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Há um ano, no dia 10 de abril de 2019, seria apresentada a foto inédita do buraco negro da galáxia M87.
Uma foto que revolucionou a astronomia.
Passado 1 ano e o EHT, o Telescópio do Horizonte de Eventos, apresenta algo inédito novamente, a primeira imagem de um jato de matéria emitido por um buraco negro supermassivo.
Durante a mesma campanha de observação do buraco negro da M87, o EHT também adquiriu outros dados, em abril de 2017.
Um desses dados veio do quasar conhecido como 3C 279, localizado a 5 bilhões de anos-luz de distância da Terra.
Um quasar é um tipo de galáxia de núcleo ativo, uma galáxia que tem no seu centro um buraco negro supermassivo, mas um buraco negro que está se alimentando de forma voraz.
À medida que o material vai caindo no buraco negro, parte desse material que não cai, fica no seu disco de acreção, é super acelerado e super aquecido.
E nesse processo começa a emitir o que chamamos de jatos relativísticos.
E foi isso, que o EHT registrou.
No centro do quasar 3C 279 existe um buraco negro com uma massa equivalente a 1 bilhão de vezes a massa do Sol.
O EHT empregou a mesma técnica de observação conhecida como Long Baseline Interferometry, ou VLBI.
Nessa técnica, rádio telescópios espalhados pelo mundo todo são integrados e por interferometria observam o mesmo objeto no mesmo momento.
Com os dados adquiridos, existe todo um processamento e modelagem desses dados, utilizando códigos computacionais extremamente complexos.
E ao final dessa análise é possível então interpretar os dados.
Para se ter uma ideia o poder da interferometria do EHT é de resolver objetos com menos de 20 micro arcos de segundo no céu, ou seja, o equivalente, a alguém na Terra, ver uma laranja na Lua.
Com isso, o EHT foi capaz de observar o jato sendo emitido pelo 3C 279, a primeira imagem de um jato relativístico na história.
O jato observado pelo EHT apresentou uma forma contorcida na sua base, revelando feições perpendiculares ao jato que podem ser interpretadas como sendo os polos do disco de acreção, onde o jato é criado.
As imagens feitas durante dias seguidos permitiu ver o movimento do jato, devido à rotação do disco de acreção, algo inédito até então.
Os pesquisadores puderam também calcular a velocidade com a qual o jato se move, e a velocidade foi de 99.5% da velocidade da luz na nossa direção.
Devido à essa alta velocidade, e ao fato de estar vindo na nossa direção, ocorre uma ilusão óptica que dá a impressão que o jato está se movendo 20 vezes mais rápido que a luz.
Em 2019 a foto do buraco negro, inédita, em 2020 a imagem do jato relativístico se movendo na nossa direção, inédito também, o que mais vem por aí com o EHT?
De acordo com os pesquisadores, novos rádio telescópios estão sendo incluídos no projeto e com isso eles poderão fazer o primeiro filme de um buraco negro na história.
O problema todo foi o coronavírus, o EHT que só pode observar nos meses de março e abril, está com suas atividades paralisadas, pois todos os observatórios envolvidos estão fechados, isso quer dizer que esse ano, não teremos observações.
Mas os pesquisadores afirmaram que tem muita coisa vindo por aí, com as observações feitas em 2017 ainda, observações feitas em 2018 já com novos observatórios, e aí é esperar as observações de 2021.
Vamos aguardar.
Fontes:
https://eventhorizontelescope.org/blog/something-is-lurking-in-the-heart-of-quasar-3c-279
https://www.aanda.org/articles/aa/pdf/forth/aa37493-20.pdf
#EHT #QUASAR #SPACETODAY
Artigo original:
spacetoday.com.br