Apesar de ser poderosa, a Via Láctea e outras galáxias de massa similar não deixam de ter cicatrizes que mostram a sua história turbulenta. Astrônomos da Universidade da Califórnia em Irvine e de outras universidades mostraram que aglomerados de supernovas podem causar o nascimento de sóis espalhados e com órbitas excêntricas nos halos estelares externos, revertendo as noções de como sistemas estelares se formaram e desenvolveram no decorrer de bilhões de anos.
Simulações computacionais hiper-realistas e cosmologicamente consistentes feitas pelo projeto Feedback in Realistic Environments 2 permitiram que os cientistas pudessem modelar as interrupções nas rotações outrora ordenadas da galáxia.
Essas simulações numéricas altamente precisas têm mostrado para os astrônomos que é provável que a Via Láctea esteja lançando estrelas no espaço circungaláctico em fluxos que são gerados por explosões de supernovas. Isso tudo é fascinante, pois quando múltiplas grandes estrelas morrem, a energia resultante pode expelir gás da galáxia, que esfria fazendo comeu novas estrelas nasçam.
A distribuição difusa das estrelas no halo estelar que se estende longe do disco clássico de uma galáxia é onde o registro arqueológico do sistema, existe. Os astrônomos assumiram a muito tempo que as galáxias são construídas no decorrer de longos períodos de tempo à medida que grupos menores aparecem e são desmembrados por corpos maiores, um processo que ejeta algumas estrelas em órbitas distantes. Os astrônomos envolvidos no estudo estão propondo um feedback de supernova como sendo uma fonte diferente para mais de 40% dessas estrelas do halo externo.
As simulações do FIRE-2 permitem que os astrônomos possam geram filmes onde é possível ver o que acontece com a galáxia. Elas mostram que à medida que o centro da galáxia está rodando, uma bolha gerada por um feedback de supernova está se desenvolvendo com estrelas formando na borda. Aparentemente as estrelas estão sendo expulsas do centro.
Os astrônomos não esperavam ver esse tipo de arranjo porque as estrelas são muito apertadas, bolas incrivelmente densas que geralmente não estão sujeitas a se se moverem contra o fundo do espaço. Mas o que eles testemunharam foi o gás sendo empurrado ao redor, e à medida que o gás esfria ele faz com que as estrelas se movam para fora.
Os pesquisadores disseram que embora suas conclusões tenham sido tiradas de simulações de galáxias em formação, crescendo e evoluindo até o dia de hoje, existem de fato uma grande quantidade de evidências observacionais de que as estrelas estejam mesmo se formando em fluxos que saem do centro das galáxias para os seus halos mais externos.
Em gráficos que comparam os dados obtidos pela missão Gaia da ESA, que fornece uma informação 3D da velocidade das estrelas na Via Láctea, com outros mapas que mostram a densidade estelar e a metalicidade, os astrônomos puderam ver estruturas similares àquelas produzidas pelos fluxos de estrelas em suas simulações.
As estrelas maduras, mais pesadas e ricas em metal como o nosso Sol giram ao redor do centro da galáxia numa velocidade e numa trajetória prevista. Mas as estrelas de baixa metalicidade, que estão sujeitas a menos gerações de fusão do que o nosso Sol, podem estar girando em direção oposta.
Durante a vida de uma galáxia, o número de estrelas produzidas nesses fluxos gerados por bolhas de supernovas é pequeno, cerca de 2%. Mas durante partes da história de uma galáxia, quando eventos de uma formação intensa de estrelas, que os astrônomos chamam de starbursts estavam presentes, cerca de 20% das estrelas se formaram dessa maneira.
Existem atualmente projetos que estão observando galáxias, consideradas galáxias de muita formação de estrelas, ou seja, as galáxias starburst. Algumas das estrelas nessas observações parecem terem sido formadas a partir de um fluxo vindo do centro, o que validaria as simulações feitas pelos astrônomos.
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spacetoday.com.br