagens de Jedi:
Kasdan: A Força estava disponível para qualquer um que pudesse se conectar a ela?
Lucas: Sim, todos podem fazer isso.
Kasdan: Não apenas os Jedi?
Lucas: São apenas os Jedi que tomam o tempo para fazê-lo.
Marquand: Eles a usam como uma técnica.
Lucas: Como Yoga, ou karatê. Se você quiser entregar seu tempo a isso, você consegue fazer; mas apenas aqueles que realmente queriam eram os que possuíam aquela coisa.

A Polêmica

Eu acredito que grande parte do alvoroço em torno desse tema se deve ao fato de que um dos melhores personagens de toda a trilogia prequela o apresentou. Algo assim, para alguns quase uma heresia, ter saída da boca de um Jedi badass como Qui-Gon, desorientou um pouco os fãs mais ferrenhos.

Não estou sozinho em acreditar que a introdução científica não atrapalhou em nada na narrativa até mesmo por não ter sequer tocado na definição lírica e espiritual do que é “A Força”.

O lendário Ben Kenobi mencionou a Força nos primeiros 35 minutos de Uma Nova Esperança, introduzindo o conceito desde o início do filme.

Força é o que dá poder ao Jedi. É um campo de energia criado por todos os seres vivos, ela nos envolve e penetra. É o que mantém a galáxia unida.

É interessante que, em 1977, Lucas já estava falando sobre criaturas com mais capacidade natural de interagir com a Força. Talvez ele já estava pensando em uma criatura como Yoda. Talvez de algum jeito, essa ideia se tornou Anakin (uma “criatura nascida sem pai” — um resultado da “vontade da Força”).

E se fosse diferente?

A questão é: as midi-chlorians causam alguma alteração? Lucas nunca disse que pessoas normais não têm midi-chlorians (exceto quando ele estava brincado: “Han Solo não tem midi-chlorians. Ele é um zumbi.”). Ele afirmou o oposto.

Quando falou mais seriamente sobre elas, ele afirmou: “Midi-chlorians são como uma única entidade: significa que nenhuma pensa individualmente e tem vida própria; elas pensam como unidade porque há muitas delas e elas estão em todos os lugares. Estão em todas as células. E às vezes há mais de uma em uma célula. Às vezes tem muitas em uma célula. Mas pelo menos deve haver uma, senão a célula não pode se reproduzir.

Todas as células. Células Vegetais. Toda forma de vida tem uma midi-chlorian vivendo dentro dela.”

Desa forma, apesar dos testes de sangue mostrarem sua aptidão, aprender a Força é como Yoga, ou boxe. Assim, você pode ter nascido ágil, ou grande e forte, porém, como temos midi-chlorians em nós, todos podemos desenvolver a Força em pequenos ou grandes tamanhos.

Mas uma pergunta é válida: os fãs não gostam das midi-chlorians por serem um conceito apresentado na nova trilogia ou por que são realmente algo totalmente desnecessário? E se Obi-Wan tivesse as mencionado em Uma Nova Esperança, seria diferente?

Fontes para inspiração: Star Wars e Wookieepedia

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Artigo original:
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